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 | Roque de Sá/Agência Senado
| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Duas semanas depois de o PTC ter divulgado um comunicado afirmando que não lançaria candidato próprio à Presidência da República, o senador e ex-presidente Fernando Collor voltou a afirmar que vai concorrer ao cargo nas próximas eleições. Em entrevista concedida nesta quinta-feira (12) à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Collor falou sobre o processo de impeachment de que foi alvo, em 1992, disse que o ex-presidente Lula (PT) é vítima de perseguição do Judiciário e que Dilma Rousseff (PT) foi afastada do Palácio do Planalto por não ter dado a devida importância ao Congresso Nacional.

“Todos vocês sabem que não tenho procuração e sequer afinidade ideológica com o ex-presidente Lula para dizer o que vou dizer. Mas, no meu entendimento enquanto cidadão, ex-presidente e senador, eu entendo que vêm sendo cometidas enormes injustiças em relação ao ex-presidente. Primeiro que ele não poderia ser tratado da maneira como está sendo tratado por um juizado de primeira instância”, opinou Collor.

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Para ele, ao longo do processo que acabou condenando Lula a 12 anos e um mês de prisão não foram apresentadas provas irrefutáveis de que o petista era mesmo proprietário do apartamento no Guarujá atribuído a ele. “O imóvel estava inscrito no nome de uma construtora e tinha sido oferecido por ela como garantia de um empréstimo que ela estava tomando junto a uma agencia bancária. Ora, se o imóvel está sendo oferecido como garantia, como dizer que esse imóvel pertence ao ex-presidente Lula?”

A “perseguição” a Lula e o poder Judiciário

O julgamento em primeira instância condenou Lula a nove anos de prisão. A pena foi posteriormente aumentada, na segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). “O TRF4 aumenta de nove para 12 anos sem que qualquer fato novo tivesse sido oferecido”, disse Collor.

Isso acontece, segundo ele, porque o Judiciário está extrapolando seus limites de poder. “Há um excesso cometido pelo Ministério Público Federal, sem dúvida nenhuma. O MPF vem se atribuindo poderes que a Constituição não confere a ele como organismo público. Eles estão se empoderando de forma demasiada, bem como o juizado de primeira instância”, disse.

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Senador por Alagoas desde 2007, Collor também fez críticas às delações premiadas e à maneira como está sendo conduzida a Lava Jato. “A operação em curso, que tem esse sugestivo nome até um pouco de mau gosto, é uma operação que em si tem seus bons propósitos. Acontece que a execução dessa operação foi dada a pessoas ainda imberbes, de calças curtas, que não têm ainda consciência da realidade que nos cerca.”

Para o ex-presidente, os juízes e procuradores envolvidos na Lava Jato não têm a experiência necessária. “[As pessoas que executam a Lava Jato] estão atraidas pelos holofotes da mídia e se colocam como arautos da verdade, da moral, dos bons costumes. Eles não foram eleitos, não passaram pelo crivo da vontade popular. Esses que estão agindo dessa maneira são apenas indicados. Outros são concursados, mas concurso publico não é definitivamente passaporte para a honestidade.”

A defesa de Lula e os aliados do PT vêm usando um discurso parecido para enfatizar que o petista vem sofrendo perseguição política. Collor corrobora esse discurso. “É uma sanha de perseguição que não tem precedentes. Remonta à Idade Média, à inquisição. O que o Ministério Público está fazendo hoje seletivamente contra alguns políticos, amanhã pode estar fazendo contra qualquer outra pessoa.”

Entretanto, o senador afirma que não concorda com a avaliação de que essa perseguição a Lula serve, em última instância, para inviabilizar a candidatura dele à Presidência. Collor diz acreditar que a candidatura do petista será homologada pela convenção nacional do partido e que, depois, será apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para ele, Lula tem o direito de se expressar enquanto pré-candidato. “Nesse período, ele pode aparecer nas pesquisas e tem que ser lhe dado o direito de falar. Na condição de pré-candidato não se pode colocar uma mordaça nele. Existem métodos e maneiras de fazer isso. Não é para o ex-presidente sair de onde está, subir em um trio elétrico e fazer um comício. Mas ele pode receber um advogado que grave sua declaração e que ela possa ser divulgada.”

O impeachment de Dilma

Collor e Dilma têm um impeachment em comum. Enquanto ele renunciou antes que o processo contra ele chegasse ao fim, ela só saiu do Planalto depois que todos os recursos se esgotaram. Mas, na opinião do senador, as coincidências param por aí.

“Em relação a mim é claro que houve uma manifestação muito forte de reação contrária à forma como eu vinha tratando o Congresso. Esse foi o grande erro que cometi. Em relação a Dilma havia outras questões. Além da pouca importância que ela deu ao Congresso, para não dizer nenhuma, ela não estava gerenciando a economia como deveria. As pedaladas existiram e foram o gancho que juntou toda a insatisfação para levá-la ao impeachment.”

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