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| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Em workshop para ensinar o “método Lava Jato” para promotores estaduais, o procurador da força-tarefa Deltan Dallagnol disse que a operação quer “superar o número de fases do Candy Crush Saga”. O jogo, popular no Facebook e em aplicativos, tem mais de 500 fases. A Lava Jato, até agora, teve 45.

Dallagnol fez a comparação em uma aula do curso ministrado para 290 procuradores de 25 Estados e o Distrito Federal - apenas Santa Catarina não teve representantes. Procuradores da força-tarefa da Lava Jato são os principais palestrantes. Alguns tópicos ensinados: “técnicas de denúncia” e “aspectos positivos e negativos da divulgação de colaborações premiadas”, entre outros.

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“Muitos [participantes] nunca negociaram uma delação premiada. Queremos permitir que as pessoas conheçam e aperfeiçoem as técnicas”, disse o procurador.

Para explicar uma operação de dólar-cabo, Dallagnol encenou um teatro. “Imaginem que um político chamado Paulo Maluf seja corrupto”, disse, aos risos da plateia. Em seguida, ele chamou um promotor, que interpretaria o doleiro Vivaldo Alves. E explicou como o dinheiro de Maluf iria para Vivaldo, depois para o exterior, e em seguida para o time do Corinthians. No fim, Dallagnol reforçou que é um exemplo hipotético e que não está acusando Maluf de ser corrupto “apesar de ele ter mandado de prisão em Nova York”.

O procurador gastou boa parte do tempo para criticar o que chamou de “críticas infundadas” sobre a Lava Jato. Disse que a operação enfrenta uma “campanha de críticas infundadas” pela internet por robôs e notícias falsas. “Usam a estratégia de Goebbels de repetir uma mentira até virar verdade”. Citou como exemplos as críticas ao número de prisões da operação e difamação de cunho pessoa.

Incentivos

Roberson Pozzobon, também integrante da força-tarefa, afirmou que as investigações têm que ser conduzidas de modo a favorecer colaborações premiadas.

“Via de regra, o colaborador não busca fazer colaboração premiada para limpar a consciência, mas como uma estratégia de defesa. Precisamos desenvolver investigações robustas para mostrar a eles que a melhor tática de defesa é reconhecer os delitos e colaborar com o estado”, disse.

Pozzobon falou sobre a “reconstrução do fato”, ou como ele denominou a organização de um conjunto de provas para mostrar ao Judiciário e à sociedade, criando um “paradigma probatório autosuficiente”.

Integrante de um grupo que investiga corrupção sindical no Rio Grande do Sul, o promotor Roger Vilarinho, do Ministério Público do Trabalho, diz que quer replicar as dicas dos procuradores da Lava Jato em seu local de trabalho.

“São táticas que podem ser aplicadas em várias frentes, nos Estados. Imagino que todos aqui querem aprender com exemplos práticos”, disse.

O curso é voltado principalmente para promotores ligados à área de patrimônio público, que investigam casos de corrupção. Os Ministérios Públicos estaduais receberam 20 vagas para o workshop, que foram preenchidas voluntariamente pelos interessados.

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