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| Foto: Evaristo SA/AFP

A separação litigiosa do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) e da ex-mulher Ana Cristina Siqueira Valle envolveu um processo de cerca de 500 páginas obtido pela revista Veja e revelado na noite de quinta-feira (27). Segundo o material, Ana Cristina deu entrada a uma ação na 1.ª Vara de Família do Tribunal do Rio de Janeiro, em 2008, alegando que o ex-marido ocultava patrimônio e resistia a fazer uma partilha justa de bens. O caso, porém, acabou sendo encerrado em 2017 sem esclarecimentos.

No documento, Ana Cristina acusou Bolsonaro de ocultar patrimônio da Justiça Eleitoral em 2006. O deputado teria declarado, na época, que tinha um terreno, uma sala comercial, três carros e duas aplicações financeiras de R$ 433.934. Mas, segundo a ex-mulher, o político tinha, além dos bens declarados, três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes. Os bens do casal, em valores de hoje, somariam cerca de R$ 7,8 milhões, segundo a reportagem da Veja. No ano de 2006, Bolsonaro foi candidato a deputado federal – e eleito em seguida.

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Ana Cristina também acusou o ex-marido de furtar US$ 30 mil e mais R$ 800 mil – sendo R$ 600 mil em joias e mais R$ 200 mil em dinheiro vivo – de um cofre que ela mantinha em uma agência do Banco do Brasil, em 26 de outubro de 2007. O caso resultou em um boletim de ocorrência registrado na 5.ª Delegacia de Polícia Civil, no mesmo dia.

A ex-mulher também disse no processo que a renda mensal do deputado na época chegava a R$ 100 mil. Bolsonaro recebia, segundo Ana Cristina, “outros proventos” além do salário de parlamentar – à época, segundo a Veja, de R$ 26,7 mil como parlamentar e outros R$ 8.600 como militar da reserva. Ela não especificou quais seriam as fontes extras.

Outro lado

Questionada pela revista Veja, Ana Cristina se esquivou de comentar as informações da reportagem. Ela também não explicou sobre como resolveu o litígio com Bolsonaro e passou a apoiá-lo publicamente. “Quando você está magoado, fala coisas que não deveria”, limitou-se a dizer à revista.

Sobre as joias, a ex-mulher afirmou: “era coisa minha, que juntei. Coisas do meu ex-marido, joias que ganhei do Jair”. Questionada sobre por que não atendeu às convocações para depor na polícia sobre o caso, Ana Cristina respondeu: “Não lembro. Fiquei quieta”. Por quê? “Não me sentia à vontade. Iria dar um escândalo para ele e para mim. Deixei para lá”, disse à revista Veja.

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Procurando pela reportagem da Veja, o candidato pelo PSL não se manifestou.

Caso Itamaraty

O processo a qual a Veja teve acesso também constam as informações divulgadas pela Folha de S.Paulo sobre a disputa da guarda do filho do casal, Jair Renan. A reportagem do jornal teve acesso a documentos obtidos junto ao Itamaraty em que Ana Cristina afirmou que sofria ameaças de morte de Bolsonaro e que teria ido para a Noruega por medo do deputado.

A ex-mulher, contudo, publicou um vídeo nesta semana negando ter sido ameaçada de morte. “Venho aqui muito indignada desmentir a suja Folha de S.Paulo, [que] publica que o Jair me ameaçou de morte. Nunca. Pai do meu filho, meu ex-marido, ele é muito querido por mim e por todos. Ele não tem essa índole para poder fazer tal coisa. Bom pai, bom ex-marido, foi um bom marido também. Espero que vocês acreditem que essa mídia suja só quer denegrir a imagem dele, porque ele tá em primeiro lugar nas pesquisas e assim vai ficar. Porque eu acredito que ele ganhe em primeiro turno, espero que vocês acreditem também. Então fica aqui meu recado, mídia suja, não adianta, nada vai fazer com que ele caia. Ele tá em pé, depois de tudo o que aconteceu e vai continuar, e vai chegar à Presidência, se depender de mim”, afirmou Ana Cristina.

Atualmente, Ana Cristina é ex-servidora da Câmara Municipal de Resende (RJ), usa o sobrenome Bolsonaro e é candidata a deputada federal pelo Podemos. Ela faz, junto com o seu filho Renan, campanha para o marido ser presidente. 

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