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Ciro Gomes: movimento de Alckmin isolou o candidato do PDT. E até mesmo o PT gostou disso, | Evaristo Sá/AFP
Ciro Gomes: movimento de Alckmin isolou o candidato do PDT. E até mesmo o PT gostou disso,| Foto: Evaristo Sá/AFP

apoio do Centrão à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), formalizado na quinta-feira (26), tem efeitos que vão além de turbinar o tempo de televisão e de recursos financeiros da campanha tucana. No xadrez eleitoral complexo deste ano, a aliança reflete no possível cenário do segundo turno e remete às chances de repetição da conhecida polarização PT-PSDB. 

O autodenominado centro democrático – PP, PR, DEM, PRB e SD – flertou com todos os lados, especialmente com Alckmin e Ciro Gomes (PDT). E venceu o tucano, avaliado como mais conhecido, mais reflexivo, menos impulsivo, com maiores chances de chegar ao segundo turno que o pedetista. 

Alckmin não conseguiu, até o momento, resultado significativo nas pesquisas de intenção de voto, sempre abaixo dos dois dígitos. Contudo, a aliança é a aposta dos tucanos de fazê-lo passar pelo primeiro turno como o "candidato da direita". 

A importância do tempo de TV e da verba eleitoral

Além de reforçar o discurso tucano, o Centrão garante a Alckmin o maior tempo de propaganda em rádio e TV entre os candidatos à Presidência e também o caixa mais polpudo da eleição, de mais de meio milhão de reais. 

Na hora do vamos ver, apesar de todas as mudanças do pleito deste ano, esses ainda são os fatores que as campanhas consideram determinantes. "Pode ter rede social do tamanho que for. A propaganda na televisão ainda é a maior chave para crescer nas pesquisas", afirmou Bruno Araújo (PSDB-PE), um dos coordenadores da equipe tucana. 

Sem o Centrão, disputa de Ciro será com o PT para conquistar a vaga da esquerda no 2.º turno

Sem o Centrão, Ciro Gomes acabou isolado, pequeno e foi obrigado a entrar numa disputa direta com o PT pela "vaga da esquerda" no segundo turno. Desde o início, o plano de sua campanha é tirar votos petistas e se firmar como o nome da oposição. Porém, chega às vésperas da campanha menor do que entrou. 

Para os petistas, o apoio do grupo de centro a Alckmin foi a "melhor coisa que aconteceu", segundo um petista ouvido pela reportagem. E o ganho é duplo: Ciro não ganhou, mas Jair Bolsonaro (PSL) também não. 

Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários sem Lula, mas conta com fatores que tendem prejudicá-lo daqui pra frente, quando começa a campanha de fato: tem apenas 8 segundos de tempo de TV. E a aposta de todos os adversários é que acaba ficando para trás depois do início do programa eleitoral, abrindo espaço a Alckmin. 

O tucano tem a alavanca que precisava para chegar ao primeiro pelotão das pesquisas. De acordo com um aliado tucano, vai apostar ainda em ataques a Bolsonaro, concentrando-se "nas contradições e no despreparo" do “capitão reformado".

Tucanos acreditam que o 2.º turno invariavelmente será entre PSDB e PT

No PT, é firme a convicção de manter o ex-presidente Lula candidato, mesmo com ele preso. A estratégia é levar a situação dele ao limite e, indeferida sua candidatura, substituí-lo, garantindo transferência de votos. 

A principal tese tucana é que o plano B petista apoiado pelo ex-presidente Lula desidratará Ciro Gomes e a disputa deste ano será, mais uma vez, polarizada entre PT e PSDB. 

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Entre aliados, o próprio Geraldo Alckmin elogia a tática petista. Sabe que, quanto mais tarde ocorrer a substituição de Lula por um outro nome, maiores as chances de transferência dos votos. 

Acredita-se que, em um pleito tão singular, dificilmente um nome da esquerda não siga para o segundo turno. “A campanha do Geraldo [Alckmin] cresce e ganha chances reais de seguir para o segundo turno. E não acreditamos que o PT não chegue lá também, por conta de todo o cenário”, diz Bruno Araújo. 

Na cabeça dos coordenadores de campanha, então, o cenário está dado. A vaga da direita no segundo turno fica com Alckmin. A da esquerda, invariavelmente com o PT. 

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