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Em reunião com  deputados da bancada religiosa, Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura disse que não levaria os filhos a exposições  no MAM e Queermuseu. | Reprodução   /    Vídeo PSC
Em reunião com deputados da bancada religiosa, Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura disse que não levaria os filhos a exposições no MAM e Queermuseu.| Foto: Reprodução / Vídeo PSC

Na véspera da Câmara votar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, um grupo de vinte deputados das bancadas católica e evangélica cobrou do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, providências contra exposições como a Queermuseu, em Porto Alegre (RS), e a do Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, que foram duramente criticadas por esses segmentos.

No encontro, realizado na quarta-feira (4) no ministério, os parlamentares pressionaram e o ministro respondeu que não levaria seus filhos nestas exposições e que considerou "crime" o evento no MAM, onde um homem nu faz uma performance na qual havia a presença de crianças.

Assista ao vídeo do encontro dos parlamentares com o ministro

Esses parlamentares gravaram o encontro com Leitão e a Gazeta do Povo teve acesso ao conteúdo. Na imagem e nos áudios,  o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) pergunta ao ministro: 

"O senhor tem filhos?" 

Leitão responde: "Tenho dois filhos" 

Nascimento: "De que idade?" 

Leitão: "Oito e doze anos". 

Nascimento: "Deixaria seu filho ir lá?" 

Leitão: "Não, de jeito nenhum. Por isso defendo a classificação indicativa para que os pais sejam informados  e tomem a decisão". 

A sala do ministro estava cheia. Além dos deputados sentados na mesa e em sua volta, muitos assessores compareceram. Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), sentado do lado direito do ministro, insiste numa pergunta: "Então, houve crime ou não houve (no conteúdo das exposições)?" 

Leitão entendeu que, numa das exposições, sim. "No caso de São Paulo, na minha visão, sim! Aquele episódio representa um claro descumprimento do que determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)".

Uma fala de Sérgio Sá Leitão irritou os parlamentares. As exposições contaram com apoio da Lei Rouanet, em processos que são decididos numa seleção do ministério. Leitão os incomodou quando disse que "não cabe ao ministério fazer avaliação do conteúdo das obras". Ele disse está previsto em lei. 

Um dos líderes da bancada evangélica, o Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), mostrou-se indignado com a resposta de Leitão, e diz que ficou chocado. "O senhor fala que o ministério libera esses recursos sem levar em conta o conteúdo que é apresentado! Fiquei em estado de choque!", afirmou Feliciano na reunião. Hidekazu Takayama (PSC-PR) ameaçou a deixar a reunião.  

Os deputados apresentaram suas reivindicações ao ministro. Arolde de Oliveira (PSC-RJ) sugeriu indicação classificativa nas exposições, por faixa etária, e que sirva de "alerta" aos pais e às famílias de que aquele evento não é "próprio para seus filhos". 

Sérgio Sá Leitão recebeu uma lista com propostas desses parlamentares, que pediram a proibição de destinação de recursos da Lei Rouanet para projetos que vilipendiem a fé religiosa, que promovam sexualização precoce e que façam apologia ao crime. 

"As propostas que vocês fizeram foram bastante objetivas e pertinentes e vou obviamente submeter isso aqui a apreciação da nossa consultoria jurídica", disse o ministro. 

Leitão leu para os parlamentares a minuta de um projeto de lei, que afirmou ter encaminhado ao presidente Michel Temer, que exige a classificação indicativa, com determinação de faixa etária, para espetáculos e exposições em museus, teatros e outros espaços desses. 

Takayama (PSC-PR) deu o recado ao ministro de descontentamento e afirmou que o atual governo age como o "outro" que eles ajudaram a "derrubar", se referindo a Dilma Rousseff. Fez ameaças veladas de fazer o mesmo com o governo Temer. 

"Esse tipo de orientação jurídica que Vossa Senhoria está recebendo de equipes técnicas está com vícios do governo anterior. Nós já cassamos eles porque estavam trazendo exatamente prejuízo a família cristã", ameaçou Takayama. 

Assista ao vídeo sobre o encontro produzido pelo PSC:

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