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| Foto: Simon Dawson/ Bloomberg

Após uma fala mais enfática à imprensa internacional sobre a investigação contra seu filho, o presidente Jair Bolsonaro mudou o discurso e saiu em defesa do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na noite desta quarta-feira (23), em entrevista ao Jornal da Record, chamando de “infundadas” as acusações que recaem sobre o seu primogênito. “A pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir”, disse o presidente brasileiro em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

“Não é justo atingir um ‘garoto’ para tentar me atingir. Nós não estamos acima da lei, agora que cumpram a lei, não façam de maneira diferente para conosco”, disse Jair Bolsonaro, que se queixou da quebra do sigilo do filho. “Ele teve o seu sigilo quebrado, fizeram uma arbitrariedade em cima dele”, completou.

Horas antes, em entrevista à Agência Bloomberg, havia dito que eventuais irregularidades cometidas por Flávio, se comprovadas, terão de ser punidas. “Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar”, afirmou o presidente. Ao jornal brasileiro, a retórica foi outra. “Acredito nele”.

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Em dezembro do ano passado veio à tona que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão federal de combate à lavagem de dinheiro, considerou suspeitos 48 depósitos em dinheiro na conta de Flávio Bolsonaro. Os depósitos, sempre no valor de R$ 2.000, totalizando R$ 96 mil, foram feitos entre junho e julho de 2017 no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – Flávio é deputado estadual.

O Coaf também identificou movimentações atípicas de R$ 7 milhões na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e amigo da família. Queiroz recebeu, por exemplo, transferências de outros funcionários do gabinete de Flávio e deu um cheque de R$ 24 mil à primeira-dama Michelle Bolsonaro.

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Flávio nega ter cometido qualquer irregularidade. Diz que os valores que movimentou foram operações de compra e venda de imóveis. Também afirma que não é responsável pelo que seus assessores fazem da porta de seu gabinete para fora. “Ele tem explicado tudo o que acontece com ele nessas acusações infundadas”, disse Bolsonaro pai à Record. “Ao meu filho, aquele abraço, fé em Deus, que tudo será esclarecido com toda certeza”, encerrou a entrevista, concedida após Bolsonaro ter cancelado coletiva de imprensa em Davos.

Nos bastidores, o comentário era de que o presidente brasileiro quis evitar novas perguntas sobre o caso Coaf que envolve Flávio Bolsonaro. Principalmente porque estaria ao lado do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, atual ministro da Justiça, que também seria indagado sobre a questão.

Ao Jornal da Record, Jair Bolsonaro repetiu a justificativa oficial para o cancelamento: a de que estaria se resguardando para o procedimento cirúrgico a que se submeterá na volta ao Brasil para retirada da bolsa de colostomia que o acompanha desde que foi alvo de um ataque a faca em Juiz de Fora, ainda durante a campanha eleitoral. “Foi por recomendação médica”, disse.

Quebra de sigilo

O Ministério Público do Rio de Janeiro já esclareceu que não houve quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro. De acordo com a Lei 9.613, de 1998, instituições financeiras são obrigadas a informar sobre operações financeiras e transações de altos valores ou feitas em dinheiro vivo ao Coaf. O conselho, por sua vez, elabora relatórios de inteligência financeira e os encaminha para as autoridades competentes para a instauração de procedimentos de investigação, como o Ministério Público.

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