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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A pesquisa Datafolha divulgada no último domingo (15) soou como um alerta para a candidatura a presidente do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Ele não apenas empacou. Mas também vem perdendo intenções de voto ao longo do tempo. Tem rejeição relativamente alta – o que significa que terá dificuldade para crescer. E não tem desempenho de campeão de votos nem mesmo onde é mais conhecido e deveria liderar com folga: em São Paulo e no eleitorado simpático ao PSDB.

Fora das pesquisas, o tucano também enfrenta problemas que ameaçam sua candidatura. A Lava Jato está no seu encalço. E ele vê aliados de primeira hora desconfiados de sua viabilidade, além de ensaiarem uma guerra interna que pode enfraquecer os apoios de que tanto precisa.

A Gazeta do Povo elaborou uma lista de oito sinais de que a candidatura de Alckmin corre risco de naufragar – o que faria com que o PSDB, pela primeira vez desde 1994, não tivesse um candidato viável ao Planalto.

1) Alckmin é só o 5.º lugar nas pesquisas. E vem perdendo terreno

Nos nove cenários avaliados pelo último Datafolha, Alckmin está em 5.º lugar em todos eles. É um desempenho fraquíssimo para um candidato do PSDB, partido que desde 1994 conquista pelo menos o segundo lugar nas eleições presidenciais. O porcentual de intenções de voto do ex-governador paulista varia de 6% a 8%, muito distante de lhe assegurar uma vaga no segundo turno.

O desempenho de Alckmin também apresenta uma trajetória descendente. No Datafolha de fevereiro de 2016, por exemplo, ele tinha 12%.

A pesquisa do último domingo ainda mostra que, se o tucano chegar ao segundo turno, não teria vida fácil com praticamente nenhum adversário. A pesquisa simulou cinco cenários com Alckmin na etapa final da eleição. Ele ganharia apenas um com folga, estaria num empate técnico em outros dois e perderia de dois concorrentes.

As derrotas certas de Alckmin seriam para Lula (48% a 27%) e Marina Silva (44% a 27%). O Datafolha mostra um empate técnico dele com Jair Bolsonaro (33% para o tucano contra 32% do adversário) e Ciro Gomes (32% a 32%) – a margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Alckmin só ganharia com folga do petista Jaques Wagner (41% a 17%).

Veja os principais números da pesquisa Datafolha

2) Tucano não deslancha nem no seu próprio estado

Alckmin não deslancha nem mesmo onde era de se esperar que tivesse um desempenho melhor. O Datafolha mostra que, no estado de São Paulo, Alckmin oscila entre 13% e 17% das intenções de voto dependendo do cenário.

O tucano, com intenção de voto entre 13% e 14%, fica em terceiro nos três cenários com Lula (o primeiro, com 20%). Bolsonaro é o segundo (com porcentuais entre 14% e 15%). Nas simulações sem Lula, Alckmin faz entre 16% e 17% e está na frente em dois cenários (com Bolsonaro em segundo) e atrás desse adversário em quatro.

Uma possível explicação para a dificuldade de Alckmin para abrir dianteira em seu próprio estado vem de outro dado do Datafolha: ele deixou o governo paulista com avaliação positiva (ótimo e bom) de apenas 36% da população, contra 22% de ruim e péssimo, e 40% de regular.

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3) Alckmin só teria o voto de um em cada quatro eleitores simpáticos ao PSDB

O Datafolha também mostra que Alckmin não vai bem mesmo entre os “tucanos”. Dentre os eleitores que dizem que o PSDB é seu partido de preferência, apenas 25% escolheram o ex-governador de São Paulo como candidato em que votariam para presidente. Um dado comparativo mostra como o apoio a Alckmin entre o eleitorado do PSDB é baixo. Lula foi escolhido por 70% dos eleitores que dizem preferir o PT como partido.

4) Rejeição relativamente alta significa dificuldade de conquistar novos eleitores

O potencial de crescimento de Alckmin durante a campanha, que pode ser aferido pela sua rejeição, não é dos maiores. Segundo o Datafolha, o tucano é rejeitado por 29% dos eleitores brasileiros – que dizem que não votarão nele de jeito nenhum. Dos principais candidatos, ele só é menos rejeitado do que Lula (36%) e Bolsonaro (31%). A diferença é que os outros dois lideram as pesquisas.

