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| Foto: Mauro Pimentel/AFP

A direção das medidas econômicas em um eventual governo Bolsonaro será a do liberalismo, sem guinadas bruscas na condução do programa, em especial o de energia, e com alinhamento entre o que propõem os técnicos e os militares. Essa é a visão de Luciano de Castro, formulador das propostas para a área de energia do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). O especialista falou com a Gazeta do Povo na manhã desta quarta-feira (17). 

Nas últimas semanas, surgiram alguns atritos na campanha de Bolsonaro que levantaram o questionamento se há um descompasso entre o pensamento de Bolsonaro e dos militares com o de seus técnicos, como o economista liberal Paulo Guedes. O candidato, por exemplo, afirmou que não vai privatizar a parte de geração de energia da Eletrobras, jogando um balde de água fria no mercado. 

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Luciano de Castro afirma que as declarações de Bolsonaro são, na verdade, a forma de o candidato expor aos especialistas que as propostas terão de ser reformuladas para passar no Congresso. Isso não significa, porém, que elas devem ser abandonadas. 

“Às vezes que ele [Bolsonaro] tem discordância com o Paulo Guedes, não é discordância. O que ele está colocando é dizer: ‘Paulo, isso do jeito que está não passa’”, exemplificou Castro. “Não é que ele estava contra as ideias. Ele estava falando para fazer de outro jeito.”

O especialista em energia diz que tais sinalizações de Bolsonaro são fruto da experiência de sete mandatos como deputado federal. “Ele vai orientar a equipe dizendo que tem de ir naquela direção ou nesta, pois conhece o Congresso.” 

Propostas serão debatidas depois do 2.º turno

Segundo Castro, Bolsonaro está focado na campanha eleitoral e todas as propostas ainda serão debatidas com detalhes depois do segundo turno. Ele também afirma que há grande união e contato constante entre os formuladores técnicos da campanha e os militares.  

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Questionado se houve divergências entre a proposta da equipe técnica em privatizar a Eletrobras e a visão de Bolsonaro de que não se vende o miolo da companhia, Castro apaziguou a situação. “O candidato está muito focado na eleição. Ele tem dedicado toda a atenção dele na eleição. Isso toma muito tempo dele e toda a atenção. O que vai acontecer é que depois da eleição a gente vai entrar em outro modo, de debater.” 

Castro nega desavenças entre generais e técnicos

Luciano de Castro nega que haja descasamento entre as visões dos generais e a dos especialistas nas variadas áreas que ajudam o candidato do PSL. “Tenho contato com os generais. Estive com o General Ferreira [cotado para ser ministro de uma superpasta da Infraestrutura]. Existe uma relação muito próxima com pessoal de Brasília, com os técnicos e com a equipe do Paulo Guedes”, disse Castro.

Ele também afirmou que a condução da política energética será muito diferente da que foi implementada durante a gestão do PT, mas que não haverá mudanças bruscas, e sim conversadas e planejadas.

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“Não tem nada de dar cavalo de pau. Vai ser conversado com os agentes. Mas de fato vamos ter um contraste em relação ao PT, e bem grande. O PT fazia as mudanças [no setor energético] a portas fechadas e impunha de forma autoritária. O que vamos fazer é uma postura democrática, de conversar com os agentes e reduzir a participação do Estado na economia, favorecer o liberalismo”, afirmou.

Dificuldades em privatizar e leilão do pré-sal

Questionado como a rejeição pelo Senado do projeto de lei que permitia a venda da distribuidora da Eletrobras no Amazonas afeta o plano de privatizações de Bolsonaro, Castro falou que será preciso rediscutir o caso. “O que aconteceu ontem foi realmente algo muito ruim. Foi lamentável. A gente tem de replanejar. Eu estava com uma forte esperança de que ia ser resolvido. Agora teremos de rediscutir.” 

DESEJOS PARA O BRASILUma política moralmente exemplar

O formulador energético reforçou que um eventual governo Bolsonaro vai fazer o mega leilão de petróleo do pré-sal no ano que vem. O leilão estava previsto para acontecer neste ano e, segundo a equipe econômica, até R$ 100 bilhões poderia ser injetados no Tesouro Nacional, mas o governo Temer não teve tempo hábil para realização.

Perguntado se o megaleilão é esperado para compensar a não-recriação de um imposto nos moldes da CPMF(cogitada por Paulo Guedes e negada por Bolsonaro) e ainda permitir a redução do Imposto de Renda (o candidato quer isentar quem ganha até R$ 5 mil), Castro respondeu: “[O leilão] pode resolver muita coisa. Esperamos que vá trazer bastante receita. Uma das coisas mais lamentáveis que aconteceram no período do PT foi a perda de R$ 1 trilhão para a economia sem a realização de leilões. Isso nunca vamos fazer. Vamos fazer leilões.”

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