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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos signatários do manifesto, que se apresenta como suprapartidário. | Wilson Dias/ Agência Brasil/Fotos Públicas
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos signatários do manifesto, que se apresenta como suprapartidário.| Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil/Fotos Públicas

A disparada de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas de intenção de voto à Presidência da República acendeu o sinal amarelo de partidos adversários, que tradicionalmente lideram e polarizam nas eleições. Conversas nos bastidores têm ocorrido há meses. Mas o primeiro movimento concreto de enfrentamento foi formalizado nesta terça-feira (5), com o lançamento de um manifesto em defesa de uma candidatura única de centro. 

Liderada pelo PSDB, a mobilização envolve nomes de destaque na política nacional, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, além do deputado federal Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB, e do senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Outros parlamentares, como os deputados Benito Gama (PTB-BA) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), também devem assinar o manifesto. 

O documento tem 17 pontos com alguns princípios fundamentais, como defesa da democracia, compromisso com educação e saúde, ética, responsabilidade fiscal, entre outros. Acenando à direita, o manifesto fala em “postura firme” na segurança pública, “tolerância zero” com o crime organizado e desburocratização de licenciamento ambiental.

“É com este espírito, com o coração carregado de patriotismo, a noção clara da urgência e o sentimento que o Brasil é muito maior que a presente crise, que os signatários deste manifesto têm a ousadia de propor a união política de todos os segmentos democráticos e reformistas. Se tivermos êxito, estaremos dando uma inestimável contribuição para afastarmos do palco alternativas de poder que prenunciam um horizonte sombrio, e reafirmarmos nosso compromisso com a liberdade, a justiça e um Brasil melhor”, informa o documento de oito páginas. “Tudo que o Brasil não precisa, para a construção de seu futuro, é de mais intolerância, radicalismo e instabilidade”.

As tentativas de evitar a fragmentação de candidaturas na corrida presidencial tem sido assunto de conversas entre líderes partidários em diversas frentes. Outro entusiasta da ideia é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ainda mantém sua pré-candidatura à Presidência da República, mas deve acabar disputando a reeleição, que já falou a respeito com tucanos e até com o presidente Michel Temer.

Fragmentação de candidaturas

O grupo se preocupa que a fragmentação de candidaturas leve ao segundo turno nomes de extrema direita e esquerda. Além de Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) também merece cuidados, na visão deles. 

As pesquisas de opinião divulgadas recentemente preocupam ainda mais o grupo. Em um levantamento do Data Poder 360, Jair Bolsonaro oscila entre 21% e 25% das intenções de voto. Ciro vem em seguida, com 11% a 12% dos votos. 

A disputa presidencial deste ano tem sido considerada por analistas a mais incerta desde a redemocratização. Mais de 20 nomes já se lançaram. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa foi o primeiro a anunciar a desistência, dando início a um movimento considerado natural. Cientistas políticos destacam que o lançamento de pré-candidaturas serve muitas vezes de teste, termômetro da popularidade. 

Embora o número de candidatos à Presidência vá inevitavelmente diminuir, a ideia de unificar uma candidatura tem poucas chances de prosperar. Parlamentares que não apoiam o movimento acreditam que alguns partidos vão se unir de forma natural, como PSDB e DEM, e até o MDB. Contudo, acham difícil que, por exemplo, Marina Silva (Rede) desista da disputa. 

Além disso, pesa o fato de o grupo haver se fragmentado após Michel Temer assumir a Presidência. As legendas consideradas de centro estiveram juntas no impeachment de Dilma Rousseff (PT), mas acabaram tomando rumos distintos com os seguidos escândalos enfrentados pelo emedebista – o presidente com a menor taxa de popularidade e o mais alto índice de rejeição da história. De qualquer forma, a divulgação do manifesto torna mais práticas as conversas de eventuais apoios. 

Ainda essa semana, o grupo deve começar as conversas bilaterais com Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM) Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Paulo Rabello de Castro (PSC), Flávio Rocha (PRB) e João Amoêdo (Novo). A maioria do grupo entende que Alckmin é a melhor opção dentre os postulantes, apesar de patinar nas pesquisas de intenção de voto. No levantamento do Data Poder 360, o tucano aparece com 6% de preferência do eleitorado.

Metodologia da pesquisa

O levantamento Data Poder 360 fez 10,5 mil entrevistas por telefone, com pessoas de 349 cidades de todas as regiões do país, entre 25 e 31 de maio. A margem de erro é de 1,8 ponto porcentual para mais ou para menos. O registro da pesquisa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-09186/2018. O estudo é aplicado por meio de um sistema no qual os entrevistados recebem uma ligação com uma gravação e respondem a perguntas por meio do teclado do telefone.

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