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Bolsonaro e Rodrigo Maia em  encontro formal no ano passado: nova reunião foi mais informal, mas dali saiu a estratégia para aprovar a reofrma. | Antonio Cruz/Agência Brasil
Bolsonaro e Rodrigo Maia em encontro formal no ano passado: nova reunião foi mais informal, mas dali saiu a estratégia para aprovar a reofrma.| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Pressionado pela cúpula do Congresso, por líderes aliados e por investidores privados, o presidente Jair Bolsonaro decidiu entrar diretamente no jogo da aprovação da reforma da Previdência e deu sinal verde no sábado (9) para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), organizar e encaminhar para ele os pedidos de nomeações para cargos de segundo escalão do governo nos estados. Numa conversa fora da agenda no Palácio da Alvorada, Bolsonaro só fez uma exigência a Maia: que os indicados tenham boa reputação.

Foi o primeiro encontro de Bolsonaro com Maia para articular o apoio político à reforma da Previdência. Após o encontro com Bolsonaro, no sábado mesmo, Maia já recebeu na sua residência oficial a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), e ambos já conversaram sobre nomes para ocupar os cargos. Também foi acertado que líderes partidários terão conversas diretas, a partir desta semana, com o presidente.

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“O Palácio tem um charme danado”

Segundo Maia, só o fato de o presidente receber os parlamentares, conversar com eles e ouvi-los já vai fazer muita diferença no humor de deputados e senadores, que gostam de se sentir prestigiados. Como tem dito Maia, isso faz parte da boa política e ele usa até uma pitada de ironia: “O Palácio tem um charme danado”.

Na conversa, Bolsonaro anunciou que vai liderar pessoalmente os esforços do governo e do Congresso em favor da reforma e demonstrou preocupação principalmente com as chances da proposta na sua fase inicial de tramitação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a partir de quarta-feira (13). Maia o tranquilizou, dizendo que não haverá maiores problemas na CCJ, até porque as discussões de mérito só vão começar depois, na Comissão Especial.

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No cronograma acertado entre Executivo e Legislativo, a Câmara votará primeiro a reforma geral da Previdência e só depois analisará a proposta específica para as Forças Armadas, que deverá chegar ao Congresso no fim deste mês ou no início de abril. Bolsonaro reafirmou no sábado para o presidente da Câmara que os militares também darão sua cota de sacrifício.

Maia explicou que indicações políticas são parte da democracia

Rodrigo Maia estava na residência oficial da presidência da Câmara, conversando com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que é do seu partido, o DEM, quando Bolsonaro telefonou convidando-o para a conversa no Alvorada. O encontro com o presidente durou uma hora e 15 minutos. A ministra participou. Maia vestia camisa polo de manga curta e Bolsonaro estava de roupa de ginástica, num ambiente amistoso.

“Estou otimista”, comentou depois o presidente da Câmara à reportagem sobre as possibilidades de vitória da reforma da Previdência. Ele vinha reclamando da decisão do Planalto de lotar mais de cem cargos de segundo escalão com militares e rejeitar as indicações políticas, próprias da democracia representativa, mas está convencido de que Bolsonaro compreende a importância da participação dos parlamentares e “vai entrar em campo pela aprovação da reforma”.

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O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, também está fortemente empenhado na reforma. Ele que começou o sábado tomando café da manhã com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e foi duas vezes à casa de Maia, pela manhã e à tarde. Ele integra a equipe técnica do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas, como ex-deputado, participa também da força-tarefa pela aprovação da reforma no Congresso, que o presidente da República promete agora liderar.

Comunicação é parte “capenga” na estratégia de aprovar a reforma

Na opinião dos líderes políticos e da equipe econômica, uma parte ainda “capenga” nessa estratégia é a comunicação, porque o Planalto tem “segurado” a campanha publicitária destinada, simultaneamente, à sociedade, à opinião pública, aos atores econômicos e aos parlamentares que irão votar a reforma. Essa investida de comunicação é essencial, segundo eles, para neutralizar a poderosa pressão de corporações do serviço público que estão tanto na base eleitoral quanto na base de apoio parlamentar do governo Bolsonaro.

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Outra preocupação da força-tarefa da reforma é com a Frente Evangélica, que tem uma robusta bancada no Congresso e representa um setor considerado, senão decisivo, muito importante para a eleição do presidente Bolsonaro. A Frente tem se comprometido com a aprovação do pacote antiviolência do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, mas deixando no ar uma posição em bloco a favor da reforma da Previdência.

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