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| Foto: Paixão/Gazeta do Povo

De janeiro a julho deste ano, Walderice Santos da Conceição recebeu R$ 17.240 como funcionária do gabinete do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) na Câmara dos Deputados. Reportagem da Folha de S.Paulo publicada em 11 janeiro revelou que ela era servidora fantasma do deputado, trabalhando, na verdade, como vendedora de açaí em uma praia em Angra dos Reis (RJ), onde o parlamentar tem uma casa. 

Apesar da revelação no começo do ano, Bolsonaro a manteve no cargo até esta segunda-feira (13), quando anunciou a demissão da assessora depois que a reportagem voltou ao local e mostrou que Walderice continuava vendendo açaí quando deveria estar cumprindo expediente na Câmara.

O total recebido desde janeiro corresponde ao salário mensal de R$ 1.416 reais brutos, ao adicional de férias pago em janeiro no valor de R$ 450 e aos auxílios (descritos no site da Casa como possíveis auxílios de transporte, alimentação, creche, natalidade ou salário-família) de R$ 982 por mês. Além disso, em junho aparece no contracheque da funcionária um adiantamento de gratificação natalina sem valor especificado.  

No começo da noite passada, Bolsonaro confirmou a demissão de sua funcionária em entrevista e disse que o “crime dela foi dar água para os cachorros”. “Eu cheguei em Brasília hoje e ela tinha se demitido. Por coincidência a reportagem estava lá de novo”, disse.

Nesta terça-feira (14), o candidato do PSL à Presidência afirmou que a imprensa tenta torná-lo criminoso ao falar de assessora fantasma que o parlamentar manteve em seu gabinete. “Procuraram minha mãe, caluniaram meu pai, reviraram minha infância e agora atacam uma funcionária que além de sua função tirava uma renda extra, como qualquer brasileiro humilde. A imprensa tenta me tornar criminoso, mas nem ela acredita, senão estaria me bajulando até na cadeia”, escreveu o candidato em sua conta no Twitter.

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Em seguida, publicou: “Se procurassem dos meus adversários 10% do que já procuraram de minha vida, achariam 1000% mais do que acharam. Quem sabe assim deixariam de encher linguiça nas matérias por não conseguirem mais do que um título subjetivo para derrubar quem não está no sistema!”

Assunto voltou no debate da Band

O caso voltou à tona no debate entre os presidenciáveis realizado pela TV Bandeirantes na última quinta (9). O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, perguntou a Bolsonaro “quem é Wal?”. A secretária figura desde 2003 como um dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília. Segundo moradores da região, o marido dela, Edenilson, presta serviços de caseiro ao deputado.

Depois da reportagem, o parlamentar passou a dar diferentes versões sobre a assessora. Primeiro, disse que buscou o endereço do local e viu que a “casinha” de açaí era da irmã de Walderice. Em outra tentativa de explicar, disse que sua secretária de gabinete estava em período de férias na ocasião em que a Folha visitou o local na primeira vez. Essa foi a versão dada, por exemplo, na resposta a Boulos no debate da Band.

“A sra. Wal, sra. Walderice, é uma funcionária minha em Angra dos Reis. Quando a Folha de S.Paulo foi lá [em janeiro] e não achou, botou manchete no dia seguinte de que ela estaria lá fantasma. Só que em boletim administrativo da Câmara dos Deputados de dezembro ela estava de férias”, disse Bolsonaro no debate.

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Na tarde de segunda-feira, a reportagem esteve na loja duas vezes. Na primeira, sem se identificar como jornalista, momento em que o açaí e o cupuaçu foram comprados. Não há nenhum registro de férias de Walderice atualmente. Uma hora e meia depois, a Folha voltou e se identificou. A funcionária disse que não tinha nada a declarar sobre o assunto.

Nessa ocasião, Walderice deu a entender que não queria prejudicar o presidenciável. Mais tarde, em contato com a sucursal da Folha em Brasília, disse que pediria demissão do cargo, o que acabou anunciado pelo próprio Bolsonaro.

Até esta terça, a demissão dela não havia sido publicada em boletim administrativo da Casa, mas Walderice não consta mais nos assessores lotados no gabinete de Bolsonaro.

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