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Richa deu entrevista coletiva na segunda-feira (5) para rebater outras acusações, na delação do dono da construtora Valor. | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
Richa deu entrevista coletiva na segunda-feira (5) para rebater outras acusações, na delação do dono da construtora Valor.| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

A divulgação de longa conversa entre o ex-diretor de Relações Institucionais da JBS e Joesley Batista, um dos donos da empresa, sacudiu o mundo político nesta semana. Em um dos trechos da gravação, entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) após descoberta da sua existência, Ricardo Saud, o ex-diretor, cita parceiros da empresa e lamenta ao interlocutor ter que “jogar esses amigos tudo no fogo”. Em seguida, cita os governadores do Paraná, Beto Richa (PSDB), e de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), qualificando-os como “coitadinhos” e dizendo que fez repasses em dinheiro a ambos.

“A questão é ter que jogar esses amigos tudo no fogo. Os governadores, coitadinhos... Beto Richa... Pegou tudo em dinheiro no [supermercado] Angeloni... Fui eu e aquele [inaudível] entregar pro [inaudível] Richa no Angeloni... [Raimundo] Colombo...”, diz Saud a Joesley durante a conversa, sem especificar em que momento teriam sido feitos os repasses.

Em delação premiada fechada em maio deste ano, Ricardo Saud relatou um pagamento de R$ 1 milhão em dinheiro vivo para Pepe Richa, irmão do governador e atual secretário de Estado de Infraestrutura e Logística. O ex-diretor qualificou o intermediário como “emissário de Richa”. A entrega do dinheiro teria ocorrido no carro do irmão do governador, na porta de um supermercado em Curitiba, e o valor destinado à campanha de 2014, quando Richa concorreu à reeleição.

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A menção ao suposto repasse ao governador do Paraná está no conjunto de políticos que teriam recebido recursos sem que houvesse uma contrapartida do poder público à empresa. Segundo o texto da delação, a JBS “esforçava-se por atender a pedidos de dinheiro de partidos e políticos” para “obter do conjunto da classe política boa vontade” com o grupo empresarial.

Outro lado

Procurado pela Gazeta do Povo, Beto Richa (PSDB) informou que a questão seria respondida pelo diretório do partido. Em nota, o PSDB informou que o governador “jamais fez captação de recursos para campanhas eleitorais” e que a campanha dele à reeleição em 2014 recebeu duas doações oficiais da JBS, uma de R$ 1 milhão e a outra de R$ 1 mil, ambas declaradas na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral.

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Em entrevista ao Diário Catarinense , Raimundo Colombo negou o repasse ilegal de dinheiro e reafirmou seu posicionamento de quando foi divulgada a delação da JBS. Segundo o governador, a empresa fez doações ao diretório nacional de seu partido, o PSD, que foram repassadas ao diretório estadual e destinados legalmente à sua campanha em 2014.

Confira a nota do PSDB-PR na íntegra

“Em razão de insinuações sem qualquer relação com a realidade e a verdade, o Diretório Estadual do PSDB no Paraná ratifica que o governador Beto Richa jamais fez captação de recursos para campanhas eleitorais. Para este fim, a cada eleição, é instituído um comitê financeiro, formado por dirigentes do partido. Assim se deu na campanha eleitoral de 2014.

Desta forma, o PSDB-PR reitera que recebeu duas doações oficiais do grupo JBS S/A, nos valores de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e R$ 1.000,00 (um mil reais), respectivamente. As referidas doações estão declaradas na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral e em conformidade com a legislação vigente à época das eleições de 2014.

O PSDB-PR lamenta que declarações infundadas, com nítido enfoque de articular uma grave armação contra as instituições nacionais, atinjam pessoas que nada tem a ver com os fatos pretendidos.

Na conversa mencionada há uma clara intenção dos envolvidos em escolher terceiros para transferir as suas responsabilidades. E, por fim, mostra uma grave contradição desta conversa com o depoimento já prestado pelo senhor Ricardo Saud à Procuradoria-Geral da República.”

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