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 | Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil
| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil

O pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) articula intensamente nos bastidores o apoio dos partidos do Centrão – bloco liderado, entre outros, pelo Democratas – ao seu projeto político de chegar ao Palácio do Planalto. Mas a aliança esbarra em um entrave que tem nome e sobrenome: Cid Ferreira Gomes, irmão de Ciro e coordenador da campanha dele.

Deputados federais do DEM que relutam em apoiar o pedetista usam como argumento o temperamento de Cid e lembram do duro ataque que ele fez à Câmara, em 2015, quando disse haver ali “entre 300 e 400 achacadores”. Cid era ministro da Educação do governo Dilma Rousseff na ocasião. A declaração havia sido feita num evento na Universidade Federal do Pará. 

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"Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior, melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”, disse Cid, no final de fevereiro de 2015. 

Convocado para falar no plenário da Câmara em sessão presidida pelo então presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e explicar sua declaração, em março daquele ano, Cid não recuou no que disse. "Sempre tive e terei profundo respeito pelo Legislativo. Isso não quer dizer que concorde com a postura de alguns, de vários, de muitos aqui que, mesmo estando no governo, os seus partidos participando do governo, têm postura de oportunismo. Partidos de situação têm o dever de ser situação. Ou então larguem o osso. Saíam do governo e vão para a oposição", reafirmou Cid naquele dia de 2015. Logo em seguida, ele deixou o cargo.

Mágoa e ressentimento

Um dos principais defensores dentro do DEM do apoio do partido ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o deputado Alberto Fraga (DF) cita esse episódio o tempo inteiro a seus correligionários, e a deputados de outros partidos. 

"O Cid Gomes chamou 400 deputados dessa Legislatura de achacadores! Não é possível que agora se esqueçam disso assim, facilmente. E o Ciro ratificou as palavras do irmão", disse ele, que defende que o partido libere as alianças nos estados e não feche com ninguém para a disputa nacional. Assim, um integrante do partido pode apoiar quem desejar. "O Ciro representa tudo que condenamos nesses treze anos do PT no governo. Lutamos para tirar esses 'esquerdopatas' do poder", disse Fraga.

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Para se ter uma ideia das dificuldades da negociação, o DEM tem 43 deputados na Câmara. Destes, apenas cinco declararam abertamente sua preferência por Ciro Gomes. Os aliados de Bolsonaro dizem que o candidato-militar tem o apoio de outros 20, enquanto dez parlamentares democratas estariam com o pré-candidato tucano Geraldo Alckmin.

Recentemente, há menos de um mês, Cid esteve na Câmara. No cafezinho do plenário conversou com alguns deputados. Um deles até brincou: "você é corajoso de voltar aqui". 

Um deputado do DEM que apoia Ciro, e que preferiu o anonimato, disse que esse episódio envolvendo Cid é coisa do passado.  "O momento é outro. Quem é candidato a presidente é o Ciro e não o Cid. Então, bola para frente", disse esse parlamentar.

Cid Gomes foi procurado pela Gazeta do Povo, por intermédio de sua assessoria, mas não houve retorno à reportagem. 

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