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| Foto: Nelson Almeida/AFP

A entrevista exclusiva que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu ao jornal Folha de S. Paulo, divulgada nesta quinta-feira (1º), repercutiu no meio político. O petista falou sobre várias coisas: disse que não pensa em plano B para o PT caso não possa se candidatar; afirmou ser vítima de um conluio internacional tramado pelos Estados Unidos e executado pelo juiz Sergio Moro e o Ministério Público; disse que o presidente Michel Temer foi vítima de uma tentativa de golpe liderada pela Rede Globo no caso JBS; e ainda cutucou o ex-ministro Ciro Gomes pelas críticas que tele têm feito contra o PT e o próprio ex-presidente. Confira a seguir algumas das reações à entrevista:

Para Ciro Gomes, Lula parece não perceber o que acontece no país

O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) comentou a declaração de Lula de “ou Ciro vai para a direita ou não pode brigar com o PT, pois nenhum candidato ganharia a eleição sem apoio do partido ou do PSDB”

Ao ser questionado pelo apresentador José Luiz Datena, da Rádio Bandeirantes, Ciro inicialmente saiu em defesa de Lula, dizendo que antes de ser uma pessoa de luta, tinha um coração e que não era nada fácil para alguém com a trajetória do petista carregar uma condenação.

Na sequência, o pré-candidato classificou a afirmação de Lula sobre a subordinação dos candidatos ao PT ou PSDB como grave e rebateu o ex-presidente: “Lula parece não estar percebendo corretamente o que está acontecendo no país.”

Segundo o pré-candidato, a fala de Lula alimenta a polarização entre direita e esquerda sem debater questões importantes para o Brasil. “É a velha história de repartir o país entre coxinhas e mortadelas, caracterizar esse enfrentamento por miudices, ódios e paixões, enquanto o país está sofrendo todo o tipo de grave constrangimento no emprego, salário, violência, educação, saúde pública, que é o que de fato deveríamos estar discutindo”, disse.

Segundo Ciro, os resultados apresentados pelo PT nas eleições de 2014 varreram o partido dos municípios brasileiros. “Em São Paulo tinha um prefeito bastante respeitável e ficou fora do segundo turno”, afirmou, fazendo referência a Fernando Haddad, que cogita para vice da sua chapa à Presidência.

Ciro afirma que Lula não percebe a repulsa generalizada e até merecida da população em relação ao PT e que o ex-presidente estaria até melhor que o próprio partido.

Parlamentares veem aceno de Lula ao governo

A entrevista de Lula ao jornal Folha de S. Paulo repercutiu no Congresso, principalmente o ponto em que o petista afirma que presidente Michel Temer foi alvo de uma tentativa de golpe, por causa da divulgação dos áudios do peemedebista com o empresário Joesley Batista.

O líder o PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), vê a possibilidade de um aceno do ex-presidente ao MDB para eventuais alianças regionais nestas eleições. “É um aceno de bandeira branca, talvez. Alguém que chamou o Temer o tempo todo de golpista está colocando ele como vítima”, diz.

O líder da Rede Sustentabilidade no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), afirma ter tido impressão semelhante. “Reapareceu o velho Lula pragmático, que estava um pouco escondido. Pensa em eleições, em quaisquer alianças para atingir o objetivo [de vencer a disputa]. Não duvido que em uma eventual vitória terá aliança com o velho da política, com o MDB. O próprio Lula sepultou o discurso do golpe”, diz.

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), diz que Lula fez bem ao não cogitar uma candidatura alternativa. “Aceitar o plano B é aceitar a criminalização do Lula e legitimar uma eleição que, sem ele, será uma fraude. As pessoas que patrocinaram e financiaram o golpe queriam que o PT apresentasse um nome alternativo para fazer uma eleição de faz de conta. Nós não vamos fazer isso. Não vamos facilitar nem legitimar a escalada autoritária no país”, afirma.

Já o líder do PSB, Julio Delgado (MG), diz discordar da afirmação de que as eleições serão novamente polarizadas entre PT e PSDB. “Lula, assim como o pessoal da direita, está colocando esta eleição como se ela fosse uma eleição típica, normal, e ela será totalmente diferente”, afirma.

Para Delgado, a fala de Lula reflete a posição “de alguém que sabe a realidade que está lhe aguardando”. “Mais inteligente que todos nós o Lula é. Ele sabe que está inelegível, apesar da insistência e da luta do partido”, afirmou. Segundo ele, o ex-presidente faz um gesto de resistência ao dizer que lutará até o fim por sua candidatura, para preservar o partido e sua posição.

Até Lula reconhece que houve tentativa de golpe contra Temer, diz Marun

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, elogiou a declaração do ex-presidente de que o presidente Michel Temer sofreu uma tentativa de golpe. Segundo ele, só os veículos de imprensa não acreditam que o peemedebista foi alvo de uma conspiração do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, ao ele ter apresentado duas denúncias contra Temer.

“Só vocês [da imprensa] que não acreditaram que não era golpe. Até o Lula reconhece. Não obstante aquela bateção de bumbo dos partidos de oposição, só não reconhece quem não vê o óbvio: de que houve uma conspiração que eu chamo de asquerosa que tentou efetivamente depor o presidente entre maio e novembro do ano passado”, disse.

“O presidente Lula, como muitos, tem suas virtudes e os seus defeitos. Ele não pode concorrer as próximas eleições, mas também não estou aqui para dizer que tudo o que ele fez e tudo o que ele disse é errado”, afirmou Marun.

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