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| Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

A criação de um bloco de 15 partidos que visa isolar as maiores bancadas eleitas para a Câmara - do PT e do PSL - pode mudar o perfil da oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) e abalar a relação entre essas legendas. Com o argumento de que estão montando um bloco “independente” do Planalto, os líderes desse grupo podem gerar um racha na oposição à gestão do capitão, que assume o Palácio do Planalto em 1.º de janeiro. 

Esse grande bloco teria, em tese, adesão de 340 deputados. Estão nessa conta os 32 deputados eleitos pelo PSB, os 29 do PDT e os 9 do PCdoB. Esses 70 parlamentares são contabilizados também no campo dos partidos de esquerda que, por naturalidade, estão contra Bolsonaro e não o apoiaram na eleição. 

Ao isolarem o PT e o PSL, essas legendas buscam fazer o próximo presidente da Câmara, que pode ser o atual, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tomarem conta dos cargos da Mesa Diretora e das principais comissão. Essa estratégia irá não só isolar o PT, como o PSL, mas pode afastar os petistas, e também os 9 eleitos pelo PSOL, de eventuais atuações conjuntas na oposição a Bolsonaro. 

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“Vou repetir o que disse o Fernando Haddad: um bloco de oposição sem o PT pode funcionar? Querem isolar o PT para ficarem com cargos na mesa e nas comissões. É um erro. Eles só miram na burocracia. O cenário que vem aí precisa de uma oposição unida. Provocar cizânia não vai resolver” - disse o deputado Paulo dos Santos (PT-AL). 

Um dos líderes da criação desse grande bloco de 15 partidos é até um aliado histórico do PT, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Os petistas o identificam como um dos artífices do movimento que busca isolar o PT. Orlando diz que não se trata de disputar cargos, mas de fazer uma oposição “de verdade” a Bolsonaro, sem hegemonia do PT. 

“Não dá mais para seguir com a lógica do hegemonismo. Foi um erro não construir uma frente antes. A hora é agora” - disse Orlando Silva. 

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Os cinco partidos de oposição a Bolsonaro, juntos, somam 136 votos na Câmara. Nessa conta estão PT (56), PSB (32), PDT (20), PSOL (10) e PCdoB (9). Esse número pode aumentar se incluir alguns dos 12 parlamentares eleitos pelo PPS e PV. 

Não é possível calcular hoje o tamanho exato da oposição a Bolsonaro. Os 340 deputados do “blocão” não votarão sempre uníssonos contra os projetos de interesse do novo governo. Os 136 parlamentares da “legítima” oposição, talvez. Se não ficar sequelas na relação ocasionada pela tática de ignorar o PT. 

O MDB, por exemplo, está no grande bloco. Quem participa é seu líder na Câmara, Baleia Rossi (SP), que esteve no encontro desta quarta. Mas Baleia também esteve ontem com Bolsonaro, seu partido ganhou um ministério e saiu do encontro com o discurso de “votar em favor” do Brasil e falando num novo momento do país. Difícil saber, na realidade, como os emedebistas vão se comportar nas votações do ano que vem. 

Ao se reunir com bancadas partidárias, como fez essa semana, Bolsonaro sabe que não terá a totalidade de apoio ali. 

“São tentativas que precisamos fazer. Sabemos que esses apoios não virão assim, na totalidade, mas mostrando boa vontade e dispostos ao diálogo”- disse o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito.

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