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Grupo Code for Curitiba: participantes aprendem empreendedorismo, tecnologia e participação na vida pública. | Lineu Filho/Lineu Filho/Gazeta do Povo
Grupo Code for Curitiba: participantes aprendem empreendedorismo, tecnologia e participação na vida pública.| Foto: Lineu Filho/Lineu Filho/Gazeta do Povo

Projetos colaborativos, práticos e acessíveis a qualquer pessoa que tenha o propósito de tornar o governo melhor foram as características que levaram a jovem publicitária Paula Berman a se tornar uma hacker-ativista do Code for Curitiba. Quando ainda morava em Chicago (EUA), no ano passado, Paula recebeu via Facebook um convite para participar do desenvolvimento do aplicativo Politikei – uma ferramenta de enquete popular para avaliação de projetos de lei. Na época, o estudante de Medicina Gustavo Guerchon e a psicóloga Fernanda Moro iniciavam a construção da ferramenta e mobilizavam gente interessada em tocar o projeto.

Leia mais: Inconformismo e sede de mudança movem os integrantes

Veja o infográfico que mostra o crescimento do hacktivismo cívico

Mas que organização é essa?

O que é

O Code for Curitiba iniciou suas atividades em outubro de 2014. É o braço local do Open Brazil, uma organização que começou na capital paranaense e atua hoje também em Brasília, São Paulo e Santa Catarina, contando com 500 membros. O Open Brazil integra uma rede internacional de hacktivismo com sede nos EUA, o Code for America.

Realizações

Conheça alguns dos feitos da brigada de Curitiba:

Kartão

Aplicativo web que permite a usuários do sistema de transporte coletivo da capital saber onde comprar e recarregar cartões de ônibus. A ferramenta fornece também a localização do veículo e permite o usuário saber quanto tempo irá demorar para chegar no ponto.

Vizin

Aplicativo de segurança compartilhada. Vizinhos podem criar grupos de bate-papo para colaborar para vigilância no bairro, emitindo alertas e facilitando o contato com a polícia.

Politikei

A ideia é que seja uma interface entre cidadão e poder público, promovendo o acesso a projetos de lei, permitindo votação em enquetes sobre eles, facilitando, assim o monitoramento dos parlamentares, além de convidar políticos a interagir com os usuários.

“Achei fascinante, um movimento sem vinculações partidárias, colaborar para fazer que os serviços públicos fossem mais eficientes. Vi que tinha bastante espaço para entrar no grupo e fazer parte da liderança do movimento”, afirma Paula. Hoje, além de trabalhar no Instituto Ajuda Paraná como analista de projetos, ela é uma das líderes da brigada do Code for Curitiba. “É um lugar de networking para pessoas que tem propósitos parecidos com o seu, qualquer pessoa que participe pode aprender sobre empreendedorismo e tecnologia.”

“Achei fascinante, um movimento sem vinculações partidárias, colaborar para fazer que os serviços públicos fossem mais eficientes”

Paula Berman  hacker-ativista do Code for Curitiba

Não é exagero dizer que o Code for Curitiba elevou o hacker-ativismo a um novo patamar no Paraná. Até o momento de sua criação, as reuniões para desenvolvimento de aplicativos cívicos eram esporádicas. A estruturação do grupo a partir de outubro de 2014 mudou o cenário e está permitindo criar uma cultura de colaboração entre sociedade e poder público.

O Code tem realizado parcerias com a prefeitura de Curitiba, que fornece dados públicos para o grupo desenvolver seus aplicativos cívicos. Essa colaboração rendeu, inclusive, o Prêmio CONIP à Secretaria de Informação e Tecnologia da prefeitura, pela articulação de soluções colaborativas para cidades inteligentes.

Mudando mentalidades

Thierry Delbart, um dos desenvolvedores sêniores do grupo, considera que o papel do Code, independentemente de partidos, é ajudar instituições públicas a se abrirem para a inovação. “A prefeitura não tem condições de fazer tudo, em vez de reclamar dos sistemas que existem, a gente contribui desenvolvendo aplicativos com dados públicos”, afirma. É uma grande mudança de mentalidade. “Não somos responsáveis por fazer todos os serviços, mas somos responsáveis para que o ecossistema de inovação cívica se desenvolva”, diz Delbart.

Inconformismo e sede de mudança movem os integrantes

O perfil dos integrantes do Code é bastante heterogêneo – reúne programadores, designers, publicitários, administradores e até universitários de turismo e medicina. Mas, muito além das diferenças, se há algo que os une é o inconformismo e a vontade de mudar a realidade. “O importante não é ter uma habilidade específica”, explica um dos coordenadores do Open Brazil, Kleber Bastos Gomes, “mas sim estar interessado em fazer parte da construção de uma sociedade melhor, onde quer que você esteja e independentemente de sua área de formação”.

Mesmo que haja um objetivo comum não deixa de ser curioso, que um estudante de Medicina, como Gustavo Guerchon faça parte do grupo. “Entrei com as ideias do Politikei, louco para desenvolver algo. Comecei a ler e a entrar no mundo das startups, fui numa “hacknight” e acabei me envolvendo com Code”, explica Guerchon. “Sou meio inconformado, sinto falta de poder influenciar a política, busco empoderar a mim e aos outros para transformar a sociedade em algo que a gente acredita.”

“Sou meio inconformado, sinto falta de poder influenciar a política, busco empoderar a mim e aos outros para transformar a sociedade em algo que a gente acredita.”

Gustavo Guerchon integrante do Open Brazil

O empoderamento é algo presente na visão também do programador e estudante de marketing Matheus Mariotto. Ele entende que a tecnologia mostra que as pessoas não precisam se colocar numa relação servil com o Estado. “As pessoas precisam saber que elas têm força. E a tecnologia mostra que podem usar essa força. Juntas, como um mesmo objetivo, conseguem impactar a sociedade.”

Na visão dos integrantes do Code, o grupo tem também o objetivo de fazer com que os cidadãos se comprometam e se sintam responsáveis pelo ambiente em que vivem. “Quando os cidadãos descobrem que podem se empoderar dos problemas e das soluções da sociedade, eles se sentem mais responsáveis por toda a decisão que precisa ser tomada e não passam a somente esperar que os políticos façam alguma coisa”, afirma Gomes. Acabam gerando soluções que muitas vezes os políticos nem chegam a pensar, ou que são muito burocráticas ou caras para o sistema público.”

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