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| Foto: Carl de Souza/AFP

Lançado oficialmente candidato a presidente da República pelo PSL, o deputado Jair Bolsonaro saiu menor do que entrou na convenção de seu partido, realizada neste domingo (22), no Centro de Convenções Sulamérica, no centro do Rio de Janeiro. Para usar uma expressão popular, que vem do basquete, ele levou seu terceiro “toco” em mais uma tentativa de emplacar um nome para compor sua chapa como vice-presidente.

O resultado de tantas negativas: o presidenciável já admite colocar um deputado de seu partido – até porque não tem nenhuma legenda aliada até agora – como vice. E citou dois nomes de nenhuma penetração nacional: Luciano Bivar (PE) e Marcelo Álvaro Antônio (MG). Ele reconhece a dificuldade.

“São os nomes que temos. Nossa lagoa é muito pequena para pescar um vice”, afirmou Bolsonaro em entrevista coletiva, após seu discurso de quase uma hora na convenção da legenda.

Depois dos “nãos” do senador Magno Malta (PR-ES) e do general Augusto Heleno, vetado pelo partido dele, o PRB, Bolsonaro centrou forças na advogada Janaina Paschoal, protagonista do movimento pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Janaina, como revelou à Gazeta do Povo no sábado (21), enxerga dificuldades em compor com Bolsonaro. Ela até compareceu na convenção e deu um balde de água fria na plateia bolsonarista, que a recebeu aos gritos de “vice, vice”. E pediu que não aplaudissem.

“Gostaria de dizer que estou muito honrada com o convite para compor a chapa de Jair Bolsonaro. Iniciamos um diálogo bastante profícuo para uma parceria de quatro anos. Mas precisa ser mair pormenorizada. É um trabalho conjunto. Será difícil. Não é possível tomar uma decisão dessas em dois dias”, disse a advogada.

VEJA COMO FOI: a convenção nacional do PSl que lançou Bolsonaro presidente

Na coletiva, Bolsonaro demonstrou pouco otimismo com a adesão de Janaina a seu lado. “Ela tem duas filhas e disse que iria consultar a família. Normal. Antes, estava inclinada a disputar uma vaga para deputada estadual”, disse um resignado presidenciável.

Com cerca de 3 mil pessoas, a convenção contou com militantes animados

No local da convenção, apoiadores de Bolsonaro exibiram camisetas com a foto do candidato, muitas faixas, pessoas fantasiadas de militares e plaquinhas com dizeres como “mito”, “mulheres com Bolsonaro” e “me chama de corrupto, porra!”. O slogan da campanha já está definido: “Muda Brasil de verdade”. O jingle é no ritmo de um baião.

Bolsonaro lidera as pesquisas eleitorais mais recentes no cenário em que Luiz Inácio Lula da Silva não aparece. O militar varia entre 17% a 20% nas aferições. No salão da convenção, muitos pais com crianças vestindo camisetas com foto de Bolsonaro e até com vestidos verde-oliva. Para entrar no local, a fila era grande. Muitas faixas de apoio.

Bolsonaro se apresentou como o “patinho feio” das eleições. Ele disse que seu partido não terá muito tempo de TV e nem recursos do fundo eleitoral – que ele pretende abrir mão –, mas que tem o apoio do povo a seu lado. “Sou um patinho feio nessa história. Mas tenho certeza que seremos bonitos brevemente.”

Soltou algumas frases de efeitos. “Eu me chamo Messias, mas não sou o salvador da Pátria”, afirmou o agora candidato, que até reconheceu que cometeu alguns erros no passado, como defender o fechamento do Congresso Nacional anos atrás. Depois de ter tentado o apoio do PR, Bolsonaro “agradeceu” o fato de o Centrão ter migrado para o lado de Geraldo Alckmin, do PSDB.

Culpa pela candidatura é do PT

O deputado revelou a razão que o levou a disputar a Presidência da República e abrir mão de uma reeleição garantida para um oitavo mandato de deputado federal. A culpa foi do PT. “Algo precisava ser feito para mudar o destino do país. Não gozava de prestígio e era fustigado o tempo todo. Pensei: tenho que arriscar meu mandato e buscar uma cadeira presidencial. Era uma ação que estaria botando fim a minha carreira de deputado federal, mas quem jurou dar a vida pela pátria o que é dar a vida por um mandato”.

Temas da vida pessoal, comuns em seus discursos, foram mais uma abordados . Dessa vez, Bolsonaro contou que tinha decidido a não ter mais filhos. Aí, casou-se novamente, com a atual mulher, Michele, que tinha o desejo de ter filho. O deputado do PSL relatou no discurso que refez a cirurgia. “E quando se faz a cirurgia, não muda nada, viu, machões aqui presentes”.

Na entrevista, Bolsonaro voltou a ser perguntado sobre os temas polêmicos que o cercam. Ele disse que se for feita uma pesquisa entre os afrodescendentes, a maioria vai se posicionar contra as contas para negros nas instituições de ensino. Reafirmou que o país, por conta do politicamente correto, está perdendo “a alegria de contar piada”.

Perguntado qual seria seu primeiro ato como presidente respondeu que seria montar sua equipe. Com a insistência dos jornalistas contou que baixaria um decreto para reabrir o prazo para o registro de cadastramento de armas. “Há oito milhões na clandestinidade”.

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