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 | Marcelo Camargo (Agência Brasil)/Roberto Stuckert Filho
| Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)/Roberto Stuckert Filho

O juiz Sérgio Moro e a ex-presidente Dilma Rousseff divergiram neste sábado (8) sobre o momento da democracia brasileira e a condução da operação Lava Jato. Os dois participaram de entrevistas no Brazil Conference at Harvard & MIT, evento organizado por estudantes brasileiros nos Estados Unidos.

Primeira a falar, Dilma demonstrou apoio à operação Lava Jato, mas disse que a investigação tem “fins políticos e ideológicos” e que pode “comprometer o sistema democrático”. A petista voltou a denunciar seu impeachment como “golpe” e alertou sobre uma suposta perseguição judiciária ao também ex-presidente Lula. “Me preocupa que prendam o Lula e tirem ele da parada.”

Dilma também fez críticas veladas a Moro. “Não é admissível juiz falar fora de processo, em qualquer lugar do mundo. O juiz não pode ser amigo do julgado. Não é possível qualquer forma de violação do direito de defesa.”

Minutos depois, Moro adotou um tom contrário sobre o momento da democracia brasileira. “Não existe nenhum problema insuperável em um regime democrático”, declarou. Depois, disse que, ao contrário do que “outros participantes” do evento declararam, “não podemos nos conformar com nossos problemas.”

O juiz usou um discurso do ex-presidente americano Theodore Roosevelt para avançar no tema: “A exposição e a punição da corrupção pública são uma honra para a uma nação, não uma desgraça. A vergonha reside na tolerância, não na correção”.

Na sequência, ligou o raciocínio ao Brasil. “Os brasileiros devem ter orgulho dessa exposição, e a mensagem que eu tenho recebido quando vou a eventos em outros países é sempre parabenizando por esse enfrentamento, não nada no sentido de vergonha.”

Evento

Além de Dilma e Moro, outros nomes da política, Judiciário e Ministério Público brasileiros foram protagonistas da conferência na Universidade de Harvard, em Boston (EUA), que começou na sexta-feira (7) e acabou neste domingo (8). Dentre eles, o procurador Deltan Dallagnol e os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, além do ministro da Saúde, Ricardo Barros, do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) e o filósofo Olávo de Carvalho.

Dilma foi entrevistada ao vivo pela professora de Harvard Frances Hagopian, enquanto Moro respondeu a perguntas do juiz federal Erik Navarro, com transmissão em tempo real.

Chapa Dilma-Temer

Na sexta-feira (7), em palestra no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do STF, Gilmar Mendes, disse que a decisão sobre o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer será a mais “grave” da história da corte. “O tribunal terá de ter noção de suas responsabilidades”, afirmou.

A cassação da chapa levaria ao fim do mandato do presidente Michel Temer (PMDB), abrindo a possibilidade de eleição indireta para o substituto no Palácio do Planalto. Mas há juristas que defendem a tese convocação de eleição direta. (colaborou Cecília Tümler)

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