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Comandante do Exército, general Villas Boas teve reuniões com dez presidenciáveis, incluindo Marina Silva (Rede) | Reprodução/Twitter
Comandante do Exército, general Villas Boas teve reuniões com dez presidenciáveis, incluindo Marina Silva (Rede)| Foto: Reprodução/Twitter

Os militares ganharam proeminência política neste período eleitoral. Passa de uma centena o número de candidatos da caserna a vários cargos, em destaque o presidenciável e capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL). Mas no âmbito do Executivo, no governo Michel Temer, o comandante do Exército e general quatro estrelas Eduardo Villas Boas assumiu atribuições pouca afeitas ao cargo, ou "missões" diferentes dos outros titulares desse posto. 

Na agenda do general Villas Boas passou a constar encontros com presidenciáveis. Isso mesmo. E já foram conversas com dez postulantes ao Palácio do Planalto: Alvaro Dias (Podemos), Jair Bolsonaro (PSL), Manuela D´Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Paulo Rabello de Castro (PSC), Aldo Rebelo (Solidariedade), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). Ele também se encontrou com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM).

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O Comando do Exército informou à Gazeta do Povo que o general recebe autoridades dos três poderes para tratar de assuntos das Forças Armadas (FA), como defesa nacional. "E ressaltar a importância da adoção de políticas que garantam o avanço indispensável dos programas estratégicos da Força, bem como a estabilidade orçamentária, a recuperação remuneratória e a manutenção da operacionalidade da Força, com equipamentos e tecnologias atuais", informou o Comando à reportagem. 

"É importante que a sociedade discuta os temas defesa e segurança, para que, no futuro, sejam tomadas as melhores decisões", completou o Comando.

No Twitter, o general Villas Boas publicou fotos do encontro com alguns pré-candidatos. Ele escreveu que tem usado os encontros para mostrar aos presidenciáveis a importância de discutir temas sobre defesa e segurança e para falar sobre as “dificuldades orçamentárias que impactam negativamente as FA”.

PSOL crítica o que chama de “sabatinas” do general Villas Boas

Incomodado por não ter sido chamado para uma conversa com o general Villas Boas, o PSOL fez críticas a esses encontros. Seu candidato a presidente é a liderança dos sem-teto Guilherme Boulos. O líder do partido na Câmara, Chico Alencar (PSOL-RJ), credita o não convite ao fato de a legenda "recusar a tutela militar sobre a política". 

"E que queremos que as Forças Armadas  deixem de assumir o passado de torturas que, como política de Estado, sua alta cúpula de então praticou", disse Alencar. E afirmou achar estranho essas "sabatinas": "Também consideramos estranho que um general queira 'sabatinar' os pré-candidatos a presidente. Ele se considera com poderes especiais?"

General ganhou espaço no universo político

Os encontros do general Villas Boas com presidenciáveis chamam a atenção. Por que o general promove esses encontros? Que poderes têm para tal? E os presidenciáveis? Por que comparecem se têm agendas lotadas? Por que o comandante do Exército e não de outras forças? São muitas as perguntas. 

Fato é que o general ganhou um espaço no universo político. É corajoso. Ele fez elogios públicos ao general Hamilton Mourão – aquele que acusou o presidente Michel Temer de transformar o Planalto num 'balcão de negócios' – quando esse oficial foi para reserva. E publicou sobre o amigo:  "Soldado na essência d´alma! Todos te agradecemos amigo Mourão os exemplos de camaradagem, disciplina intelectual e liderança pelo exemplo".

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Temer, que afastou Mourão do cargo que ocupava no Ministério da Defesa, é o comandante das Forças Armadas, mas não se conhece uma palavra dele de incômodo com os elogios de Villas Boas a Mourão, seu desafeto.  

Em abril, na véspera de o STF julgar o habeas corpus que poderia tirar Lula da cadeia, o general Villas Boas, numa manifestação política e fora do tom para o titular desse cargo, foi às suas redes sociais dizer que o Exército "repudia a impunidade e o desrespeito à Constituição, a paz social e a democracia". Com a ameaça de que a força estava atenta "às suas missões institucionais". De novo, nenhum comentário do presidente Temer. 

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