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| Foto: EVARISTO SA/AFP

Chegou a hora e a vez de Geraldo Alckmin, na visão do PSDB e de seus apoiadores, que formaram a maior aliança eleitoral deste pleito. Estão juntos com os tucanos os cinco partidos do chamado Centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD), mais PSD, PTB e PPS, que darão a ele a maior parcela do Fundo Eleitoral e também do tempo de tevê.

Mas o ex-governador de São Paulo viverá à altura das expectativas em torno dele? E saberá escolher seus oponentes e disputar com eles na corrida eleitoral, ou ficará amedrontado em enfrentar representantes da direita, como o deputado federal e candidato pelo PSL Jair Bolsonaro?

Neste sábado (4), na convenção nacional do PSDB realizada em Brasília, Alckmin mostrou que virou o jogo, pelo menos para seus apoiadores, após enfrentar meses de crise partidária e sob constante ameaça de seu apadrinhado político João Doria (PSDB), ex-prefeito de São Paulo que disputará o governo do estado.

O ex-governador foi escolhido candidato de seu partido por 288 votos, com apenas um voto contra e uma abstenção. Ele também conseguiu atrair uma mulher para ser candidata a vice-presidente – a senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul –, em uma estratégia que coloca um representante doSul na chapa.

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Mas Geraldo Alckmin mantém um discurso hermético e que tem como único inimigo o PT e a sua “herança maldida”, como o próprio Alckmin disse em seu discurso, sem fazer sequer uma referência àquele que pode ser seu principal obstáculo na corrida eleitoral de 2018: o capitão da reserva Bolsonaro. Além disso, a chapa formada por representantes do Sul e do Sudeste pode ser um grande obstáculo à conquista de eleitores no Nordeste.

Alckmin também terá de mirar outro poderoso adversário: ele mesmo. Apesar de os tucanos focarem seu discurso eleitoral no trabalhador, dizendo que vão gerar empregos, Alckmin mantém um discurso hermético, indireto, com palavras como “bazófia” e “bravata”.

Em seu discurso na convenção, Alckmin reforçou uma das mensagens centrais de sua campanha, a de que quer aumentar o nível do emprego no país. Disse que Brasil precisa de Estado menor, com menos impostos. “Vamos reformar o Estado pois escutamos o que o povo quer. Um estado eficiente, que sirva ao cidadão e não os plutocratas do corporativismo.”

Sem citar nome de outros candidatos, Alckmin disse que não se pode ter o “ódio” como fomentador de uma campanha e que a democracia é o único caminho. Também afirmou que alguns questionam se ele “tem pimenta”, apesar de se considerar preparado, e defendeu que está preparado para o momento.

“Quero empunhar essa chama chamada esperança que ficou guardada dentro de nós, com seriedade e competência administrativa acumulada há anos. Com pulso firme e alianças, me candidato à presidente, para consertar esse país, reformar a política e o Estado, para o Brasil voltar a crescer”, disse.

Obstáculos: aliados fisiológicos, suspeita de caixa dois e ligação tucana com Temer

Geraldo Alckmin terá outras dificuldades, além das já citadas. Uma delas é o peso de uma aliança com partidos conhecidos pelo fisiologismo e lideranças envolvidas em diversos esquemas de corrupção. O tema também atinge o candidato e a sua legenda, o que esvazia o discurso que sustenta contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e o PT, adversário histórico do PSDB.

Sobre Alckmin pesam suspeitas de caixa dois em campanhas, o que ele nega. Além dele, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que não confirmou presença no ato, é réu acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça na Operação Patmos, da Polícia Federal. Aécio foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, pedindo a quantia de R$ 2 milhões. O senador nega qualquer irregularidade.

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Alckmin terá, ainda, o desafio de dissociar sua imagem da do governo Michel Temer, o presidente mais impopular desde a redemocratização do país. O emedebista chegou ao poder com apoio dos tucanos, fiadores do impeachment de Dilma Rousseff (PT), e o PSDB ocupou ministérios importantes.

Ana Amélia, a vice: maior desafio da carreira

A senadora e agora candidata à vice-presidente pelo PSDB Ana Amélia disse, em seu discurso na convenção tucana, que esse é o maior desafio da sua carreira política. “Foi uma decisão difícil. Eu estava com uma campanha bem encaminhada ao senado federal. Aprendi muito e gostei muito do Senado”, disse.

A senadora elogiou o governo e a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e disse que Alckmin tem a mesma temperança que FHC. “Fiz a escolha certa. Não poderia me omitir neste momento”, afirmou.

Segundo Ana Amélia, a “regra moral” de Alckmin é a mesma que ela usa em sua atuação política: “usar bem o dinheiro do contribuinte”. A senadora afirmou que usa apenas 30% de sua verba de gabinete e mora em residência própria.

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