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Felipe e Fernando Francischini, ambos do PSL, conquistaram cadeiras na Câmara e na Alep, respectivamente | /Gazeta do Povo
Felipe e Fernando Francischini, ambos do PSL, conquistaram cadeiras na Câmara e na Alep, respectivamente| Foto: /Gazeta do Povo

Sobrenomes tradicionais da política paranaense passaram por experiências diversas nas eleições de domingo (7). Alguns foram tirados completamente do páreo (casos dos Richas e Haulys), outros não emplacaram transferências para o filho ou o irmão na Assembleia Legislativa do Paraná (casos de Wandscheer e Verri), mas a maioria dos políticos conseguiu eleger os seus herdeiros, como Requião, Lupion, Barros, Canziani e Francischini.

Os tucanos Marcello Richa, 32, filho do ex-governador Beto Richa, e Luiz Hauly Filho, 28, filho de Hauly, deputado federal desde 1991, não obtiveram votações suficientes para assumir cadeiras na Alep. Os pais também sofreram derrotas acachapantes em 2018. Richa (pai) fez apenas 3,73% para o Senado (6° lugar) e Hauly foi lembrado por apenas 35.133 eleitores na Câmara Federal.

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Houve três casos de transferências completas de votos de pai e filho. O ex-vereador de Londrina Emerson Miguel Petriv, o Boca Aberta (PROS), foi eleito deputado federal e seu filho, Matheus Viniccius Ribeiro Petriv, 22, o Boca Aberta Júnior (PRTB), se elegeu deputado estadual. Os Francischini se elegeram com facilidade no bojo da onda Jair Bolsonaro (PSL): o pai fez 427.749 votos para a Assembleia Legislativa, maior votação da história do Paraná, e o filho ficou em segundo lugar na Câmara Federal, com 241.537 votos. E, por fim, Maria Victória (PP), 26, segue deputada estadual, enquanto o pai, Ricardo Barros (PP), continua como federal.

As demais transferências aconteceram pela metade. Alisson Wandscheer (PMB), 41, filho de Toninho Wandscheer (PROS), e Mário Verri (PT), 52, irmão de Ênio Verri (PT), não se elegeram para a Assembleia, mas os ascendentes mantiveram as cadeiras que já tinham na Câmara dos Deputados. Situação parecida de Requião Filho (MDB), 38, filho de Roberto Requião (MDB). O deputado estadual se reelegeu, mas o pai não.

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O fenômeno também pode ser encontrado em Ratinho Junior (PSD), governador eleito em primeiro turno. Ele é filho do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, que foi vereador em Jandaia do Sul e Curitiba, e deputado federal entre 1991 e 1995. Junior também acumula duas passagens pela Assembleia Legislativa e duas pela Câmara Federal.

Para o cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR e especialista em comunicação política, os partidos mais impactados foram mesmo os mais tradicionais, na mesma readequação de forças do cenário nacional, polarizado entre a extrema-direita e a esquerda. “Tem mais a ver com o desgaste da política tradicional”, destaca.

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Mário Sérgio Lepre, professor da PUCPR, cientista político e autor do livro “Caos Partidário Paranaense”, afirma que a herança funcionou para apenas alguns por conta da “onda conservadora”. “Ficou muito claro no Paraná e no Brasil. Os Francischini, por exemplo, estavam muito identificados com o fenômeno Jair Bolsonaro (PSL). Se tivesse mulher e mais dois filhos, o Delegado levaria todos. Mas são muitas variáveis. O Requião perdeu a disputa para o Senado e elegeu o filho, mas provavelmente ele teria sido eleito se disputasse a Câmara. O Alex Canziani também”.

Câmara dos Deputados

Em nível federal alguns herdeiros políticos se elegeram com tranquilidade: Felipe Francischini (PSL), 27, filho do deputado estadual eleito Delegado Francischini (PSL), foi o segundo mais votado com 241.537 votos. Pedro Lupion (DEM), 35, filho do secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná e ex-deputado federal Abelardo Lupion, fez 92.300; e Luiza Canziani (PTB), 22, filha de Alex Canziani (PTB), 90.249 votos.

Alguns herdeiros já não são tão novos na política e seguem com trajetórias consolidadas. Zeca Dirceu (PT), 40, filho do ex-ministro José Dirceu (PT); Ney Leprevost (PSD), 44, neto de um ex-deputado estadual; e Gustavo Fruet (PDT), 55, ex-prefeito de Curitiba e filho de outro ex-prefeito da capital, Maurício Fruet, também se elegeram.

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Assembleia

Em nível estadual os casos mais emblemáticos apontam para a continuidade de um celeiro político muito azeitado entre o andar de cima e os herdeiros: Requião Filho, quarto mais votado, fez 82.652 votos; Maria Victoria, 50.414; e Mabel Canto (PSC), 33, filha de Jocelito Canto, ex-deputado estadual e prefeito de Ponta Grossa, 35.036. Os dois primeiros vão permanecer pelo menos oito anos no legislativo estadual.

As cadeiras do plenário da Assembleia Legislativa do Paraná continuarão ocupadas por Artagão Junior (PSB), filho de Artagão de Mattos Leão, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR); Tiago Amaral (PSB), filho de Durval Amaral, atual presidente do TCE-PR; Alexandre Curi (PSB), neto de Aníbal Khury; Paulo Litro (PSDB), filho dos ex-deputados Rose Coletti e Luiz Fernandes; Anibelli Neto (MDB), filho e neto de ex-deputados estaduais; e Plauto Miró (DEM), neto do ex-senador Flávio Carvalho Guimarães e filho do ex-prefeito de Ponta Grossa Plauto Miró Guimarães. Cristina Silvestri (PPS), mulher de Cézar Silvestri, ex-vice-prefeito de Guarapuava, também foi eleita.

Bruno Pessuti (DEM), 34, vereador em Curitiba e filho do ex-governador Orlando Pessuti, não se elegeu.

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