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Em coletiva na semana passada, Richa se defendeu de acusações do dono da Valor. | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
Em coletiva na semana passada, Richa se defendeu de acusações do dono da Valor.| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou, na última sexta-feira (8), o termo de colaboração premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora. A informação foi divulgada pelo telejornal Paraná TV, da RPC. A empreiteira está envolvida em um esquema de desvios de recursos públicos de obras de construções e reformas em escolas estaduais do Paraná, investigado pela Operação Quadro Negro. Segundo o delator, o dinheiro abasteceu a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB).

Com a decisão, o conteúdo da delação agora poderá ser usado na investigação a cargo da Procuradoria-Geral da República (PGR). No acordo, o empreiteiro se compromete a apresentar provas do que disse e entregar bens, para, em troca, não ser preso e permanecer com tornozeleira eletrônica por dois anos.

A delação de Eduardo Lopes de Souza veio à tona no início deste mês. O empresário detalhou que o ex-diretor da Superintendência de Educação (Sude) Maurício Fanini era um dos operadores do esquema e teria dito que esperava arrecadar R$ 32 milhões com os desvios, para financiar via caixa dois a campanha de Richa, em 2014.

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Segundo o delator, o “o grosso dos valores” foi desviado diretamente por meio de repasses feitos em dinheiro a Fanini, em 2014. O dinheiro foi repassado pessoalmente por Lopes de Souza, que usou mochilas e caixas de vinho para transportar os maços de cédulas. O construtor relatou que chegou a perguntar ao ex-diretor da Sude se os valores estavam mesmo indo para a campanha de Richa. Fanini teria respondido que sim.

Além de Richa, a delação também atingiu outros integrantes da cúpula política do Paraná. Lopes de Souza descreveu pagamento de propina ao atual presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB). Em um dos pagamentos, ao ver a mala com dinheiro, Traiano teria perguntado ao empresário se “não pode me dar mais?”.

Lopes de Souza também relatou pagamento de R$ 460 mil ao secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB). Segundo o delator, quando o político o via, esfregava as mãos e perguntava: “Tem coisa boa pra mim hoje?”. As denúncias envolvem também outros parlamentares, como o deputado Plauto Miró (DEM), primeiro-secretário da Assembleia.

Outro lado

Com a exceção de Fanini, que não se manifestou quando o conteúdo da delação veio à tona, todos os mencionados negaram envolvimento com as irregularidades. Em uma entrevista coletiva, o governador chamou Lopes de Souza de “criminoso contumaz” e afirmou que vai mover um processo judicial contra o delator. “Nunca estive com ele, nunca pedi nada para ele, nunca autorizei ninguém que pedisse alguma coisa para ele”, afirmou o governador, na ocasião.

Rossoni se defendeu, dizendo que não deve prevalecer a “palavra de um bandido” e acrescentou que renuncia ao cargo público que ocupa se houver alguma prova contra ele. Ele também atacou a imprensa. Traiano repudiou “veementemente as acusações infundadas e sem provas apresentadas pela reportagem” e disse que não tem “conhecimento sobre a delação”. Plauto Miró negou qualquer envolvimento com os fatos citados na delação e disse aguardar com serenidade a apuração do caso.

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