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| Foto: Jaelson Lucas/AEN-PR

O Secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná, Ratinho Junior (PSD), foi ouvido na tarde deste quinta-feira (24) na 3.ª Vara Federal de Foz do Iguaçu. Como testemunha arrolada pela defesa do ex-prefeito Reni Pereira (PSB), Ratinho narrou de Curitiba, por meio de vídeoconferência, sua versão sobre tratativas mantidas com o ex-prefeito durante o período em que exerceu atribuições enquanto deputado federal, na legislatura 2011-2015. Ele nega qualquer envolvimento nas supostas irregularidades apontadas na instalação de câmeras de monitoramento na cidade da fronteira.

Reni Pereira é réu em duas ações criminais oriundas das investigações tocadas no âmbito da “Operação Pecúlio”. Em ambos os processos, as fases de instrução estão concentradas nas oitivas das pessoas convocadas pelos advogados do político em busca de se refutar as mais de 500 condutas criminosas imputadas a ele pelo Ministério Público Federal (MPF).

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Em uma das ações, o ex-secretário de Tecnologia da Informação de Foz do Iguaçu Melquizedeque Souza afirma que Ratinho Junior teria, no ano de 2013, articulado cerca de R$ 4 milhões para compra e implantação de câmeras de videomonitoramento para Foz do Iguaçu, por meio de uma emenda parlamentar ao orçamento do governo federal. A condição, segundo Melquizedeque, seria o pagamento de 10% em cima desse recurso a ser repassado ao então deputado federal sob a forma de pagamento de propina. O delator afirma que o negócio seria viabilizado por meio de uma empresa a ser indicada por Ratinho Junior diretamente ao ex-prefeito Reni Pereira.

A acusação de Melquizedeque consta em seu termo de colaboração premiada homologado pela Justiça Federal. No documento, o delator dá detalhes da suposta transação. “A empresa V.N.S. deveria realizar o projeto, e, consequentemente, vencer a licitação, com o intuito de viabilizar o retorno financeiro em cima de tal projeto, na ordem de 10%, ou seja, aproximadamente R$ 400 mil, valor este que seria destinado ao deputado Ratinho Junior”, acusa Melquizedeque em seu acordo.

Outro lado

Ao ser questionado pelo advogado Vitor Augusto Sprada, defensor de Reni Pereira, sobre o conteúdo da delação de Melquizedeque, Ratinho Junior rechaçou qualquer participação dessa natureza e declarou que a afirmação do réu delator é “absolutamente falsa”.

“Até mesmo porque eu não conheço este cidadão. Não participo de licitação nenhuma. Este procedimento é realizado diretamente pelo Ministério da Justiça e pela prefeitura. Não conheço nenhum representante da empresa V.N.S. Ao longo de meu histórico parlamentar, ao longo de oito anos, nunca houve nenhum problema relacionado às emendas formalizadas por meu mandato”, afirmou.

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Em seguida, Ratinho Junior reforçou sua posição ao destacar que, em sua trajetória política, nunca figurou como alvo de operações policiais ou de órgãos de controle. “Enquanto secretário de Estado que estou, nós liberamos mais de R$ 1 bilhão para os municípios do Paraná, em 3.200 operações, e nenhuma investigação foi instaurada por nenhum órgão de fiscalização, seja Ministério Público, polícia ou qualquer outro. É absolutamente falso o teor da afirmação deste cidadão”, reforçou.

À RPCTV, o secretário de Estado declarou que a licitação em questão foi cancelada pela própria prefeitura de Foz do Iguaçu e, portanto, o dinheiro sequer chegou a ser liberado pelo Ministério da Justiça.

Já o advogado de Melquizedeque, Maurício Defassi, afirma que seu cliente não faltou com a verdade no termo de colaboração e que caberá ao MPF investigar o caso. Embora citado em delação, Ratinho Junior não figura até o momento como alvo da “Operação Pecúlio”.

Situação diferente da deputada estadual Claudia Pereira (PSC). Esposa de Reni Pereira, a parlamentar foi citada em diversos termos de delação como beneficiária do esquema de corrupção, em tese, instalado na gestão de seu marido durante o período em que ocupou a chefia do Executivo Municipal de Foz do Iguaçu. A parlamentar é alvo de um inquérito policial que tramita perante o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, com sede em Porto Alegre.

A ex-primeira dama de Foz também foi arrolada pela defesa de Reni para contestar em juízo o teor das delações que acusam ela e o marido de desviarem recursos públicos. A oitiva de Claudia Pereira está marcada para o dia 11 de setembro. Ela nega todas as suspeitas.

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