Quanto mais rejeitado, menos chance o candidato tem de conquistar novos eleitores. Nesse sentido, a rejeição de Alckmin – num patamar próximo ao de Lula e Bolsonaro – é muito pior para o tucano, que precisa crescer nas pesquisas para chegar ao segundo turno. Em tese, Lula e Bolsonaro só precisam manter o que já conquistaram.

5) Aliados procuram vice que ajude Alckmin a crescer nas pesquisas

O PSDB está procurando outros candidatos de centro para “alertá-los” de que, se não estiverem unidos, correm o risco de não chegarem ao segundo turno da eleição contra forças da direita ou da esquerda. Alvaro Dias (Podemos) foi um dos procurados.

Na prática, o que os tucanos querem é tentar atrai-los com a oferta da vaga de vice de Alckmin, o que poderia ajudar o candidato do PSDB a crescer nas pesquisas embalado pelas intenções de voto do seu vice.

SAIBA MAIS: Veja o que Alvaro Dias disse sobre a possibilidade de ser vice de Alckmin

Já o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), aliado de Alckmin, sugeriu que o pré-candidato a presidente pelo seu partido, Joaquim Barbosa, a principal “novidade” do último Datafolha, seja o vice de Alckmin. Afirmou que vai trabalhar para que isso se concretize.

A tentativa de aproximação de Alckmin com Alvaro e Barbosa indica aquilo que o tucano não quer admitir: pelas suas próprias pernas, terá dificuldades quase intransponíveis para chegar à Presidência.

6) FHC fez de tudo para que PSDB apoiasse outro candidato: Luciano Huck

O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso foi o principal incentivador da candidatura presidencial do apresentador de televisão Luciano Huck. Nos bastidores, isso foi interpretado como um reconhecimento interno de que Alckmin terá muita dificuldade para se viabilizar eleitoralmente.

O principal risco para o ex-governador paulista é que, se ele não crescer nas pesquisas, acabe perdendo apoios de peso dentro do próprio partido.

7) João Doria e Márcio França, aliados de Alckmin, brigam e ameaçam prejudicar o tucano

Dois dos principais aliados de Alckmin – o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) e o governador paulista Márcio França (PSB) – são candidatos ao governo. E já estão em guerra, trocando acusações em público.

Doria tenta associar Márcio França a Lula, ao PT e à extrema esquerda. Chamou o atual governador de “Márcio Cuba”. Recebeu em resposta a acusação de que “abandonou a cidade de São Paulo” e fez “aquilo que ele sabe fazer de melhor: mentir, plantar o ódio e semear a divisão”.

A disputa entre Doria (“cria” de Alckmin) e França (ex-vice do tucano) ameaça rachar a base do presidenciável em seu próprio território, prejudicando sua campanha ao Planalto.

8) Lava Jato chega perto de Alckmin

O braço paulista da Operação Lava Jato parece que decidiu acordar. E o principal alvo virou o PSDB, que comandou o estado de São Paulo por décadas. A prisão no início de abril de Paulo Vieira de Souza, o “Paulo Preto”, é um motivo de preocupação para Alckmin. Paulo Preto, acusado de corrupção, é tido como operador do PSDB. Ele comandou, durante governos tucanos, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), estatal paulista responsável por obras em estradas.

Alckmin também vai responder na Justiça Eleitoral por caixa 2 de campanha pago pela empreiteira Odebrecht. O caso é um desdobramento das delações dos ex-executivos da construtora.

A possibilidade de que acusações contra Alckmin venham a público durante a campanha eleitoral será um risco que o tucano terá de correr se quiser manter sua candidatura. Um risco que poderá desgastá-lo, inviabilizando sua pretensão de chegar à Presidência.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95% – o que significa que, se a pesquisa for realizada com a mesma metodologia 100 vezes, em 95 os resultados estarão dentro da margem de erro. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.

A pesquisa do Datafolha que mediu a avaliação do governo Alckmin em São Paulo ouviu 1.954 paulistas de 16 anos ou mais entre os dias 11 e 13 de abril em 68 municípios. O levantamento, encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo, tem margem de erro 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%. Isso significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.

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