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Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade), e com dirigentes sindicais para discutir o financiamento de centrais trabalhistas | Antonio Scorza/AFP
Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade), e com dirigentes sindicais para discutir o financiamento de centrais trabalhistas| Foto: Antonio Scorza/AFP

O pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade), e com dirigentes sindicais para discutir a proposta do Centrão para o financiamento de centrais trabalhistas.

A proposta permite que negociações trabalhistas aprovadas em assembleia gerem uma contribuição sindical a ser descontada de todos os trabalhadores beneficiados pelo acordo. Para o Solidariedade, as assembleias teriam de ter a presença de ao menos 20% dos trabalhadores da categoria.

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Elias Rosa, que assessorou Alckmin na reunião, levou um texto contendo as linhas gerais da proposta. A versão final deverá ser divulgada formalmente pelo Centrão no início desta semana. Caso Alckmin seja eleito, a proposta precisará ainda ser aprovada na forma de lei para se tornar válida.

O Centrão reúne, além do Solidariedade, os partidos DEM, PP, PR, PRB. Na semana passado, o bloco decidiu se coligar com o PSDB para tentar eleger o ex-governador de São Paulo à Presidência da República. Mas, logo após a manifestação de apoio, Alckmin e Centrão entraram em rota de colisão devido ao imposto sindical.

Imposto sindical virou “dor de cabeça” para Alckmin

No sábado, uma declaração no Twitter do presidenciável contra “a volta da contribuição sindical” causou atrito com o bloco. Para minimizar os efeito, o ex-governador paulista afirmou que tratou-se de“uma trapalhada de assessores” das redes sociais.

No domingo (22), Alckmin se reuniu com sindicalistas para discutir uma solução para o financiamento de centrais trabalhistas. Estiveram presentes no encontro dois secretários do governador de São Paulo, Márcio França (PSB): o do Trabalho, Cícero Firmino da Silva, conhecido como Cícero Martinha - presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá -, e o da Justiça, Márcio Elias Rosa (PSB), titular da pasta desde que Alckmin era governador do Estado. Também participaram Luiz Antonio Adriano da Silva, o Luizão – que antecedeu Martinha na administração estadual e é secretário-geral do Solidariedade –, e Eunice Cabral, secretária nacional da Mulher no partido.

De acordo com Paulinho da Força, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), chegou a propor, antes que o impasse com Alckmin fosse resolvido, aprovar a contribuição sindical já em novembro. Estudou-se a possibilidade de adaptar nesse sentido um projeto do próprio Paulinho, que está sob a relatoria do Bebeto Galvão (PSB-BA).

Alckmin pode bater de frente com empresários

Além da questão do imposto sindical, a equipe do presidenciável busca, também, alternativas para resolver a crise econômica. Coordenador do programa de governo em comércio exterior de Alckmin,o embaixador Rubens Barbosa mencionou que o programa do tucano vai propor a abertura comercial gradual.

“O país vai ter que encarar isso. Esse modelo de crédito subsidiado do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que os empresários usaram nos últimos 50 ou 60 anos está superado. E não acabou por uma questão ideológica, mas porque o Estado brasileiro quebrou”, afirmou Barbosa.

Questionado se o posicionamento costuma render debates acalorados na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), onde preside o conselho de comércio exterior, Barbosa diz que grande parte dos empresários já tem consciência da “necessidade”. “Ninguém está falando em fazer qualquer abertura. Não se pode baixar todas as tarifas como fez o [ex-presidente] Collor, sem preparação.”

“É abertura com previsibilidade, por meio da negociação dos acordos comerciais, com prazos para desgravar [o período que a alíquota do imposto de importação do produto será reduzida a zero]. Senão, quebra a empresa e ainda eleva o desemprego”, completou o embaixador.

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Ao falar de política cambial, Barbosa diz não ser possível abrir mão de um câmbio competitivo --aqui, não se sabe até que ponto o jogo foi combinado com Persio Arida, economista à frente do programa de Alckmin, em geral refratário a esse tipo de ideia. “Por dois períodos, com Gustavo Franco [presidente do Banco Central entre 1997 e 1999] e Henrique Meirelles [à frente do BC na era Lula], tivemos um câmbio apreciado. Isso quebrou a indústria”, diz.

Embora exclua a possibilidade de manipulação da moeda, reconhece que há critérios que podem ser usados para tornar a política cambial favorável às exportações. “Só não vou dizer se é o câmbio a R$ 3,40, R$ 3,60 ou R$ 4”.

Com relação aos investimentos chineses no Brasil – um dos focos de crítica do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) –, o embaixador diz que é preciso pensar numa política de segurança nacional. “Os EUA e a Europa estão proibindo a China de comprar empresas consideradas estratégicas. O que vamos fazer, não sei, mas precisamos de uma conversa séria com a China porque não somos dependentes deles. Eles é que dependem da gente na área de alimentação”, afirma.

Outros pontos de atenção na área externa são os programas de incentivo à indústria automotiva e o acordo do Mercosul com a União Europeia. “Vamos examinar as medidas que a OMC [Organização Mundial do Comércio] quer que o Brasil cumpra na área automotiva e ver se o Programa Rota 2030 está compatível. Deputados propondo emendas elevando incentivos certamente não é compatível”.

Para Barbosa, a aparente falta de interesse dos EUA pela América Latina não atrapalha. “O problema é que, com a saída deles, entrou a China. Ela é que tira mercado da gente”.

Na guerra comercial entre EUA e China, enxerga composição porque os interesses são grandes. Para o Brasil, pode haver vantagem imediata em alguns produtos -talvez a soja-, mas por pouco tempo. “No longo prazo, perdemos por causa da queda do fluxo de comércio global. Se eles se acertarem, ainda corremos o risco de fazerem um acordo que elimine outros países. Então, nos resta ver o circo pegar fogo e ficar quieto. Como o Alckmin costuma fazer.”

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