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| Foto: Antônio More / Arquivo / Gazeta do Povo

Vital para os brasileiros saberem quantos e quem são, o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) vive uma crise de pessoal que pode comprometer levantamentos como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e o Censo Demográfico de 2020. É que, dos 5,7 mil servidores efetivos, concursados, do instituto, pouco mais de 1,4 mil – ou 25% – já têm condições de se aposentar.

O alerta foi feito pelo Diretor de Pesquisas do IBGE, Cláudio Dutra Crespo, em depoimento recente no Congresso Nacional. "Se não houver recomposição será difícil fazer o que fazemos hoje. Fazer pesquisa requer infraestrutura", afirmou.

Cláudio Crespo afirmou que pesquisas como a Pnad – que  levanta dados como sexo, idade, educação, trabalho e rendimento dos brasileiros, além de características dos domicílios – a ser realizada em 2019 pode ficar comprometida, assim como o Censo de 2020.

Levantamentos como esses são fundamentais não apenas para o conhecimento da realidade do país, mas para a formulação de políticas públicas.

No Censo, serão visitados 6,5 milhões de domicílios no país. Na Pnad, são 200 mil a cada trimestre. O IBGE tem contratado trabalhadores temporários para recenseadores.

O Sindicato Nacional dos Servidores do IBGE (AssIBGE) critica o que entende como precarização do trabalho a substituição progressiva de concursados por temporários, "com salários menores e condições de trabalho piores". Essa troca se dá, nos últimos anos, especialmente entre os Agentes de Pesquisa e Mapeamento, que analisam os dados das pesquisas, os indicadores.

Cláudio Crespo, diretor do IBGE, em depoimento no Congresso: "Se não houver recomposição será difícil fazer o que fazemos hoje”.Evandro Éboli/Gazeta do Povo

Segundo o sindicato, desde a redemocratização do país o número de servidores efetivos do IBGE tem diminuído. Baixou de 13,6 mil em 1989 para 5,7 mil no final de 2016. Uma perda de 57,7% ao longo de 27 anos. A perda maior se deu entre os profissionais de nível intermediário (60,7%). O número de funcionários de nível superior diminuiu 28,3%.

A publicação "Precarização do trabalho no IBGE", de abril de 2017, do AssIBGE, diz que essa redução decorre de uma tripla articulação: aposentadorias crescentes; ausência de concursos nos anos 1990 e reposição de baixa intensidade nos anos 2000; e substituição de força de trabalho efetiva por temporária. 

O número de aposentadorias cresce significativamente ao longo do tempo e isso se reflete na evolução do número de aposentados em folha de pagamento do IBGE. Tomando apenas o período mais recente, o número de aposentados sai de 5.276, em 2008, e chega a 7.074, no final de 2016, um aumento de 34,07%.

Nesse período, o IBGE concedeu um total de 2.832 aposentadorias (uma média de 354 por ano) e, na outra ponta, ingressaram no órgão 1.708 trabalhadores efetivos, via concurso (média de 244 por ano).

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