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O empresário Joel Malucelli | Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo
O empresário Joel Malucelli| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo

O empresário Joel Malucelli (Podemos) pediu licença da condição de primeiro suplente de Alvaro Dias, pré-candidato à Presidência pelo partido Podemos. Segundo a assessoria, o pedido foi feito por meio de carta, enviada ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) nesta segunda-feira (2). A suplência é uma espécie de linha sucessória para o cargo de senador e especifica, já na eleição, quem assume o cargo em caso de renúncia do titular.

Na prática, a licença pedida pelo empresário não tem efeito legal. Não há nada no Regimento Interno do Senado prevendo licenças de suplentes de senadores, já que nem estão no exercício do mandato. Entenda a questão clicando aqui .

De acordo com nota enviada pelo Grupo J. Malucelli (leia abaixo na íntegra), o empresário alegou à presidência do Senado “desconforto com as tentativas injustas iniciadas ao longo da pré-campanha eleitoral para atingi-lo e, supostamente, prejudicar Alvaro Dias”.

Malucelli justificou ainda dizendo que “atualmente, dedica-se a novos negócios que exigem constante atenção e frequentes viagens, limitando a sua disponibilidade para outras tarefas”.

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Procurado pela Gazeta do Povo, Alvaro Dias, por meio de sua assessoria, reagiu à decisão de Malucelli chamando-a de “atitude de grandeza”.

A assessoria do empresário não deu acesso à íntegra da carta com o pedido de licença. O documento foi obtido com o Senado e pode ser lido aqui.

Citado em delação premiada

O pedido de licença de Joel Malucelli vem uma semana depois de o empresário virar notícia por ter sido citado na colaboração premiada do ex-superintendente de Fundos de Investimentos da Caixa Econômica Federal (CEF), Roberto Carlos Madoglio, delator no âmbito da Operação Greenfield.

Madoglio disse que entregou o número de sua conta bancária na Suíça pessoalmente a Malucelli. Nela, ele receberia aproximadamente R$ 500 mil em propina, oferecida por Alexandre Malucelli, filho de Joel e presidente do Grupo J. Malucelli desde 2013. O dinheiro estaria relacionado ao aporte de cerca de R$ 300 milhões feito em 2009 pelo Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), ligado à Caixa, em usinas elétricas da J.Malucelli Energia, braço do Grupo J.Malucelli.

O Grupo J. Malucelli qualificou a delação como “absurda” e afirmou que “não ofereceu qualquer vantagem indevida e que pauta suas operações pela ética e responsabilidade”.

A íntegra da nota sobre o pedido de licença

Joel Malucelli solicitou ​na segunda-feira​ o licenciamento da condição de primeiro suplente do senador Álvaro Dias. O empresário alega, no documento, desconforto com as tentativas injustas iniciadas ao longo da pré-campanha eleitoral para atingi-lo e, supostamente, prejudicar Álvaro Dias. Rumores que ignoram que foi o próprio senador o autor da PEC nº 10 de 2013, que propõe a extinção do foro privilegiado, e o fato do empresário não se encontrar em condição formal de investigado e/ou denunciado em qualquer procedimento criminal. Joel também esclarece ao presidente do Senado, Eunício de Oliveira, que, atualmente, dedica-se a novos negócios que exigem constante atenção e frequentes viagens, limitando a sua disponibilidade para outras tarefas.

Sem efeito legal

A atitude do empresário de pedir licença, no entanto, não tem qualquer efeito legal, pois não é prevista no Regimento Interno do Senado. O movimento parece mais ser um aceno ao mundo político, aquele onde Alvaro Dias é pré-candidato a presidente da República e tenta se manter longe de escândalos de corrupção.

O nome do Grupo J.Malucelli foi citado no âmbito de duas investigações criminais, na Operação Buona Fortuna e também na Operação Greenfield. Os investigadores apuram se houve pagamento de propina em negócios na área de energia, um dos braços de atuação do conglomerado curitibano. O grupo negou veementemente ter pago qualquer valor a título de propina.

Se Alvaro Dias optar por uma eventual licença para disputar a Presidência, ou se vencer as eleições, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, fará a convocação do primeiro suplente do paranaense. Somente aí caberia a Joel Malucelli informar à Casa se há ou não disposição em assumir a cadeira. Se não houver interesse, o presidente do Senado faz a convocação do segundo suplente, que é o presidente do PSB no Paraná, Severino Araújo.

Confira a carta de Joel Malucelli ao Senado

*Colaborou Catarina Scortecci, correspondente em Brasília

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