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O apresentador Luciano Huck, durante sua apresentação | Divulgação/Brazil Conference
O apresentador Luciano Huck, durante sua apresentação| Foto: Divulgação/Brazil Conference

A “nata” da política brasileira esteve reunida em um único evento, na última sexta-feira (7) e no sábado (8) - a megaconferência Brazil Conference, realizada pela Universidade de Harvard e pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Entre os nomes que participaram das apresentações, estavam a presidente deposta Dilma Rousseff (PT) e o juiz federal Sérgio Moro. Também debateram o procurador Deltan Dalagnol, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes e o ministro da Saúde Ricardo Barros. Até o apresentador Luciano Huck e o filósofo Olavo de Carvalho participaram do evento. Veja dez dos principais momentos da conferência.

1 – Moro: “Caixa dois é trapaça”

O juiz federal Sérgio Moro avaliou que o caixa dois é pior do que uma corrupção praticada em benefício próprio. “Caixa dois é trapaça, um atentado à democracia”, definiu. Moro disse que a tipificação penal deste crime é imperfeita e que a pena precisa ser mais severa. “Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral”, destacou.

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2 – Moro: Lava Jato é motivo de orgulho

Moro também afirmou que os casos de corrupção apurados pela Lava Jato não devem ser motivo de vergonha, mas de orgulho, já que os crimes estão sendo punidos. “A exposição e a punição da corrupção pública são uma honra para a uma nação, não uma desgraça. A vergonha reside na tolerância, não na correção”, destacou.

3 – Dilma: “Me preocupa que prendam o Lula”

A presidente deposta, Dilma Rousseff (PT) disse se preocupar com a eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na avalição de Dilma, o petistas tem condições concretas de ganhar as próximas eleições, caso seja habilitado à disputa. “Me preocupa que prendam o Lula, que tirem o Lula da parada. Ele tem nas pesquisas 38%, mesmo com tudo que fizeram. Acho que Lula tem que concorrer, se perder é das regras do jogo”. Afirmou. “Deixa ele (Lula) concorrer para ver se ele não ganha”, completou, após reações da plateia.

4 – Dilma: Uso político da Lava Jato é inadmissível

Dilma disse que apoia a Lava Jato, mas criticou “o uso político e ideológico” que se faz da operação. Ela também avaliou como “inadmissível” o fato de um juiz se manifestar fora dos autos do processo. “Não concordo com nenhum uso de law fare [usar as leis para finalidades políticas] porque compromete o direito de defesa. Não podemos, em nome das vantagens desse combate, que é reduzir a distorção do gasto público brasileiro destinado à corrupção, comprometer o sistema democrático no Brasil”, afirmou.

5 - Huck ovacionado

O apresentador Luciano Huck foi ovacionado pelo público que assistiu a sua conferência. Em síntese, o global elogiou a capacidade da tevê de impactar a vida das pessoas, mencionou exemplos inspiradores de pessoas de baixa renda que foram capazes de transformar a realidade local e disse que se sente angustiado pelo fato de o Brasil não ter identificado lideranças na geração dele.

6 – Barros e o “desperdício” dos exames

Ministro da Saúde, o paranaense Ricardo Barros (PP), defendeu a restrição no encaminhamento a exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Barros, 80% dos exames de imagem – como tomografias e ultrassonografias – “têm resultado normal”, ou seja, não identificam doenças ou problemas clínicos. Na avaliação do ministro, isso representa “desperdícios que precisam ser controlados”.

Em entrevista à BBC, o paranaense afirmou que os médicos não podem solicitar exames “como forma de transferir sua responsabilidade de emitir diagnósticos”. Ele defendeu que o governo controle a forma como os médicos utilizam esses recursos. “Se o médico solicita muitos exames que dão resultado normal, ele não está agindo de forma correta com o sistema”, afirmou.

7 – Deltan e a impunidade

O procurador Deltan Delagnol, que integra a força-tarefa da Lava Jato, citou a própria história para ressaltar a impunidade histórica que acomete o Brasil. Ele começou sua palestra mencionando casos em que “fracassou” no combate à corrupção, citando o escândalo do Banestado e o caso dos funcionários fantasmas do governo do Paraná. “Minha história de combate à corrupção é a história do Brasil. É uma história de fracassos no combate à corrupção. O índice de impunidade desses casos no Brasil é de 97%”, disse.

8 – Olavo de Carvalho elogia Suplicy

Um dos principais expoentes da “nova direita”, o filósofo Olavo de Carvalho elogiou o Eduardo Suplicy e disse que até o ajudaria a “melhorar” o principal programa idealizado pelo petista, o Renda Mínima – que asseguraria um benefício monetário a todos os brasileiros. “A renda básica moralmente está certa. Mas não adianta se não se especificar quem tem que dar esse dinheiro e de onde tem que sair. Se não é assim: você tem direito a esse dinheiro, mas ninguém tem a obrigação de te dar esse dinheiro”, disse, em entrevista à BBC. “Se você tem o direito, mas não tem a garantia, na prática, você não tem direito nenhum”.

9 – Gilmar Mendes: reforma eleitoral ou crime organizado

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, disse que se o Brasil não aprovar uma reforma eleitoral até o próximo dia 2 de outubro, corre o risco de o país ficar “entregue ao crime organizado”. Ele destacou que organizações criminosas têm feito doações a candidatos, como pessoa física. “Em São Paulo, promotores me disseram que tem três candidatos eleitos pelo PCC na Câmara de Vereadores (...). Não preciso nem falar do Rio de Janeiro”, disse.

10: Marina Silva: Voto em lista é aberração e caciques

Primeira a discursar no evento, Marina Silva (Rede) criticou duramente a proposta de reforma política que incluiria listas fechadas para as eleições legislativas. A ex-senadora classificou este modelo como uma “aberração”, que “dá ainda mais poder aos caciques” dos partidos e que afasta o eleitor do processo eleitoral.

Em relação à Lava Jato, Marina apoiou as investigações. “Se não podemos condenar a priori, não podemos inocentar a priori (...). A Lava Jato está fazendo uma reforma política na prática”.

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