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 | Marcelo Andrade /Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade /Gazeta do Povo

Capitão da reserva, o presidenciável Jair Bolsonaro foi engolido pelo universo político civil. Os profissionais da política, que ele tanto atacou, mas que buscou se aproximar, aplicaram-lhe uma rasteira. Ingenuidade? A tendência é o deputado ser deixado de lado na seara dos apoios políticos. Não à toa apenas oito parlamentares o acompanharam no novíssimo PSL.

Boa parte dos que dizem apoiá-lo, que dão tapinha nas costas nos corredores e no plenário da Câmara, não trocou suas grandes legendas – que oferecem tempo de TV e verba de fundo eleitoral – por um futuro incerto ao lado do candidato militar. Houve até um ensaio há duas semanas, num ato de improviso, quando foi anunciado o apoio de 110 deputados ao projeto de Bolsonaro. A lista com os supostos nomes foi entregue a ele por correligionários num envelope fechado. Balela. 

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Um certo amadorismo acompanha sua campanha. Falta tato eleitoral. Ele tem votos, mas não tem traquejo para os bastidores. Foi conversar com gente como Valdemar Costa Neto, ‘dono’ do PR e ‘profissa’ na arte da articulação política. Valdemar não é de entrar para perder. E Bolsonaro lascou-se. Saiu sem o vice de seus sonhos, o controverso senador pastor Magno Malta (PR-ES), que deu-lhe as costas. 

O candidato dizia que sua conversa era com Malta e não com o PR ou com Valdemar. O bordão popularizado por um grupo de axé baiano ilustra bem a situação: "sabe nada, inocente!" 

As últimas 24 horas mostraram a fragilidade da atuação de seu grupo. E do amadorismo político. Em evento na terça-feira (17) no interior de São Paulo, Bolsonaro disse que anunciaria no dia seguinte um general como vice. A voz forte e tonitruante do deputado Major Olímpio, que comanda o PSL de São Paulo, tratou de confirmar o general Augusto Heleno como companheiro na chapa presidencial.

Só esqueceram de combinar com o outro lado, o nanico PRP de Heleno, legenda que nem sequer tem deputado na Câmara, mas que vetou o "negócio". Virou galhofa política. O general ficou contrariado, disse que vai deixar o partido e continuar apoiando Bolsonaro. O PRP é uma legenda que abriga muitos companheiros de caserna do candidato. O presidenciável corre o risco de se ver cercado apenas por esse círculo militar. Muito pouco. 

Bolsonaro aposta nele mesmo. Nem gosta desse jogo político, mas se viu envolto nele. Só vai escolher um vice para sua chapa porque a Justiça Eleitoral obriga. Concorreria sozinho se pudesse. E sem tempo de rádio e TV. Aposta tudo nas suas redes sociais. Pode até chegar ao segundo turno, aos trancos e barrancos. Mas, pelo andar da carruagem, outros sobressaltos virão.

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