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| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

Em tempos de polarização política a máxima parece ainda mais verdadeira: quem não é visto, não é lembrado. E Marina Silva, candidata à Presidência pela Rede, parece ter percebido isso depois da repercussão do último debate entre os presidenciáveis, realizado na sexta-feira (17) pela RedeTV.

Confrontada por Jair Bolsonaro (PSL), a candidata abandonou sua postura normalmente serena e foi da primeira à quinta marcha ao criticar atitudes e opiniões do adversário. Nas redes sociais, usuários enalteceram a atitude firme de Marina, conhecida por sua fala normalmente mansa e sua dificuldade para se posicionar sobre temas espinhosos. Ela foi citada por Henrique Meirelles (MDB) nas redes sociais e elogiada por Ana Amélia (PP), candidata a vice de Geraldo Alckmin (PSDB).

De sexta-feira para cá, a presidenciável mudou o tom de suas postagens nas redes sociais. No sábado (18), ela replicou por escrito, no Twitter e no Facebook, as respostas que deu ao deputado – foram 60 segundos inteiros de considerações sobre a maneira como as mulheres são tratadas pelo mercado de trabalho.

Além de outras frases ditas por ela durante o debate, a candidata da Rede compartilhou ainda trechos que mostram seu embate com o adversário do PSL. No domingo (19), publicou um vídeo em que faz um discurso inflamado sobre os direitos das mulheres.

“Quando você tentou fazer uma faculdade, muitas foram desqualificadas. ‘Mas você, fazer faculdade? Coisa nenhuma!’ Quando você tentou um emprego, foi desqualificada, subestimada. Quando você ficou sozinha com filhos para criar: ‘Agora ela vai dar trabalho para o pai, para a mãe e para o irmão’. Mas você educou seus filhos, você criou seus filhos”, diz ela.

O trecho tem menos de um minuto, mas mostra um claro aceno de sua campanha ao eleitorado feminino. “Você mostrou que mulher não é para ser subestimada, mulher é para ser respeitada! Respeitada com salário igual, respeitada com oportunidade igual!”

Na manhã desta segunda-feira (20), novo posicionamento firme de Marina, agora respondendo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em entrevista publicada pelo jornal O Globo, FHC disse que não acredita que ela vá para o segundo turno. “Ela tem pouco tempo de TV. Há uma certa fragilidade na candidatura, nela mesma. O povo sente isso. Ela tem uma causa, é aberta, mas falta um pouco de malignidade”, afirmou ele.

A resposta da acreana veio rápido, também pelas redes sociais. E trouxe uma alfinetada à candidatura do partido de FHC, cuja chapa é encabeçada por Geraldo Alckmin. “Com todo o respeito e admiração que tenho por @FHC, o que trouxe o país à crise atual não foram boas intenções, mas sim o excesso de malignidade — aliás, muito presente na coligação do candidato tucano.”

No debate

A mudança de postura de Marina começou no debate da RedeTV. Questionada por Bolsonaro sobre a liberação das armas, a candidata da Rede deu uma resposta negativa. Em seguida, engatou sua opinião sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres. Durante a réplica, Bolsonaro disse que ela não sabia “o que é uma mulher que tem um filho jogado no mundo das drogas” e tentou voltar ao tema do armamento da população.

Foi o bastante para que Marina voltasse à carga. Ela lembrou que é mulher e mãe e deu uma bronca no adversário. “Você fica ensinando para o nosso jovem que tem que resolver as coisas na base do grito. [...] Você, um dia desses, pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como é que se faz para atirar.” A candidata da Rede finalizou sua tréplica citando uma passagem da Bíblia, uma maneira de se posicionar diante da comunidade evangélica, evocada por Bolsonaro na réplica.

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