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| Foto: Evaristo Sa /AFP

A insistência do PT em manter a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República vem afastando aliados tradicionais, como o PDT. Sem o apoio dos petistas, o pré-candidato pedetista Ciro Gomes ensaia uma guinada ao centro, abrindo diálogo com dois parceiros até então improváveis: o Democratas e o Partido Progressista (PP).

Com o DEM, as tratativas estariam mais adiantadas. Essa negociação causou um racha no antigo PFL, partido que, por sobrevivência política, nunca lança candidato próprio ao Planalto – apesar da pré-candidatura do deputado Rodrigo Maia estar sobre a mesa – e prefere compor coligações nas chapas de outras siglas. No DEM, tem de tudo: apoiadores da candidatura própria, que perde força a cada dia; entusiastas de Jair Bolsonaro (PSL) e outros de Geraldo Alckmin (PSDB). E, agora, a surpresa da possível adesão a Ciro.

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"Eu prefiro apoiar um louco previsível, como o Bolsonaro, do que um louco absolutamente imprevisível como o Ciro Gomes", disse o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), um dos vice-líderes do partido na Câmara e pré-candidato ao Senado. Fraga defende que o partido decida logo o rumo que irá tomar. "Mas tem que ser uma decisão de todos, e não da cúpula", disse ele, que é coordenador da ‘bancada da bala’ na Casa. 

Um analista mais frio desse momento, o deputado Efraim Filho (DEM-PB), outro vice-líder, avalia que a definição das alianças mesmo se dará na primeira quinzena de julho, com a concretização no final daquele mês.

"Estamos num ano confuso e todo mundo ainda vendo para onde o vento vai soprar. A sociedade está distante da política, das eleições. Os políticos com a imagem desgastada. É preciso tempo para uma avaliação mais sólida. Pesquisas nesse momento são só uma foto, é preciso entender qual vai ser o filme", disse Efraim, que aposta que, mesmo com mau desempenho de Rodrigo Maia nas pesquisas, o DEM terá papel importante na eleição pelo seu poder de "aglutinação".

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"Essa aproximação com o Ciro é a abertura de um canal com alguém que tem a capacidade em dialogar com as ideias de centro. Há um isolamento do PT na extrema esquerda, o que facilitou o diálogo com o Ciro, que está se afastando dos petistas", avalia Efraim. 

Legenda das mais atingidas pelos escândalos de corrupção, o PP percebeu a possibilidade real de Ciro vencer a eleição e tratou de se aproximar. O pedetista não tem se negado a conversar com o PP. Um parlamentar do Progressistas, que pediu anonimato, diz que se o partido tem uma virtude é o de perceber de longe possibilidades de poder. "Somos bom nisso. Não à toa o partido abriu esse canal com o Ciro Gomes".

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