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Bolsonaro e Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. | Alan Santos/PR
Bolsonaro e Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.| Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deu a entender nesta segunda-feira (1.º) que não desistiu da ideia de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e sugeriu que isso vai ocorrer até o fim de seu mandato, em 2022. A declaração foi dada um dia após ele anunciar a abertura de um escritório comercial do governo brasileiro em Jerusalém – no que foi visto como um recuo de Bolsonaro para evitar retaliação comercial de países árabes, sobretudo em relação à carne brasileira. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro havia prometido mudar o endereço da embaixada.

“Tem o compromisso [de mudar a embaixada], mas meu mandato vai até 2022, ok? Está explicado?”, disse Bolsonaro a jornalistas. “E a gente tem que fazer as coisas com calma, sem problema, mantendo contato com o público de outras nações, e o que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel. Se eu fosse presidente hoje e fosse abrir negociações com Israel, botaria a nossa embaixada aonde? Seria em Jerusalém. Agora, a gente não quer ofender ninguém. Agora, eu quero que respeitem a nossa autonomia.” 

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Questionado por jornalistas como essa decisão seria recebida pelos palestinos e se ela viola resoluções da ONU sobre Jerusalém, o presidente disse que “é direito deles reclamar”. A mudança de embaixada é uma questão delicada porque o mundo árabe considera que implica no reconhecimento da ocupação israelense de Jerusalém Oriental – cidade que os palestinos querem que seja sua capital.

No domingo (31), após o anúncio da abertura do escritório em Jerusalém, a Autoridade Palestina condenou “nos termos mais fortes” a decisão brasileira e convocou seu embaixador no Brasil para consultas. O comunicado palestino considera a decisão brasileira “uma violação flagrante da legitimidade e das resoluções internacionais, uma agressão direta ao nosso povo e a seus direitos e uma resposta afirmativa para a pressão israelense-americana que mira reforçar a ocupação e a construção de assentamentos e na área ocupada em Jerusalém”.

Homenagem a israelenses que participaram dos resgates em Brumadinho

Jair Bolsonaro participou nesta segunda-feira (1.º) de uma homenagem à equipe de salvamento israelense que ajudou no resgate das vítimas da tragédia de Brumadinho (MG), em janeiro. O presidente, que fica até quarta (3) em Israel, entregou ao grupo a Insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais importante condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.

Bolsonaro começou a agenda desta segunda fazendo uma visita a Unidade de Contraterrorismo da Polícia israelense e depois seguiu para a base da Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel, onde entregou a insígnia aos agentes que ajudaram em Brumadinho.

No local, o brasileiro assistiu um filme de seis minutos sobre a atividade da unidade de salvamento israelense. Ele fica até quarta (3) em Israel.

A missão israelense contou com mais de 130 integrantes, incluindo militares da ativa e da reserva, bombeiros e socorristas. Até o momento, as autoridades brasileiras contabilizam 216 mortos e 89 desaparecidos em decorrência da tragédia.

“Não sei como definir o sucesso de uma ação em que o resultado foi estipulado minutos depois da tragédia. Mas sei que Israel não mediu esforço para tentar salvar vidas”, disse Tamir Yadai, que lidera o Comando da Frente Interna de Israel.

“Quero agradecer o convite para fazer parte dos esforços e através do senhor, agradecer aos grupos brasileiros, que trabalharam com afinco e de maneira admirável e as forças do exército, que nos ajudaram no salvamento e à comunidade local, que nos receber calorosamente”, afirmou ele. “’Toda rabá’ (obrigado, em hebraico)”, disse o presidente brasileiro antes da entrega da insígnia ao grupo.

Bolsonaro afirmou que em 1985, quando era capitão do Exército, também participou do resgate de corpos. Na ocasião, disse ele, um ônibus caiu em um rio e 15 pessoas morreram afogadas. A água era barrenta, sem nenhuma visibilidade. “Eu estava de férias, mas me voluntariei a participar do resgate dos corpos”, afirmou Bolsonaro.

“Confesso que meu coração batia muito forte a cada descida. Perguntei ao bombeiro que estava ao meu lado se o risco que estávamos correndo a cada descida qual era a compensação, já que era zero a chance de encontrar alguém vivo no fundo da lagoa. Ele me respondeu que estávamos fazendo aquele trabalho com objetivo de proporcionar um certo conforto aos familiares”, disse ele.

O presidente afirmou que vê da mesma forma o trabalho dos israelenses em Brumadinho: “O trabalho de vocês fui muito semelhante àquele humildemente prestado por mim no passado. Confortar os familiares ao encontrar um ente que havia perdido a vida. O trabalho dos senhores foi excepcional e fez com que os laços de amizade entre nós se fortalecesse. Nós, brasileiros nunca esqueceremos o apoio humanitário por parte de todos vocês. Toda rabá”.

O comandante Yadai disse que nos próximos meses será finalizado em connunto com as equipes brasileiras uma análise do processo de resgate.

Brumadinho foi a 21ª missão da unidade israelense desde 1982, mas os oficiais do grupo afirmaram que nunca tinham visto nada parecido.

A agenda de Bolsonaro em Israel nesta segunda

Nesta segunda-feira, Bolsonaro só tem mais um compromisso público. Ele vai ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrado para os judeus, mas que fica na parte Oriental de Jerusalém -região que também é reivindicada pelos palestinos.

Na visita, ele será acompanhado pelo primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, algo raro. Por causa da disputa pelo local, autoridades estrangeiras costumam fazer visitas apenas visitas classificadas como privadas ao local, sem acompanhamento da diplomacia israelense.

O brasileiro ainda participará em um almoço nesta segunda, mas o evento será fechado.

Bolsonaro chegou a Israel neste domingo (31) e foi recebido ainda no aeroporto por Netanyahu, gesto raro que o primeiro-ministro israelense ofereceu a apenas outros quatro chefes de Estado em dez anos.

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