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Aeroporto de Congonhas, em São Paulo: área de 7,5 mil metros quadrados será transformada em shopping. | MIGUEL SCHINCARIOL    /    AFP
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo: área de 7,5 mil metros quadrados será transformada em shopping.| Foto: MIGUEL SCHINCARIOL /    AFP

Em busca de mais receitas, junto com o corte de gastos que está realizando para preparar a empresa para uma abertura de capital, a diretoria da Infraero está investindo na comercialização de áreas em seus aeroportos. O presidente da estatal, Antonio Claret, contou com exclusividade à Gazeta do Povo que uma área de 7,5 mil metros quadrados dentro do terminal de passageiros do Aeroporto de Congonhas (SP) será transformada em um shopping, com espaços de conveniência e de compras.

A estratégia de aproveitar espaços ociosos ou utilizados de forma pouco eficiente dentro dos aeroportos faz parte do trabalho de recuperação da Infraero. Além de cortes de pessoal e de gastos, Claret tem buscado potencializar a receita comercial da empresa. Em 2018, a empresa espera ter receitas comerciais de R$ 1,2 bilhão com esses espaços nos seus 45 aeroportos.

Em Congonhas, uma área próxima ao embarque será revitalizada. No local, havia um restaurante (considerado antiquado e de qualidade inferior pelo presidente da empresa), um mirante e um escritório que abrigava 800 funcionários administrativos da Infraero. Esse contingente foi transferido para uma área menos nobre, dentro do aeroporto do Campo de Marte (SP), para liberar a área.

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O processo está em fase de licitação. No local, poderão ser abrigadas, além de lojas, academia de ginástica, espaços de coworking e áreas VIP para os passageiros.  “Eu digo que Congonhas é o metro quadrado mais caro do Brasil”, afirma Claret. “São 7,5 mil metros quadrados em uma área que era ocupada com empregados e nunca foi utilizada. Congonhas está virando um aeroporto que é um aeroporto modelo.” 

O foco na busca de receitas comerciais está entre as estratégias de Claret e da atual gestão para reverter o rombo financeiro da empresa. Em dois anos, a empresa – que gerava menos receitas com sua operação do que seus custos – conseguiu sair de um resultado operacional negativo de R$ 230 milhões para um resultado positivo de R$ 505 milhões. Além da nova área em Congonhas, Claret contou que também revitalizou áreas que estavam abandonadas no aeroporto de Recife.

“De onde surgiu isso? Qual a varinha mágica? Na verdade nós temos milhares de metros quadrados de áreas disponíveis da Infraero que não eram utilizadas, não eram nem subutilizadas. Eram não utilizadas mesmo”, disse o presidente. 

Licitação de terminais de cargas

Além das áreas nos terminais de passageiros, a Infraero tem investido em licitar terminais de carga (TECAs). Foram licitados por 20 ou 25 anos os terminais de logística de carga de 14 aeroportos (Belém, Teresina, Boa Vista, Macapá, Londrina, Petrolina, São Luiz e Palmas). Desses, seis já estão em operação pelo novo concessionário (Goiânia, Curitiba, São José dos Campos, Vitória, Recife e Navegantes), com ganho de receitas para a Infraero e redução de pessoal e custos para a estatal. 

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Outros cinco terminais de cargas ou estruturas existentes para esses fins devem ser licitados, segundo a Infraero (João Pessoa, Campo de Marte, Uruguaiana, Joinville, Uberlândia). Em alguns deles, o processo inclui a garantia de que o novo grupo que assuma a atividade no lugar da Infraero realize investimentos e construa a estrutura. 

“Essa é uma das formas que encontramos de otimizar a operação e torná-la mais efetiva, quando você consegue dar sinergia. Eu só podia fazer carga aérea com um parceiro privado, que entende do negócio. Ele integra e aumenta o resultado, e a Infraero ganha um valor fixo, além do investimento que ele está fazendo, e ainda tem um ganho em cima da produtividade desse parceiro”, explicou Claret. 

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Ao mostrar que podem ser rentáveis as operações dos 45 aeroportos que pertencem a Infraero, Claret briga para evitar que novas concessões sejam feitas pelo governo desses aeroportos, principalmente das chamadas “joias da coroa” – aeroportos rentáveis como Congonhas e Santos Dumont. Com essa rentabilidade, Claret espera manter os subsídios a outros aeroportos que dependem de recursos e não têm receitas suficientes para se custear, mas que são fundamentais para a integração nacional.

“Precisamos de parcerias privadas, em vez de simplesmente conceder aeroporto. De uma forma geral, nós partimos para fazer concessões com investimento. Eu quero na minha mão a garantia de que está sendo administrado por uma turma competente, mas que eu possa pegar um terminal de carga, trazer gente de fora e que traga investimento, já que o governo está com dificuldade de investir. Com a credibilidade levantada aqui dentro, conseguimos muita gente que quer trabalhar com a gente”, disse Claret.

Com os ganhos, a Infraero conseguiu ainda fazer pequenos investimentos nos aeroportos para melhorar a percepção dos passageiros sobre os terminais. O presidente conta como tentou melhorar os banheiros dos terminais quando assumiu o cargo. De forma descontraída, Claret conta que colocou até sua mulher para fazer relatórios sobre a situação dos banheiros femininos no aeroporto de Congonhas, para entender porque tinha tantas filas.

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“O que mais me incomodava nos aeroportos era o banheiro. Quando eu chegava em Congonhas eu tinha nojo do banheiro.De fato era um nojo. Eu ataquei os banheiros”, disse. “Mas não tinha dinheiro para investir nos banheiros. Então eu fiz uma coisa importante: reduzir em 15% o tamanho dos banheiros dos homens e aumentei o das mulheres.”

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