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Geraldo Alckmin (PSDB) : em  pesquisas recentes, pré-candidato não ultrapassa os 7% nas intenções de  voto | ANTONIO SCORZA/AFP
Geraldo Alckmin (PSDB) : em pesquisas recentes, pré-candidato não ultrapassa os 7% nas intenções de voto| Foto: ANTONIO SCORZA/AFP

Jânio Quadros tinha a “vassourinha” na campanha à presidência em 1960. Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, tem o ‘Talckmin’, aplicativo criado para mobilizar a militância da candidatura do ex-governador de São Paulo. Lançado há pouco mais de um mês em versão beta, já registrou mais de 2 mil downloads, segundo números do partido.

O foco do aplicativo é falar diretamente com os adeptos do PSDB, e não necessariamente atrair novos eleitores à candidatura do tucano. Segundo o coordenador das redes sociais do partido, Marcelo Vitorino, a equipe ainda trabalha na implantação de melhorias. Alguns problemas ainda são observados – a reportagem da Gazeta do Povo baixou o app em dois celulares diferentes, um com sistema operacional iOS e outro com Android. Algumas funcionalidades reagiram melhor no iOS, como o acesso às abas que compõem a plataforma; já o envio de mensagem destinada ao ex-governador paulista, por exemplo, só foi possível no Android.

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A plataforma disponibiliza vídeos, imagens, matérias, artigos, a agenda do pré-candidato e demais conteúdos, já prontos para serem compartilhados pelos usuários. Cada item conta com uma pontuação, ou “medalha”, computada ao usuário assim que ele compartilha o conteúdo pelas redes sociais. Os mais generosos na disseminação do material entram para um ranking de pontuação, e disputam prêmios. Na primeira quinzena de junho, os dez melhores classificados vão poder participar de um encontro com o presidenciável.

O aplicativo conta também com uma aba específica para boatos. Ainda vazia, a ideia é que, com uma ‘fake news’ publicada nesse espaço pelo administrador do app, o usuário compartilhe já com a resposta do partido, esclarecendo o tema. Outras ferramentas dão ao usuário a possibilidade de mandar uma mensagem ao ex-governador, convidar outras pessoas para o app, acionar notificações e habilitar as redes sociais nas quais deseja compartilhar conteúdo do aplicativo.

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Ainda segundo Vitorino, a expectativa é que até julho o app passe a funcionar integralmente, com mais funcionalidades. Uma delas vai permitir aos usuários agendarem encontros para discutir estratégias de militância independentemente do partido.

O PSDB pretende usar ainda outras duas ferramentas para ampliar a penetração do nome do tucano junto ao eleitorado. Uma delas, o hotsite ‘Eu apoio Geraldo Alckmin’, oferece aos simpatizantes três possibilidades de apoio: doações, militância virtual ou eventos de rua. No ar desde 31 de maio, já registrou pelo menos 20 intenções de doações, informa o partido. Um ChatBot (software de respostas automáticas), um programa de financiamento coletivo e um WhatsApp serão utilizados também para juntar forças à campanha do tucano. Em pesquisas recentes, o pré-candidato do partido não passa dos 7% nas intenções de voto.

Reprodução/Facebook

Sistema de recompensa

“Acho uma boa ideia, no sentido de que aproxima o partido dos militantes”, avalia André Miceli, coordenador do curso de MBA em Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A escolha do nome foi boa, dá uma proximidade com o próprio Alckmin, embora a gente saiba que ele vai ter muito pouca interação por meio do app”, acrescenta.

O sistema de recompensa oferecido pela plataforma é uma maneira de medir o engajamento dos usuários do aplicativo. Segundo o especialista, os três modelos mais comuns de motivação dos usuários desse tipo de ferramenta se baseiam na relação de sentimento — quando o usuário gosta ou detesta alguém —, por dinheiro ou por o que é classificado como status. Caso do Talckmin, por pontuar os mais ativos para então premiá-los.

“Esse modelo de pagamento com medalha tem a ver com status e no longo prazo o que essas pessoas esperam é uma contrapartida através de apoio, ou novos cargos”, sinaliza Miceli.

Para o especialista, o modelo do app, que permite a colaboração, também estimula a competição entre os militantes. “Isso acaba se revertendo em mais engajamento. Acho que foi uma escolha acertada do partido, porque transmite uma pegada mais moderna, um jeito novo de se fazer política, coisa que o PSDB precisa definitivamente em virtude da deterioração de algumas figuras que representam o partido”, sintetiza.

App ficha limpa

O projeto Vigie Aqui, do instituto Reclame Aqui, lançou este ano o aplicativo Detector de Ficha de Político, que permite, por meio da tecnologia de reconhecimento facial com 98% de precisão, identificar o político fotografado. Ao fazer a foto pelo celular, o software revela na tela do aparelho quais processos de corrupção ou improbidade administrativa os pré-candidatos respondem na Justiça.

Criado anteriormente como um plugin —o Vigie Aqui —, o aplicativo surgiu em maio deste ano com o nome Detector de Corrupção. Mas precisou trocar de nome, segundo o próprio Reclame Aqui, que informa ter recebido uma série de ameaças judiciais por parte de políticos.

“Bolsonaro Defender”, “Vem pra massa”, “Lula presidente”

O Talckmin por enquanto ainda é uma iniciativa pioneira da candidatura de Alckmin. Nenhum outro pré-candidato à presidência conta com ferramenta semelhante, oficial, disponível nas lojas de aplicativos. Mas uma busca pelo nome dos presidenciáveis revela plataformas curiosas.

Uma busca por Jair Bolsonaro na PlayStore, por exemplo, revela 37 aplicativos com o nome do pré-candidato. Entre os itens, estão games como “Bolsonaro Guardião da Galáxia”, “Bolsonaro Defender”, “The Legend of Bolsomito”, “Corre Comuna” e “A Cuspida”, em referência ao episódio envolvendo ele e o deputado federal Jean Willys (Psol-RJ). “Bolsonaro voador” já conta com mais de 100 mil downloads. Já “Bolsonabo no Whatsapp” faz pouco caso das frases do pré-candidato, e já foi baixado por mais de 10 mil usuários.

Com o nome de Lula, são 18 aplicativos, nem todos favoráveis ao ex-presidente, hoje preso. Dois deles se chamam “Flappy Lula”: em um deles, o personagem que remete à figura do petista precisa desviar de obstáculos tendo como cenário uma imagem do Congresso Nacional. A página do jogo na PlayStore informa que ele foi criado quando foi deflagrada a operação Lava Jato. Já o “Lula Presidente #2018” permite adicionar, em fotos, tarjas e selos em apoio ao petista.

Ciro Gomes conta com dois na PlayStore, nenhum deles atrelado à candidatura do pedetista. Marina Silva (Rede) tem um, criado em apoio a sua candidatura a presidente em 2014.

“Seguindo esses modelos de engajamento, esse [o criador de um aplicativo não oficial de um candidato] é o cara que faz por sentimento, ou porque ele gosta ou porque ele detesta o Bolsonaro, ou o Lula”, completa.

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