O vice de Jair Bolsonaro (PSL), general da reserva Antonio Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta segunda-feira (6) que o Brasil herdou a “indolência” dos indígenas e a “malandragem” dos africanos. A declaração foi feita durante evento da Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul (RS).
“Temos uma herança cultural, uma herança que tem muita gente que gosta do privilégio (...) Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem (...) é oriunda do africano”, afirmou. “Então, esse é o nosso cadinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas.”
Não foi a primeira vez que Mourão fez essa afirmação. Em junho, numa palestra a mais de 150 pessoas na Associação Comercial do Paraná (ACP), em Curitiba, ele também atribuiu a indígenas e africanos uma suposta herança cultural de indolência e malandragem.
Procurado pela reportagem para comentar o conteúdo da declaração desta segunda, Mourão ressaltou que também falou do privilégio dos brancos. “Não tem nada demais, até porque sou descendente de indígenas. Não é acusação para nenhum grupo, isso não existe. Temos uma raça brasileira, a junção de tudo isso aí”, disse.
Leia também: Quem é o vice de Bolsonaro, o general Antônio Hamilton Mourão
Ele argumentou, ainda, que suas frases foram retiradas de contexto. “O que acontece é que as pessoas pinçam determinadas frases e querem retirar do contexto em que foram colocadas. Estava falando da herança cultural de forma genérica.”
A presidenciável Marina Silva (Rede) criticou a declaração de Mourão em suas redes sociais. “Extremismo e racismo são uma combinação perigosa. Não podemos tolerar racismo numa corrida presidencial”, escreveu.
Leia também: Com presidenciáveis definidos, já há um resultado a esperar nesta eleição
Esta não foi a primeira fala polêmica do general. Em fevereiro, ele afirmou que o coronel Carlos Brilhante Ustra é um herói por ter combatido o terrorismo. Ustra foi reconhecido pelo Poder Judiciário, em ação declaratória, como torturador.
Mourão também já disse que uma intervenção militar poderia ser adotada se o Poder Judiciário não solucionasse o problema político, em referência aos casos de corrupção.
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Leia o relatório completo da Câmara dos EUA que acusa Moraes de censurar direita no X
-
Revelações de Musk: as vozes caladas por Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
-
Mundo sabe que Brasil está “perto de uma ditadura”, diz Bolsonaro
Deixe sua opinião