Há 20 anos a assinatura dos contratos de concessão de rodovias selou o destino do Paraná. Parece exagero, mas não é. O modelo de pedágio influenciou rumos econômicos e pautou disputas políticas. As decisões tomadas em 1997, durante a licitação, continuam impactando nos dias atuais.
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Sem experiência no assunto, o estado optou por um sistema bem diferente dos adotados, à época, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Os preços ficaram salgados, motoristas chiaram e, numa canetada, as tarifas foram reduzidas pela metade por quase dois anos. Para tentar ajustar as contas, dois aditivos de contratos tiraram da lista de obrigações das concessionárias uma quantidade enorme de obra.
O Paraná poderia ter 800 quilômetros a mais de rodovias duplicadas se o contrato original do Anel de Integração tivesse sido cumprido à risca. Algumas duplicações foram eliminadas e outras postergadas. Tanto que nos últimos quatro anos de contrato as empresas que administram rodovias no Paraná devem fazer 110 quilômetros de duplicações, sem contar contornos e terceiras faixas.
Outras obras estão em andamento e não entram no levantamento das pendências restantes, feito pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) em novembro de 2017, a pedido da Gazeta do Povo.
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Um exemplo é a Rodovia do Café, na ligação entre Ponta Grossa e Apucarana. O trecho da BR-376 era para estar duplicado há muitos anos, mas parte da quilometragem foi suprimida e restante foi protelado para o fim do contrato. O trecho está em obras e deve seguir assim até 2021. Contudo, nem mesmo daqui a quatro anos, a ligação toda estará duplicada. O percurso em pista dupla estará concentrada nas áreas urbanas e nos pontos de serra.
Comparativo
Em quilômetros, São Paulo tem praticamente a mesma quantidade de rodovias duplicadas e de rodovias pedagiadas. Não é coincidência. Foram concedidos à iniciativa privada trechos que já estavam duplicados ou que obrigatoriamente precisavam receber esse tipo de obra.
Já no Paraná a disparidade entre a quantidade de pistas duplas e de rodovias concedidas é bem grande: 2,8 mil quilômetros são administrados por empresas e menos de mil quilômetros são duplicados. “São Paulo sempre teve essa pujança de fazer projetos grandiosos. Muitos foram feitos pelo governo estadual de lá”, comenta João Chiminazzo Neto, diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
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Cenário bem diferente teve o Paraná, sem a destinação de grandes volumes de recursos federais ou estaduais para a realização de grandes duplicações por um longo período. Chiminazzo avalia que os 20 anos de concessões de rodovias deveriam ser comemorados, porque se “não fosse o Anel de Integração o Paraná não teria alcançado os indicadores econômicos que conquistou”. Para ele, não há uma “necessidade imperiosa” de muitas duplicações, sendo que mais terceiras faixas poderiam tornar o trajeto mais adequado em vários pontos.
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