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| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

O número total de servidores públicos do país, nas três esferas de governo, sem contar trabalhadores de empresas estatais, cresceu 83% em cerca de duas décadas, passando de 6,264 milhões, em 1995, para 11,492 milhões, em 2016, conforme o Atlas do Estado Brasileiro , plataforma na internet lançada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Paraná ocupa a quarta colocação entre os estados, com 619.317 trabalhadores, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Valor que representa pouco mais de 5% do total. A variação paranaense entre 1995 e 2016 foi de cerca de 62% contando mão de obra municipal, estadual e federal.

O funcionalismo municipal foi destaque nesse crescimento, que se deu em ritmo semelhante ao avanço no número total de empregados formais no setor privado, de 27,1 milhões para 55,12 milhões, no mesmo período, conforme dados do Ministério do Trabalho (MTE).

“A expansão do total de vínculos no setor público nacional, em número absolutos e proporcionais, se concentrou nos municípios. Este crescimento da ocupação no setor público municipal decorre da contínua municipalização do serviço público brasileiro, vis-à-vis os Estados e a União, e que ganhou força já na década de 1970”, diz o primeiro relatório de análise com base nos dados do Atlas.

Segundo os dados compilados pelo Ipea, o total de vínculos trabalhistas no serviço público municipal saltou 175% em 20 anos, de 2,4 milhões, em 1995, para 6,5 milhões, em 2016. Com isso, a participação dos funcionários públicos municipais no total de servidores do país passou de 38% para 57%, no mesmo período.

Em termos de Paraná, o salto foi de 196.086 servidores em 1995 para 357.832 em 2016 - um aumento de vagas de cerca de 83%. Apenas São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro têm mais funcionários públicos municipais. No topo da tabela, os paulistas mais do que dobraram seus números: 143% de servidores a mais em 21 anos

A municipalização do serviço público ganhou impulso após a Constituição Federal de 1988, destaca o relatório do Ipea. Conforme previsto na Constituição, ao longo desses 20 anos, os serviços de saúde, educação e assistência social começaram a se ampliar nos governos locais. De acordo com Felix Lopez, um dos autores do relatório de análise e integrante da equipe que construiu o Atlas, quatro em cada dez servidores municipais são professores, médicos ou enfermeiros.

“Se soma à orientação pela descentralização o fato de que, desde a década de 1980, houve ampliação do número de municípios”, afirmou o pesquisador do Ipea. Segundo o relatório, de 1985 a 2003 foram criados 1.456 novos municípios, expansão de 35%.

Outros níveis

No governo federal, o número de servidores cresceu 25% na mesma base de comparação, de 950 mil pessoas, em 1995, para 1,2 milhão, em 2016 - reduziu sua participação de 15% para 10% no total. Ainda assim, os pesquisadores do Ipea destacaram que, quando se olha apenas o número de servidores civis federais, o total de 2018, de 655 mil, é inferior ao de 1991, 662 mil, quando o governo Fernando Collor começou a promover cortes no funcionalismo.

A presença de servidores públicos federais no Paraná é apenas a oitava maior do país, segundo os dados apresentados. São 31.462 funcionários lotados no estado. Além do Distrito Federal, campeão disparado, têm valores superiores o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia.

O total de vínculos no setor público estadual, como um todo, cresceu 28%, passando de 2,9 milhões, em 1995, para 3,7 milhões, em 2016 - a participação caiu de 47% para 33% do total de servidores em todo o país.

Com uma variação de 43% entre 1995 e 2016, o Paraná é o quarto estado com mais trabalhadores próprios, ficando novamente atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os dados do estudo mostram 230.023 funcionários públicos estaduais em 2016.

Vencimentos

Outra constatação do relatório de análise do Atlas do Estado Brasileiro é que servidores federais ganham melhor. De 2007 a 2016, a remuneração média dos servidores federais passou de R$ 6,5 mil para R$ 8,1 mil - quando se exclui os militares, que têm remuneração média menor, o salário médio do servidor federal fica em R$ 10,2 mil em 2016. A remuneração dos servidores estaduais, de R$ 3,5 mil para R$ 5 mil, e a remuneração dos servidores municipais passou de R$ 2 mil para R$ 3 mil.

Além disso, os melhores salários estão nos cargos do Poder Judiciário, em todas as esferas. A remuneração média no Judiciário federal caiu de R$ 16,6 mil para R$ 15,8 mil, entre 2007 e 2016, enquanto no Judiciário estadual, houve aumento de R$ 9,3 mil para R$ 12 mil.

Diferenças

A análise do Ipea constatou também que a mesma diferença de salários entre homens e mulheres, que persiste no mercado de trabalho como um todo, se verifica no funcionalismo público. “As mulheres recebem menos em todos os níveis e em todos os poderes”, afirmou Lopez, completando que ainda faltam estudos mais conclusivos para explicar esse fenômeno. “Provavelmente, a resposta para isso é que as mulheres estão nos cargos de menor remuneração”, disse o pesquisador.

Por fim, os dados compilados pelo Ipea mostram o crescimento na escolaridade média dos servidores. Entre 1995 e 2016, o porcentual dos servidores federais com nível superior completo ou diversas modalidades de pós-graduação subiu de 45% para 78%, de 28% para 60%, entre servidores estaduais, e de 19% para 38%, entre servidores municipais.

O Atlas do Estado Brasileiro foi desenvolvido por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas sobre o Estado, Instituições e Democracia (Diest) do Ipea, como uma plataforma de dados sobre o setor público, na qual o usuário pode cruzar informações, ver gráficos e baixar tabelas.

O trabalho partiu de uma integração de bancos de dados. A maior parte das informações vem da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do MTE, com apoio de outros cadastros, como os do Ministério do Planejamento e da Secretaria do Tesouro Nacional, além de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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