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Fábrica da Ambev em Ponta Grossa é uma das iniciativas que teve apoio do programa | Ricardo Almeida/ANPR/Arquivo
Fábrica da Ambev em Ponta Grossa é uma das iniciativas que teve apoio do programa| Foto: Ricardo Almeida/ANPR/Arquivo

Dentro da agenda positiva adotada pelo governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), sobram menções positivas ao programa Paraná Competitivo, criado em 2011 para atrair investimentos. A mais recente é o prêmio concedido em março pelo jornal Financial Times à Agência Paranaense de Desenvolvimento (APD), que cuida dos projetos de incentivo. Desde 2015, o governo divulga balanços sobre o número de empregos gerados, que seriam em torno de 100 mil. Mas, em meio à crise nacional, o Paraná Competitivo realmente contribuiu para a geração de vagas?

A participação do Paraná no total de empregos formais do Brasil apresentou leve alta nos últimos anos. Os dados disponíveis, a partir de 2003, mostram um pico de 6,47% em 2004, que só foi superado em 2015 (6,48%) e novamente em 2016 (6,53%). Entretanto, o programa por si só não produziu milagres na geração de empregos, avalia o especialista em desenvolvimento regional Jandir de Lima, professor e pesquisador da Unioeste.

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“É preciso ver o que aconteceu no resto do Brasil. Ultrapassamos o Rio Grande do Sul, que passou por uma crise grave, por vários motivos. A indústria estaleira foi afetada pela crise na Petrobras, e a estiagem prejudicou a agricultura, além dos problemas fiscais do estado gaúcho”, explica. Por outro lado, o Paraná teve valorização das commodities, com aumento na exportação do frango, por exemplo, e não passou por crises climáticas.

Atualmente, o mercado de trabalho no Paraná está mais favorável do que no resto do Brasil, mas os dados mostram que o Paraná Competitivo não foi determinante. A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e os Campos Gerais receberam cerca de 90% dos investimentos do programa, em dados do fim de 2015. Nos Campos Gerais, o setor industrial conseguiu ampliar o número de vagas entre 2011 e 2016 (variação de 11,2%), mas a RMC teve o pior desempenho do estado, com queda de 15,5% no número de vagas.

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Lima destaca que grande parte da economia paranaense está calcada no agronegócio, mas que é preciso diversificar as atividades. “O Paraná precisa entrar na economia do conhecimento, mas no Paraná Competitivo não há uma linha específica para isso. O programa é bom, mas falta planejamento de longo prazo”, afirma.

Programa precisa de ajustes para ampliar alcance

Para intensificar o alcance do programa, Lima, doutor em desenvolvimento regional, aponta três caminhos. “Primeiro precisamos de condições estruturais para desenvolvimento do estado. A cooperativa Frimesa, por exemplo, teve que rever os planos de uma indústria na região de Toledo porque na área não havia energia elétrica disponível”, conta.

Outro ponto é ampliar as vantagens para micro e pequenas empresas. “Quem mais cria empregos no Brasil são os pequenos negócios, eles precisam de incentivos específicos”. Em terceiro lugar, Lima defende a necessidade de um programa de desenvolvimento regional, que não concentre investimentos em duas regiões do estado. “O Paraná Competitivo é um programa muito bom de atração, mas não basta trazer investimento, precisamos de mais”, acrescenta.

Histórico

Segundo o governo estadual, o Paraná Competitivo atraiu R$ 42 bilhões em investimentos industriais, sendo R$ 24 bilhões de empresas privadas e R$ 18 bilhões de estatais. O número de empregos diretos gerados seria de 100 mil, mas reportagem da Gazeta do Povo já mostrou inconsistência nos dados, como repetição das empresas beneficiadas e números que consideravam empregos já existentes, não apenas as novas vagas.

Em março de 2017, o governo ampliou os setores beneficiados, incluindo e-commerce, comércio atacadista e varejista. Também permite a utilização de créditos de ICMS para investimentos.

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