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| Foto: Fellipe Sampaio / SCO/STF

A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva (Rede) e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) foram os grandes vencedores na mais recente pesquisa* de intenção de votos. Se separados os dois pré-candidatos mostram grande fôlego eleitoral, a ideia de ter os dois numa mesma chapa animou parte do eleitorado e dos interessados na corrida eleitoral. Mas será que duas personalidades fortes como a de Marina e Joaquim aceitariam uma aliança, revivendo a parceria que não foi colocada à prova entre Marina e Eduardo Campos (PSB) na última eleição presidencial?

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Setores da centro-esquerda enxergam em Marina e Barbosa uma alternativa à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). 

“Existe um certo entusiasmo por parte de alguns membros da Rede de uma chapa Marina-Joaquim. Há pesquisas que mostram que ela (uma aliança) seria imbatível”, afirmou fonte ligada à Rede à Gazeta do Povo

Marina obteve 10% das intenções de voto na pesquisa e Joaquim Barbosa registrou 8%, colocando-se em terceira e quarta posição, atrás apenas de Lula (31% das intenções de voto) e Bolsonaro (15%). Ambos aparecem à frente de nomes como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), deixando para trás oponentes de diversas vertentes políticas. 

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Em cenário de pesquisa no qual o candidato do PT é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, Marina fica em segundo (15%), tecnicamente empatada com Bolsonaro (17%), com Barbosa ganhando um ponto percentual de intenções de voto (9%). Se decidissem unir forças, Marina e Barbosa ocupariam um espaço difícil de ser conquistado por outros candidatos, como Gomes, que brigam pelo voto de centro-esquerda.

A consultoria internacional Eurasia avalia que com a percepção crescente de que Lula ficará de fora da eleição (ele se enquadra na lei da Ficha Limpa e não poderia ter a candidatura aceita), Marina e Ciro ficam com parte dos votos de eleitores do petista. A consultoria afirma em análise a seus clientes que o que mais surpreendeu na recente pesquisa foi o crescimento registrado por Marina. 

“Essa tendência provavelmente ocorre principalmente pelo amplo reconhecimento do nome de Marina e também por seu perfil. Ela é mais conhecida do que qualquer outro candidato da extrema-esquerda, e no contexto no qual a base eleitoral de Lula está começando a procurar alternativas, provavelmente ela estava melhor posicionada para herdar esse apoio”, afirmou a Eurasia, em correspondência a clientes. 

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A especulação de uma parceria com Barbosa, que poderia ser chamado a ser vice de Marina, ganhou força nesse cenário, aponta a consultoria. 

Outro ponto forte de uma possível aliança é a complementariedade entre as intenções de voto de Barbosa e de Marina. Segundo o Datafolha, Barbosa tem maior penetração entre os eleitores com mais renda e escolaridade. Já Marina tem mais votos entre eleitores de menor renda e escolaridade mais baixa. Entre eleitores com renda acima de dez salários mínimos, Barbosa tem 12% das intenções de voto. Já Marina, entre os eleitores que recebem até dois salários mínimos ao mês registrou 11% das intenções, contra apenas 6% para Barbosa. 

Guerra de pesos-pesados: quem seria o vice? 

Ricardo Caichiolo, professor doutor de Ciência Política e coordenador da pós-graduação do Ibmec em Brasília, avalia que apesar de Marina ter mais intenções de voto na pesquisa, o PSB entra nessa mesa de negociações com mais a oferecer e pode pedir que o candidato a presidente seja Barbosa, com Marina vice.  

“O grande interessado numa aliança é muito mais a Rede que o PSB, por conta da estrutura que o PSB tem, como tempo de televisão. Na ultima eleição, Marina aceitou ser vice de Eduardo Campos. Não vejo Marina sendo resistente a uma coligação com Barbosa, mesmo como vice dele. Mas não imagino o Barbosa aceitando e nem o PSB ser vice, pois apesar de estar com menor intenção de votos que a Marina, ele tem rejeição muito baixa, tem muito potencial para crescer e é uma chapa interessante, com um negro e uma mulher”, avalia o professor. 

Os fortes egos podem ser um fator a dificultar a parceria, avalia um advogado que atua para partido da extrema-esquerda e opinou em condição de anonimato. Para esse analista, tanto a ex-senadora quando o ex-ministro querem ter o protagonismo na chapa, o que pode inviabilizar a parceria.

“As negociações para composição das chapas ainda estão em aberto. No atual momento, é mais fácil Marina e Barbosa conversarem do que, por exemplo, Marina e Ciro. O único porém para fechar a chapa é que Barbosa já declarou que não aceita ser vice. E com a última pesquisa DataFolha, muita coisa deve ser reavaliada. A união numa mesma chapa de Marina e Barbosa tem muito mais chance de vitória do que uma chapa, por exemplo, com Alckmin e Meirelles”, afirmou. 

Outro ponto ainda nebuloso é quanto às propostas que a chapa Barbosa-Marina poderia apresentar, em especial na economia. Barbosa se apresenta como um candidato mais ligado à esquerda ou ao centro, mas foi algoz do PT no processo do Mensalão. 

Na economia, especula-se entre agentes do mercado financeiro que Barbosa está sendo assessorado por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de uma linha mais desenvolvimentista, o que não agrada ao mercado. 

Também há dúvidas se Eduardo Gianetti, economista de viés mais liberal que ajudou a formular as plataformas de Marina na última campanha, acompanharia a chapa formada com Barbosa. Essa também é uma perspectiva que desagrada ao mercado financeiro. 

*Metodologia

A nova pesquisa Datafolha, que foi feita entre quarta, 11, e sexta-feira, 13, teve como base 4.194 entrevistas em 227 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob número BR-08510/2018.

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