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| Foto: Divulgação/Polícia Federal

Quando se trata de corrupção, políticos e empresários brasileiros são bastante criativos na hora de esconder o dinheiro ilícito. As formas empregadas para transportar e guardar valores de propina são variadas, mas algumas chamam a atenção pelo modus operandi. Já houve episódios de dinheiro em roupas íntimas, meia calça e até caixas de sapato em escândalos recentes de corrupção no país, sobretudo na Lava Jato. A Gazeta do Povo fez a seleção dos casos mais curiosos que vieram à tona até agora:

Bunker da corrupção

A Polícia Federal (PF) descobriu nesta terça-feira (5/9) um endereço em Salvador (BA) que servia como “bunker” para armazenamento de dinheiro em espécie do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ele foi preso em julho deste ano na mesma operação, que investiga propinas pagas no âmbito da Caixa Econômica Federal.Na deflagração da Operação Tesouro Perdido, nesta terça-feira, a PF descobriu o enderteço que seria, supostamente, utilizado por Geddel Vieira Lima como “bunker” para armazenagem de dinheiro em espécie. O que mais chama atenção é a quantidade de dinheiro em caixas - os policiais não conseguiram nem estimar o valor total ao chegarem no local.

Dólares na cueca

Em 2005, época em que o mensalão veio à tona, o assessor do deputado José Guimarães (PT), José Adalberto Vieira, foi preso no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com US$ 100 mil na cueca, além de outros R$ 209 mil guardados em uma maleta. Vieira viajaria para Fortaleza (CE), berço eleitoral do deputado. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro era propina que o parlamentar receberia para intermediar financiamento de um consórcio de energia pelo Banco do Nordeste do Brasil.

Euros na calcinha

Quase 10 anos depois do episódio da cueca ganhar repercussão nacional, a doleira Nelma Kodama – presa na Lava Jato – foi flagrada em 2014 com 200 mil euros na calcinha ao tentar embarcar para a Europa no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A doleira justificou o dinheiro na calcinha alegando que compraria móveis na Europa e não havia declarado a quantia porque o posto da Receita Federal estava fechado. Durante depoimento à CPI da Petrobras, a doleira negou que o valor estivesse escondido na calcinha. Ela afirmou que o dinheiro estava no bolso de trás da calça.

Caixas de vinho e de sapato

Em seu acordo de colaboração premiada, o ex-chefe de gabinete de Delcídio Amaral, Diogo Ferreira, contou aos investigadores que dinheiro usado para tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró teria sido repassado ao advogado Edson Ribeiro dentro de caixas de vinho e de sapatos. Ferreira contou que fez pelos menos três viagens a São Paulo para coletar o dinheiro e repassá-lo a Ribeiro, advogado de Cerveró na época.

Meia calça

Um dos executivos da Odebrecht que firmou acordo de colaboração premiada, Carlos Cunha, contou que dinheiro para pagar propina era escondido até em meia calça. “A gente entregou um recurso, a pessoa baixou a calça e tirou uma meia. Ele botava por dentro da meia”, contou Carlos Cunha, sem especificar quem era o portador do dinheiro. O depoimento faz parte de um pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot para abrir uma investigação sobre possíveis irregularidades em obras no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Meia de futebol

A publicitária Mônica Moura, que também firmou acordo de colaboração premiada na Lava Jato, contou que emissários da Odebrecht mandavam dinheiro para pagar dívidas de campanha dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff escondidos em meias de futebol. “Eles abaixavam, levantavam a calça, estava com aqueles meiões de futebol cheio de dinheiro, às vezes estavam com mochila, às vezes com maletinhas”, contou. Ela também contou que recebeu R$ 5 milhões em espécie dentro de caixas de roupa e de sapato em um shopping em São Paulo.

Baia de cavalo

O executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas contou aos investigadores que o colega Álvaro Novis teria guardado R$ 7 milhões dentro de uma baia no Jóquei Clube do Rio de Janeiro. “Ele disse que tinha uma cela lá. Ele tem cavalo de corrida e tinha escondido o dinheiro. Depois que foi assaltado, ele passou a usar a transportadora para guardar o dinheiro que sobrava na mão dele. Entendeu? Em vez dele guardar no jóquei”.

A lenda do dinheiro enterrado na piscina

Em um depoimento à Polícia Federal em 2015, Jayme Alves de Oliveira, conhecido como Careca e um dos funcionários de Alberto Youssef, contou ter ouvido que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria aterrado uma piscina em sua casa no Rio de Janeiro para guardar dinheiro. A Polícia Federal, porém, disse ter feito buscas na residência e reforçou que não encontrou indícios de compartimento na piscina do ex-diretor. “Foram realizadas buscas na residência de Paulo Roberto Costa em duas oportunidades no ano de 2014. Não foi encontrado qualquer indício da existência de compartimentos na área onde anteriormente havia uma piscina. Da mesma forma, não há indícios da ocultação de valores, documentos ou quaisquer itens no local”, esclareceu a PF na época.

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