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Esquema também consistia na fraude de medições do andamento das obras. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Esquema também consistia na fraude de medições do andamento das obras.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Mais um empresário fechou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e detalhou o pagamento de propinas ao ex-diretor da Superintendência de Educação (Sude) Maurício Fanini. A construtora envolvida é a M.I., de Salto do Lontra, no Sudoeste do estado, que venceu licitação para a construção de duas escolas em Guarapuava. O esquema delatado segue o padrão revelado na Operação Quadro Negro. As informações foram divulgadas pela RPCTV, que teve acesso ao conteúdo da delação.

A M.I. era responsável pela construção dos colégios estaduais Professora Marlene Jacob e Pedro Carli. Na delação, o dono da construtora, Iolmar Ravanelli, relatou que engenheiros da Secretaria de Estado da Educação (Seed) fraudavam relatórios que apontavam o andamento das obras. Desa forma, a empreiteira recebia por serviços que não haviam sido prestados.

O construtor disse que o esquema começou perto da eleição de 2014, quando “foi feito um pedido” segundo o qual “a empresa tinha que colaborar com uma quantia de R$ 100 mil”. Perguntado pelo promotor, Ravanelli disse que o pedido foi feito pessoalmente por Maurício Fanini, no gabinete que o então diretor ocupava na Sude. Fanini está preso em decorrência da Operação Quadro Negro.

O empresário disse que os pagamentos começaram a ser feitos de forma adiantada – a partir das medições fraudadas – depois que ele concordou em pagar os R$ 100 mil a Fanini. O dinheiro teria sido entregue nas mãos do ex-diretor da Sude, em um envelope que ele guardou no armário.

“Na verdade, eu não tinha o serviço executado. Seria entregar a medição sem estar executado a totalidade dos serviços pra que eu recebesse um dinheiro e pra que ajudasse ele no pedido dele”, disse o delator.

Para a campanha

Questionado pelo MP-PR, Ravanelli disse o dinheiro desviado da construção das escolas era uma “contribuição pra campanha”, via caixa dois, mas não mencionou nenhum agente político beneficiado. “Não era oficial. Também não sei para quem era. Simplesmente, ele me falou que era uma contribuição pra campanha, que ele tinha uma meta, uma cota lá pra atender”, relatou.

Na Operação Quadro Negro, o outro delator, o empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora, também apontou que o dinheiro desviado das obras de escolas estaduais abastecia campanhas políticas no estado. O construtor, no entanto, apontou que os recursos iriam para a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Lopes de Souza menciona ainda outros políticos, como Valdir Rossoni (hoje secretário-chefe da Casa Civil); o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSDB); e o também deputado estadual Plauto Miró (DEM).

A Gazeta do Povo já havia mostrado que, além da Valor, outras cinco construtoras eram acusadas de irregularidades semelhante às apuradas na Operação Quadro Negro. Todas as obras vinculadas a essas empresas estão paralisadas por determinação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR).

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