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Deonilson Roldo, secretário de Comunicação e chefe de Gabinete do governador Beto Richa (PSDB) | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Deonilson Roldo, secretário de Comunicação e chefe de Gabinete do governador Beto Richa (PSDB)| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Deonilson Roldo, secretário de Comunicação e chefe de Gabinete do governador Beto Richa (PSDB), prestou depoimento nesta quinta-feira (1º) na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Ao falar com a imprensa, afirmou que respondeu às perguntas dos policiais na condição de testemunha de acusação, e não de investigado no âmbito do inquérito da Operação Quadro Negro que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo ele, os acusados de cometer crimes e desviar dinheiro da construção e reforma de escolas no Paraná teriam citado os nomes de pessoas próximas ao governador como uma espécie de “vingança” e “retaliação”, e também como forma de tentar reduzir eventuais penas judiciais. Roldo afirmou ainda que tanto o governador, quanto ele e o “povo do Paraná” se consideram vítimas das ações criminosas cometidas pelos envolvidos na Quadro Negro. O secretário ainda reafirmou o discurso da administração estadual desde o início da operação: de que foi o próprio governo que iniciou as investigações do esquema, que pela estimativa do Ministério Público teria desviado R$ 20 milhões em recursos destinados à construção e reforma de escolas.

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Deonilson Roldo negou ainda que tenha tido papel de arrecadador de recursos em campanhas do governador Beto Richa, afirmando que sempre foi responsável apenas pela área de comunicação. Em sua delação premiada, o empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora – onde a apuração da Quadro Negro começou – afirmou que o atual secretário de Comunicação era um dos principais arrecadadores de recursos de caixa 2 para a campanhas de reeleição do tucano ao governo do estado, em 2014. Roldo, porém, disse que sequer conhece o empresário e que essa acusação é mentirosa.

Questionado se o fato de depor no âmbito das Quadro Negro constrange a ele próprio ou ao governador, o secretário rebateu essa hipótese. Afirmou que, ao contrário, essa é uma maneira de os fatos serem devidamente esclarecidos. “O governador está absolutamente tranquilo. Não há qualquer constrangimento nem nada a temer. Temos a tranquilidade dos justos e a indignação dos inocentes.”

Outros assessores e secretários próximos ao governador prestaram depoimento à PF nesta quinta. Pela manhã, foram ouvidos o secretário Especial de Cerimonial e Relações Internacionais, Ezequias Moreira e assessores de Valdir Rossoni (PSDB), secretário-chefe da Casa Civil do governo Richa. Agora à tarde, além de Roldo, também responderam às perguntas dos policiais o secretário da Saúde, Michele Caputo Neto, e o assessor da governadoria Ricardo Rached. Estes dois, no entanto, não quiseram conversar com a reportagem da Gazeta do Povo. Na sexta-feira (2), devem depor Fabio Dallazem, que ocupa cargos em conselhos de empresas controladas pela Copel, e o ex-secretário Luiz Eduardo Sebastiani.

Richa diz estar tranquilo

Em entrevista ao Paraná TV 2ª Edição, da RPC, de quarta-feira (31), o governador Beto Richa disse estar tranquilo, pois seu governo iniciou as investigações. Ele afirmou ainda que vai manter nos cargos os assessores e secretários convocador a depôr para a PF, dizendo que a acusação é “completamente descabida” e vem de “daqueles que estão desesperados e querem terceirizar seus problemas com a Justiça“.

A Quadro Negro

Deflagrada em 2015, a Operação Quadro Negro apura um esquema de desvio de dinheiro público de obras de reforma e construção de escolas estaduais do Paraná. As investigações do Ministério Público (MP-PR) estimam que o núcleo de corrupção tenha causado um prejuízo superior a R$ 20 milhões aos cofres públicos. O rombo seria ainda maior: segundo a delação de Eduardo Lopes de Souza, o objetivo seria arrecadar R$ 32 milhões à campanha de reeleição do governador Beto Richa. O delator também relata pagamento de propina a outros agentes políticos, como o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), o secretário Valdir Rossoni (PSDB) e o deputado estadual Plauto Miró (DEM). Todos negam as irregularidades.

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