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Pista da BR-277 bloqueada no sentido Ponta Grossa na quarta-feira (23) devido à greve dos caminhoneiros. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Pista da BR-277 bloqueada no sentido Ponta Grossa na quarta-feira (23) devido à greve dos caminhoneiros.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

No quinto dia de paralisação, a greve dos caminhoneiros afeta diretamente a rotina dos moradores de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. Além de estoques zerados em todos os postos de combustíveis desde a quarta-feira (23), a população sente falta de alguns produtos nas gôndolas de supermercados – em alguns estabelecimentos a compra de determinadas mercadorias está limitada a 5 unidades por cliente. Além disso, serviços de transporte e saúde foram reduzidos e até suspensos.

O presidente da associação dos Operadores dos Postos de Combustíveis de Ponta Grossa e Região, Hélio Sacchi, conta que todos os postos da cidade estão com estoques zerados – a exceção era um dos estabelecimentos da rede gerenciada pelo próprio Sacchi, que destinou o estoque exclusivamente para veículos de segurança e de emergência.

Por conta da falta de combustíveis, indústrias locais dispensaram parte dos funcionários já na quinta-feira (24), como é o caso de uma vinagreira localizada no Distrito Industrial. Parte dos mais de 40 funcionários foi avisada de que não precisaria comparecer à empresa enquanto a greve não fosse encerrada. Já para esta sexta-feira (25), todos os trabalhadores da vinagreira foram dispensados, com exceção da equipe de segurança.

O comércio local também sente os efeitos da paralisação. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ponta Grossa (Sindilojas-PG), José Carlos Loureiro, afirma que o movimento caiu cerca de 50% por conta da greve. “Alguns comerciantes já dispensaram funcionários e sentiram baixas consideráveis no estoque, principalmente de alimentos e bebidas”, afirma. De acordo com o presidente, alguns restaurantes diminuíram a quantidade de comida fornecida por conta da falta de fornecedores.

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Supermercados

Nos supermercados, os consumidores já notaram a diminuição de alguns produtos nas gôndolas, de acordo com José Loureiro. Em alguns estabelecimentos de maior movimentação, a direção colocou anúncios alertando que a compra de determinadas mercadorias está limitada a 5 unidades por cliente.

Itens básicos, como leite e carne, são os mais afetados – em uma rede com unidade somente Ponta Grossa não havia nenhum item no açougue já na noite de quinta (24), de acordo com o presidente do Sindilojas-PG. A assessoria de imprensa de outra rede, com unidades em todo o Paraná, afirmou que a situação no hortifruti ainda não era crítica por volta das 15h da quinta-feira, já que o fornecimento é realizado por produtores locais.

Serviços públicos

Para economizar combustível, a prefeitura de Ponta Grossa decidiu suspender temporariamente alguns serviços, como parte da frota da Secretaria de Cidadania e Segurança Pública e os trabalhos de pavimentação e manutenção, realizados respectivamente pela Companhia Pontagrossense de Serviços (CPS) e pela Secretaria de Serviços Públicos. O objetivo, de acordo com a assessoria de imprensa, é reservar combustível para veículos de caráter emergencial, como viaturas do Samu, da Defesa Civil e da Guarda Municipal.

Transporte coletivo

Responsável pelo transporte coletivo municipal, a Viação Campos Gerais (VCG) não descarta a possibilidade de sofrer ‘pane seca’ em parte dos veículos ainda durante a manhã desta sexta-feira (25), por conta do baixo estoque de diesel. O serviço já funciona desde a quarta-feira com apenas 50% dos veículos em circulação. Se a situação persistir até o final da tarde, 100% da frota ficará sem combustível.

A assessoria de imprensa disse que negociou, sem sucesso, com o movimento grevista para que um caminhão com 10 mil litros de diesel furasse o bloqueio na rodovia BR-376, entre Curitiba e Ponta Grossa, para abastecer o estoque da empresa, além de buscar combustível em postos no perímetro urbano. A VCG ainda ressaltou que considera o movimento justo.

A partir deste sábado (26), o serviço está suspenso.

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Saúde

A Secretaria de Saúde também suspendeu temporariamente alguns serviços. Os procedimentos eletivos agendados no Hospital Municipal Amadeu Puppi foram cancelados, tanto no Pronto Atendimento quanto no Centro Cirúrgico. As medidas visam a contenção de insumos, principalmente oxigênio. Além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) também não farão coleta de exames a partir desta sexta.

No Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, a preocupação também é em relação aos insumos. De acordo com a direção, caso a paralisação continue, o hospital deve sentir a falta de materiais hospitalares de rotina.

Na Santa Casa de Misericórdia, a provedoria do hospital informou, por meio de nota, que os impactos da greve devem ser sentidos somente na próxima semana, caso ela se mantenha.

Serviços sociais

Parte dos serviços de Assistência Social também foi suspensa. O Restaurante Popular, que serve diariamente cerca de 1,3 mil refeições a um preço de R$ 3, está com as atividades interrompidas a partir desta sexta (25). Já o Programa Feira Verde, que troca materiais recicláveis por alimentos, também ficará prejudicado. Apenas uma, das três equipes, fará o atendimento – e com o estoque reduzido.

Educação

Já a Secretaria de Educação informa que todas as escolas municipais têm funcionamento normal nesta sexta-feira, e que casos particulares serão analisados separadamente. Apesar do racionamento de combustível, somente duas linhas do transporte escolar foram paralisadas: a da Escola Zair Santos Nascimento e a Rota da Acessibilidade, que engloba o transporte para pessoas com deficiência.

Nos colégios estaduais, a orientação do Núcleo Regional de Educação é de que cada direção de escola tome a decisão de acordo com a necessidade dos pais.

Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), as atividades estão suspensas desde a noite de quarta. Já a direção do campus de Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) não comunicou nenhuma suspensão das aulas.

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