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Vereadora concedeu entrevista emocionada após o depoimento | Rodrigo Fonseca/Câmara Municipal de Curitiba
Vereadora concedeu entrevista emocionada após o depoimento| Foto: Rodrigo Fonseca/Câmara Municipal de Curitiba

A vereadora de Curitiba Katia Dittrich (SD) – conhecida como Katia dos Animais de Rua –negou novamente, na tarde desta quinta-feira (9), que tenha ficado com parte do salário de assessores contratados em cargo de comissão e que estavam lotados em seu gabinete. A parlamentar, que chorou ao falar com a imprensa, prestou depoimento à comissão processante, instaurada para apurar se houve quebra de decoro. O relator da comissão, vereador Osias Moraes (PRB), no entanto, considera que ainda há “muitas contradições” que precisam ser elucidadas.

Em seu depoimento, ela voltou a defender a tese de que foi vítima de um “complô”, que teria sido articulado pelos ex-servidores e pelo ex-vereador Zé Maria (SD), suplente de Katia e que assumiria a vaga caso ela fosse cassada. Zé Maria sempre negou envolvimento no caso.

“Eu nego [que tenha se apropriado de parte dos salários dos servidores]. Eles [os ex-assessores] foram mandados embora em janeiro, fevereiro, em março... e isso só aparece em julho? É um complô”, disse Katia. Instada a apresentar provas que ligassem Zé Maria a sua tese, a vereadora respondeu com outra pergunta: “Provas eu não tenho, mas quem teria a ganhar com a minha cassação?”.

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As denúncias foram apresentadas à Câmara pelos ex-assessores, quando eles já haviam sido exonerados ou haviam pedido exoneração dos respectivos cargos. Eles alegaram que não concordavam com a cobrança de parte dos salários. Entre as provas apresentadas constam dois comprovantes de depósitos feitos em contas bancárias da vereadora. Um destes diz respeito a um empréstimo de R$ 5 mil que uma servidora fez e que alegou ter repassado o dinheiro à vereadora.

Katia, por sua vez, justificou, dizendo que os servidores foram demitidos por “incompetência”. Em relação ao empréstimo de R$ 5 mil, ela alega que a própria assessora ofereceu o dinheiro e acrescentou que está pagando a dívida. Sobre o outro depósito – de R$ 1 mil – ela disse se tratar da devolução de um dinheiro que ela havia emprestado ao seu assessor.

Gravações e contribuições

Outra contradição diz respeito à denúncia de que os assessores lotados no gabinete de Katia seriam cobrados a fazer doações para a “causa animal”. Durante o depoimento, o presidente da comissão, vereador Cristiano Santos (PV), disponibilizou uma gravação de entrevista concedida pela defesa de Katia a uma rádio, em que o advogado alega que o dinheiro recebido pela parlamentar se referia a “pedido de doações”.

A vereadora também foi questionada sobre outra gravação obtida pela comissão, em que dois assessores conversam e mencionam que Katia teria dito que um dos servidores “não estava honrando o acerto”. Este assessor veio a ser demitido e é um dos denunciantes. Katia negou que houvesse “acerto” e disse que as doações se referiam a “trabalho físico” e voluntário em feiras de adoção que ela promove.

Contradições

O relator da comissão processante garantiu que o processo será concluído ainda neste ano. Ele tem 15 dias para analisar todos os depoimentos colhidos até agora e formular um aparecer, apontando pela absolvição, pela cassação ou por outra eventual punição à vereadora. Osias Moraes ressalta, contudo, que há muitas contradições no caso.

“Estamos fazendo análises e vamos fazer as comparações, testemunho por testemunho. Sabemos que houve muitas contradições. A gente percebeu que há muitas contradições e precisamos analisar isso mais profundamente”, disse.

Outra denúncia está relacionada à suposta ingerência do marido de Katia - Marcos Whiters - no gabinete da vereadora. Alguns depoimentos mencionam que ele teria plena autoridade na repartição e que teria participado de reuniões, pressionando os assessores. “Ele não dá ordens nem no gabinete nem em casa. A minha palavra é sempre a última”, resumiu a parlamentar.

Uma “pessoa boa”

Ao longo de seu depoimento, Katia dos Animais de Rua argumentou em cinco vezes distintas ser uma “pessoa boa”. Na saída da sala em que ocorreu a reunião, ela voltou a mencionar esta qualidade, lembrando que milita na “causa animal” há 11 anos, período no qual já retirou 1,2 mil animais das ruas. Por outro lado, a vereadora atribuiu as denúncias “à maldade no coração das pessoas”.

“A minha inocência vai ser comprovada, porque eu sou inocente. Eu repito isso e vou repetir até o final. Não tem embasamento. É muita contradição. A gente nunca espera que as pessoas que foram mandadas embora tomem essa posição contra a gente”, disse. “Eu sou e vou continuar sendo a boa pessoa que sempre fui”, ressaltou.

No ponto mais emocionado da entrevista, a vereadora disse que está passando por dificuldades financeiras, porque continua a acolher dezenas de animais de rua e que, em razão das denúncias, deixou de receber doações. Além disso, ela desabafou que o episódio tem provocado reação das pessoas em locais públicos que ela frequenta.

“Já fui agredida no supermercado, no jogo de futebol. Eu fui condenada? Eu já fui condenada? Por que as pessoas estão fazendo isso comigo”, disse, quase chorando.

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