Testemunhas começaram a ser ouvidas nesta quinta-feira (10) pela Procuradoria Geral da República (PGR) no inquérito que investiga o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), por possíveis irregularidades em um decreto que permitiu a liberação de uma licença ambiental em área de proteção na região do Porto de Paranaguá. Nesta sexta-feira (11), pela manhã, ele se pronunciou sobre o assunto, criticando o vazamento de informações e disse que a denúncia não passa de uma “ilação insana”. Afirmou ainda que lutará na Justiça pela honra da família e do nome do seu pai, José Richa.
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No final de março, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou que a PGR apurasse a suposta participação de Richa no caso. Segundo as investigações, em 2014 o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) concedeu licença prévia à Green Logística para desmatar uma área da mata atlântica, próxima ao Porto de Paranaguá, que serviria a um projeto de construção de estacionamento de caminhões. O terreno, inclusive, foi comprado pela empresa um mês depois. A licença, porém, foi suspensa, a pedido do Ministério Público do Paraná (MP-PR), devido ao não cumprimento de exigências para o início da obra.
O relatório de vistoria das obras que flexibilizou restrições técnicas ambientais, segundo o MP-PR, foi assinado por Venilton Pacheco Mucillo, funcionário do IAP. Ele, que foi uma das testemunhas ouvidas nesta quinta, já havia prestado depoimento em julho de 2014, quando citou uma conversa com o presidente do instituto, Tarcísio Mossato. No encontro, Mucillo teria sido informado de que a licença do estacionamento era de interesse do governador e da primeira-dama, Fernanda Richa.
Mucillo ainda contou em depoimento que o chefe do IAP teria recebido R$ 100 mil para facilitar a emissão da licença. Segundo ele, o dinheiro foi oferecido por um homem que tinha o apelido de Grego e que, mais tarde, se identificou como o empresário Jorge Atherino, dono da Green Logística. Para ele, Grego atuava como “testa de ferro para facilitar os negócios da família do governador”.
O inquérito em andamento aponta que a Green Logística apresentaria uma estreita relação com outras empresas que têm a primeira-dama e os filhos do governador como sócios. Para os investigadores, há indícios de simulação para ocultar os verdadeiros sócios das empresas. Uma dessas empresas que têm negócios com a Green é a BFMAR. Para o Ministério Público, as iniciais da empresa fazem referência à família do governador. F seria Fernanda, M de Marcelo, A de André e R de Rodrigo − filhos do governador. Os promotores dizem ainda que não há como não se cogitar que o B significaria Beto.
Defesa
Segundo informações da defesa de Richa, “ela (Green Logística) foi contratada pela empresa da família da esposa do governador e dele para prestar um serviço de implantação de um condomínio, em um terreno de propriedade da família do governador”.
Nesta sexta, em entrevista divulgada pela RPCTV, o próprio Richa disse que os negócios foram feitos há dez anos na Região Metropolitana de Curitiba, não existindo, portanto, qualquer vínculo atual. “Tinha, sim, um vínculo de uma sociedade específica para um empreendimento cerca de dez anos atrás. Aí fizeram essa ligação, uma ilação completamente maluca, insana, tentando me associar a essa situação”, defendeu-se.
O tucano aproveitou também para criticar o vazamento de informações que deveriam estar em segredo de Justiça. “Isso mostra como funciona a Justiça do nosso país. É um objetivo claro de me desgastar politicamente. Vou lutar na Justiça pela honra do nome da minha família.”
Já o presidente do IAP disse que o projeto de ampliação para o Porto de Paranaguá é de 1970, pois sempre foi uma necessidade da área de logística do local. Ele foi um dos ouvidos nesta quinta, além de Mucilo e Atherino.
O caso já é investigado em primeira instância, em Paranaguá, onde cinco pessoas respondem ao processo.
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