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| Foto: Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo

O Democratas – ou melhor, o velho PFL – lançou na quinta-feira (8) a candidatura de Rodrigo Maia a presidente do Brasil. Um projeto difícil de se concretizar. Ter candidato próprio nunca foi vocação desse partido, que sempre esteve na sombra de outro, em especial do PSDB. Um satélite dos tucanos. O país chega neste ano à sua oitava eleição direta para Presidência da República desde o final de 20 anos de ditadura militar.

E, ao longo das últimas três décadas, os liberais do PFL/DEM só disputaram o Planalto uma vez com candidato próprio. E foi lá em 1989, na primeira eleição direta, com o mineiro Aureliano Chaves. Mas ele teve desempenho pífio, não chegou a 1% dos votos. Ficou em nono lugar entre os 23 candidatos. Muito pouco. O 1% de Aureliano é o que Rodrigo Maia tem hoje na última pesquisa Datafolha, divulgada no fim de janeiro. PFL, ou DEM, e 1%: tudo a ver. 

Um pouco dessa história. O PFL ocupou duas vezes a vice-presidência da República, com o senador Marco Maciel, na chapa vitoriosa de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Não se tem conhecimento de qual foi o percentual de votos garantidos pela presença dos liberais na chapa encabeçada pelo tucano e tido como o "pai do Real". 

O PFL voltou a ser vice na chapa de outro tucano, Geraldo Alckmin, em 2006, e novamente contou com um senador na chapa, José Jorge. Dessa vez foram derrotados, com a chapa alcançando a proeza de obter menos votos no segundo turno do que no primeiro. Lula se reelegeu nesse ano. Em 2010, José Serra saiu candidato a presidente com o deputado federal Índio da Costa, do DEM, na vice. Perderam para Dilma Rousseff. 

Imagens de maços de dinheiro – no total de R$ 1,3 milhão – derrubaram talvez a mais competitiva candidatura do DEM. A então governadora Roseana Sarney, do Maranhão, que tinha bom desempenho nas pesquisas em 2002, foi alvo de uma operação da Polícia Federal, episódio conhecido como caso Lunus, que derrubou sua pretensão de suceder FHC.

Ela não se candidatou, seu grupo político se afastou dos tucanos – acusados de armarem contra ela – naquela eleição e o dinheiro acabou devolvido à filha de José Sarney um ano depois, após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região entender que não havia necessidade daquela operação. Aí, já era tarde. E Lula foi eleito pela primeira vez. 

O PFL/DEM nunca foi popular, bom de voto. Sua gênese é da ditadura, velha Arena e PDS. O último presidente-general, João Batista Figueiredo, disse preferir cheiro dos cavalos ao do povo. É isso. O PFL, digo Democratas, não tem o cheiro do povo. Foi o que faltou a seu vice, Aureliano Chaves, na aventura de 1989: cheiro do povo. E é o que continua faltando ao partido.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 29 e 30 de janeiro, após o julgamento no TRF-4, que ocorreu no dia 24. O Datafolha ouviu 2.826 eleitores em 174 municípios. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou menos. E tem um nível de confiança de 95%, o que significa que, se a pesquisa for repetida 100 vezes, em 95 os resultados vão estar dentro da margem e erro. O levantamento, encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR 05351/2018.

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