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| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Acuado pelos ataques da família Bolsonaro, o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, partiu para o ataque. Ele afirmou à revista Crusoé que “não é moleque” e que o presidente Jair Bolsonaro “está com medo de receber algum respingo” das investigações sobre a existência de candidaturas laranjas do PSL, o que, na opinião dele, é infundado.

“Não sou moleque, e o presidente sabe. O presidente está com medo de receber algum respingo. Ele foi um mero candidato. Ele não participou de Executiva, ele não tinha mando no partido. Ele não tem responsabilidade nenhuma”, disse Bebianno, pivô da primeira grande crise do governo.

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Braço-direito de Bolsonaro durante a campanha eleitoral, o ministrou afirmou nesta quinta-feira (14) que não vai se demitir até falar diretamente com o presidente. De acordo com a coluna da Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, Bebianno disse que está triste e sem palavras para definir o tamanho da decepção que sente. O ministro foi um dos primeiros a se engajar na campanha eleitoral do agora presidente, quando, segundo seus amigos, nem mesmo o próprio Bolsonaro acreditava nela.

Questionado pela Crusoé se vê um possível complô para derrubá-lo, Bebianno negou. “Acho que há o desejo de atingir o presidente de alguma forma”, disse. Mas criticou declaração do mandatário ao Jornal da Record, na qual admitiu a possibilidade de demitir o ministro – fazê-lo “voltar às origens”.

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“Todos nós voltaremos às nossas origens. As nossas origens estão no cemitério. O presidente não morrerá presidente. Muitas pessoas que se elegeram agora, eu não quero citar nomes, que também estão aí sob foco de investigações. Vamos ver, está certo? Eu sou homem, não sou moleque.”

Bebianno voltou a rebater Bolsonaro e seu filho Carlos e afirmou que esteve em contato com o presidente na última terça-feira (12). “Falei com o presidente, sim. Várias vezes ao longo do dia. Por WhatsApp, por texto. Falamos, conversamos. Recebi orientações, falamos sobre assuntos institucionais.

O ministro da Secretaria-Geral se negou a pagar na mesma moeda os ataques de Carlos Bolsonaro, que divulgou um áudio no qual o pai disse que não queria falar com Bebianno. “Ele [Carlos] não é nada no governo. Eu sou ministro. Tenho que respeitar a liturgia do cargo.”

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“Não sou moleque para ficar batendo boca em rede social. Se há algum problema, eu resolvo frente a frente, olho no olho, dentro de uma sala, como uma pessoa civilizada”, reforçou Bebianno, em crítica ao filho do presidente.

Culpa do Bivar?

Em um discurso quase homogêneo, a bancada do PSL na Câmara passou a cobrar explicações e eventualmente a queda do ministro. Poupa, no entanto, o presidente do partido e colega deputado, Luciano Bivar (PE), pivô da crise no governo Bolsonaro.

À Crusoé, Bebianno responsabiliza Bivar e o diretório estadual de Pernambuco pela distribuição do dinheiro do Fundo Partidário para a candidata a deputada Maria de Lourdes, que recebeu R$ 400 mil do partido e fez apenas 274 votos, num indicativo de candidatura de fachada. “Pernambuco pediu por escrito que fosse destinada essa verba para duas candidatas (Érika Siqueira Campos e Maria de Lourdes). Se você me perguntasse se as candidatas tinham condições de eleição ou não, eu não sei, não faço a menor ideia”, explicou.

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Segundo Bebianno, depois que o dinheiro sai do diretório nacional a responsabilidade passa a ser dos diretórios estaduais e dos candidatos. Ele ainda questiona porque não há a mesma preocupação em relação ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

“Alguém botou minhocas na cabeça dele em relação a esse assunto. Por que ele não tem essa preocupação em relação a Minas Gerais? Não tem um problema em Minas Gerais, supostamente? Alguém diz que a responsabilidade é minha? É a mesma coisa, não é? É o mesmo caso.”

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