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Joaquim Barbosa na chegada à sua apresentação oficial no PSB: ele virou o centro das atenções, mas parece não estar com pressa de definri se será candidato | Evaristo Sá/AFP
Joaquim Barbosa na chegada à sua apresentação oficial no PSB: ele virou o centro das atenções, mas parece não estar com pressa de definri se será candidato| Foto: Evaristo Sá/AFP

“Who cares?” (“Quem se importa?”, em inglês). Essa foi a frase que marcou o primeiro encontro oficial do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa com seu partido, o PSB, na tarde de quinta-feira (19). A pergunta de Barbosa na verdade foi sua resposta quando perguntado se a demora em definir sua candidatura a presidente não poderia prejudicar alianças do partido com outras siglas.

Em 2013, quando o Congresso aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que criava quatro novos tribunais federais, essa também foi a resposta dada por ele. Na ocasião, a declaração foi vista como “desprezo” dele pelos congressistas.

Mas, afinal, quem se importa com as alianças partidárias?

Os correligionários de Barbosa se importam com as alianças. A pouco mais de cinco meses das eleições, o tempo ainda é aliado. As conversas nos bastidores correm. Como em toda eleição. Mas o lema tem sido a cautela. Deputados do PSB contam que a procura por alianças vai do DEM ao PT. Mas dizem que ainda é cedo para fechar as negociações. Na direção do PSB, o discurso oficial é aguardar. “Um tijolo por vez”, afirmou o presidente da legenda, Carlos Siqueira.

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“As novas regras eleitorais, com a mudança da janela partidária para mais próximo das eleições [a possibilidade de trocar de partido ocorreu entre março e abril] ampliou a pré-campanha. Por isso está todo mundo correndo como se já fosse a hora da disputa”, disse um dos correligionários de Barbosa que prefere colocar “panos quentes” sobre a personalidade “forte” do ex-ministro.

PSB vai esperar o “tempo” de Joaquim Barbosa. Mas irá pressioná-lo a se decidir

Embora convencidos a respeitar o “tempo” de Barbosa para anunciar a decisão de ser ou não o nome da legenda na corrida à Presidência, o PSB sabe que não pode esperar até os acréscimos do segundo tempo.

Em entrevista à imprensa após a reunião da quinta-feira (19), o ex-ministro do STF disse que ainda “não se convenceu” sobre a candidatura. A data limite para registro da candidatura na Justiça Eleitoral é 15 de agosto.

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Mesmo nomes que o apoiam e ajudaram a levá-lo para o PSB, como o deputado federal Júlio Delgado (MG), dizem que haverá uma pressão sobre o ex-ministro quando os prazos eleitorais forem se aproximando. “Tem uma nova modalidade de arrecadação na campanha, a vaquinha virtual, que tem prazo iniciando em maio. Se o ministro deixar pra se decidir no último momento, vai perder dois, quase três meses de doações. Ninguém quer isso. E ele sabe que tem um bom potencial de arrecadação”, disse o deputado.

“Demorar a bater o martelo pode inviabilizar apoios”

Mas a PSB tem sido procurado – e tem procurado – o diálogo com outros partidos. E um fator em especial pesa na hora de articular alianças: o tempo de televisão, sempre disputado e motivo de diversas coligações que o eleitor tem dificuldades de compreender.

“Demorar a bater o martelo pode inviabilizar apoios. Uns podem não ter paciência e decidir seguir um rumo próprio”, destacou um dos nomes do PSB que ainda veem o nome do ex-ministro com ressalvas.

Os pontos fortes e fracos de Joaquim Barbosa

Joaquim Barbosa aparece bem colocado nas pesquisas – teve 10% das intenções de voto no último Datafolha divulgado no dia 15. Isso é visto internamente como positivo e com grande potencial de crescimento. Ele é também um rosto conhecido. Poucos não ouviram falar dele durante o julgamento do mensalão, que prendeu figuras de destaque no PT.

Mas o traquejo político lhe falta. A cúpula do PSB diz não se importar com isso. “Ninguém governa sozinho. E ele aprende”, afirmou um aliado.

Quem se opõe a sua candidatura, contudo, faz questão de lembrar o caso da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a quem faltou habilidade de diálogo com correligionários, o que desencadeou um processo de Impeachment.

Metodologia da pesquisa Datafolha

A pesquisa Datafolha citada na reportagem foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 eleitores com 16 anos ou mais em 227 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa, encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo, está registrada no TSE sob número BR-08510/2018.

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