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Band realizou o primeiro debate presidencial do ano e o encontro rendeu boas tiradas dos candidatos | Nelson Almeida/AFP
Band realizou o primeiro debate presidencial do ano e o encontro rendeu boas tiradas dos candidatos| Foto: Nelson Almeida/AFP

Desde a redemocratização, o Brasil acumula uma vasta lista de frases de efeito proferidas durante debates eleitorais. De Brizola chamando Maluf de “filhote da ditadura”, em 1989, ao “eu não tenho nada a ver com isso” de Eduardo Jorge, em 2014, esses eventos são terreno fértil para os candidatos. 

No primeiro debate entre os presidenciáveis de 2018, realizado na última quinta-feira (9) pela Band, não foi diferente. Com um clima morno dominando as discussões, os pontos altos ficaram por conta das tiradas polêmicas e espirituosas dos participantes.

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Confira as dez melhores frases do 1.º debate presidencial:

“50 tons de Temer”

Guilherme Boulos (PSOL) aproveitou o debate para alfinetar candidatos que já apoiaram medidas do atual governo. Quando fez uma pergunta a Henrique Meirelles (MDB), ex-ministro da Fazenda de Temer, o candidato do PSOL afirmou: “Meirelles, você não é apenas o candidato do Temer, porque aqui tem 50 tons de Temer. Muita gente, aliás, que está dizendo que quer renovação, mudança, tem que ver onde estava no verão passado. Tudo aprovando medida do Temer, aqui”.

“Mais amor, por favor”

O candidato pelo Patriota, Cabo Daciolo, pode não ser o mais conhecido dos presidenciáveis, mas é, sem dúvida, um dos mais polêmicos. Deputado federal, ele já profetizou a cura de uma colega em plena sessão da Câmara, defendeu o fechamento do Congresso e a intervenção militar e pediu que Michel Temer abandonasse o satanismo e a maçonaria. Isso só para citar alguns exemplos.

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E ele seguiu a mesma lógica nesse primeiro debate. Ao falar sobre segurança pública, Daciolo afirmou que o que está faltando no Brasil é amor. “O grande problema que a nação está enfrentando hoje é a falta de amor, a falta de amor ao próximo. Nós estamos vendo uma sequência de homens violentos, normalmente de homens violentos com as mulheres [...] é interessante dizer que hoje o problema que nós temos está em cima da segurança e colocarmos a educação para o nosso povo para começarmos a transformar a nossa nação.”

“Quem tem que saber é você”

Se, na maior parte do tempo, os candidatos de centro mantiveram uma postura pouco agressiva, em alguns momentos isolados eles conseguiram se destacar em embates que foram, ao menos, divertidos. Quando Meirelles perguntou a Alvaro Dias (Pode) “por que houve o fracasso do governo anterior?”, o senador não titubeou. “O senhor, que esteve lá, é que deveria ter a explicação, não é?”, respondeu, sorrindo. 

O que aconteceu é que Meirelles se referia ao governo Dilma Rousseff, de qual ele não participou de nenhum cargo. Já Alvaro Dias respondeu como se Meirelles tivesse perguntado do governo Temer, do qual o candidato do MDB foi ministro da Fazenda. 

“Falou, falou e não falou nada”

Logo no início, quando os candidatos ainda se apresentavam, Alvaro Dias se perdeu no tempo a que tinha direito e acabou se estendendo ao falar sobre sua carreira política. Daciolo, que foi o próximo a se apresentar, não perdoou o deslize. Começou sua fala com “glória a Deus” e já emendou uma crítica ao senador. “Eu chamo a atenção à resposta do candidato ao lado, que falou, falou, e no final não foi dito nada.”

“Olho aberto”

Desde a pré-campanha, Alvaro Dias vem repetindo à exaustão seu slogan sobre a “refundação da República”. No debate da Band, no entanto, o candidato do Podemos adotou um novo bordão. Em várias ocasiões ele alertou: “abra o olho, povo brasileiro”. A frase normalmente vinha acompanhada do mesmo gesto: levava o indicador até a pálpebra inferior, olhava bem para a câmera e repetia a frase.

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“Foro de São Paulo”

Cabo Daciolo roubou a cena mais uma vez. Em um de seus comentários, ele afirmou que Ciro Gomes (PDT) fundou o Foro de São Paulo. “O senhor pode falar aqui para a nação brasileira sobre o plano URSAL. União da República Socialista Latino-americana.” O candidato do PDT se defendeu. “Meu estimado Cabo, eu tive muito prazer de conhecê-lo hoje e, pelo visto, o amigo também não me conhece. Eu não sei o que é isso, não fui fundador do Foro de São Paulo e acho que está respondido.”

“400 bilhões de brasileiros” e a PEC com “dois nomes”

Além das frases de efeito, geralmente ditas de propósito, alguns trechos falados pelos presidenciáveis foram involuntariamente marcantes. Cabo Daciolo se confundiu em vários momentos, o que provocou tiração de sarro na internet. Em um desses momentos, ele disse que o Brasil tem, hoje, “400 bilhões de sonegadores”. Isso seria impossível, já que o país tem pouco mais de 200 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em outro momento, ele falou sobre “a PEC 446, conhecida como PEC 300”. A confusão do candidato se deve ao fato de que ambas tratam de assuntos parecidos. Enquanto a PEC 300, em sua ementa, “estabelece que a remuneração dos Policiais Militares dos estados não poderá ser inferior à da Polícia Militar do Distrito Federal, aplicando-se também aos integrantes do Corpo de Bombeiros Militar e aos inativos”, a PEC 446 “institui o piso salarial para os servidores policiais”. Ambas foram votadas e aprovadas na mesma ocasião.

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“Porta giratória”

Seguindo sua linha de metáforas, Boulos cutucou o candidato do MDB uma vez mais, comparando-o às famigeradas portas giratórias. “Meirelles é exemplo de porta giratória. Foi presidente do BankBoston e saiu para o Banco Central. É a raposa cuidando do galinheiro.”

“Lobo mau”

A discreta Marina Silva (Rede) também não deixou de expressar opiniões um pouco mais ácidas. Depois que Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a prioridade de seu eventual governo será a educação básica, Marina veio à carga usando a história da “Chapeuzinho Vermelho” como apoio.

“Eu sei o quanto é importante uma criança ser estimulada na idade certa. [...] Agora, tomem muito cuidado, porque às vezes se faz o discurso oco da prioridade da educação, mas o condomínio já está cheio de Lobo Mau querendo comer o dinheiro da vovozinha.”

“Perdeu, playboy”

Os autores das pequenas pérolas desse debate não foram apenas os candidatos. Ricardo Boechat, jornalista que era o mediador do encontro, também contribuiu para as frases mais célebres da noite. Quando Ciro Gomes tentou esticar um comentário, alegando que não havia usado todo o tempo a que tinha direito em uma resposta anterior, Boechat brincou com o candidato. “Perdeu, playboy.”

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