Citado pelo presidenciável Jair Bolsonaro como seu curinga na área militar, caso o capitão da reserva vença a eleição, o general Augusto Heleno dispensa a responsabilidade e diz que a declaração do deputado foi apenas uma deferência. Bolsonaro praticamente anunciou Heleno como seu ministro da Defesa. Ou que terá carta branca para escolher o militar – o deputado quer um general quatro estrelas no cargo – para ocupar a pasta.
Afagos à parte, o general Heleno, que já foi Comandante Militar da Amazônia e chefiou as tropas internacionais no Haiti, entre 2004 e 2005, é um cabo eleitoral de Bolsonaro. Pressionado, nas palavras dele, para se filiar a algum partido político e disputar as eleições deste ano, Heleno diz que até agora não foi mordido pela mosca azul da política.
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"Por enquanto não me comoveram. Há muita pressão e convite. Mas ainda há tempo. Quem sabe?", afirmou o general à Gazeta do Povo. Ele tende a não entrar diretamente nessa seara.
O oficial da reserva tem dado declarações controversas, do seu estilo, sobre a intervenção no Rio, o período do regime militar e a candidatura de Bolsonaro. Ele acha que exigem muito de Bolsonaro e que há um preconceito contra ele.
"Não tem por que esse preconceito todo contra ele. Já declarei meu voto a ele. Nesse quadro que está aí, é o melhor. Agora, tem gente querendo que ele seja uma mistura de Reagan, com Churchill, com Angela Merkel, o Papa João Paulo II. Ele não é", disse o militar.
Para Heleno, atribuem muita coisa a Bolsonaro e a seu eventual governo. Ele lembra que, uma vez presidente, se Bolsonaro cometer transgressões, será tirado do poder.
"Falam a bobagem que ele irá fazer uma intervenção militar, mesmo sendo candidato numa democracia. Se não preservar a democracia há todos os instrumentos constitucionais para tirá-lo do poder", disse Heleno, se referindo a possibilidade de afastamento de um presidente por um impeachment.
Bolsonaro, no entendimento do general, conseguiu "resistir", nesses 27 anos de mandatos na Câmara, a qualquer esquema de corrupção.
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"Resistiu a esse toma lá dá cá nojento da política. Prometeu montar uma equipe com gente competente e abandonar esse hábito nocivo de indicações políticas para agradar a grupos que precisam ser cooptados".
Intervenção
O militar tem sido ouvido pelas autoridades na intervenção no Rio. Ele não acredita que possa dizer que a medida beneficia o presidente Michel Temer e que prejudica Jair Bolsonaro, que perde aí sua bandeira da segurança pública.
"É uma especulação difícil. Quem perde ou quem ganha. Sei que o fracasso da intervenção vai fazer mal a todo mundo. Não dá para torcer contra, como tem gente fazendo. Não tira bandeira de ninguém. Estamos numa situação excepcional de insegurança, com esfacelamento político e financeiro do Rio, onde a segurança é uma calamidade. A coisa precisa melhorar para ficar razoável".
A classe política do Rio é alvo de duras críticas do general. E não acha improvável uma intervenção política mesmo no estado, como chegou a cogitar o presidente Michel Temer.
"A política do Rio está esfacelada. Um ex-presidente da Câmara está preso (Eduardo Cunha), um ex-governador preso (Sérgio Cabral), o presidente da Assembleia Legislativa também (Jorge Picciani), secretários, assessores. Enfim. O Rio foi o estado mais afetado por essa situação. Corrupção, lavagem de dinheiro, montagem de esquemas. Óbvio que deve ter uma intervenção mais ampla se tiver justificativa".
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