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General da reserva Antônio Hamilton Mourão esteve em Curitiba, na quarta-feira (13), para palestra sobre os desafios de uma nação. | Maicon J. Gomes/Gazeta do Povo
General da reserva Antônio Hamilton Mourão esteve em Curitiba, na quarta-feira (13), para palestra sobre os desafios de uma nação.| Foto: Maicon J. Gomes/Gazeta do Povo

Nove meses depois de aventar a possibilidade de intervenção militar para resolver a crise política do país, o general da reserva Antônio Hamilton Mourão afirma que não se arrepende de suas declarações, que está disponível para compor um possível governo de Jair Bolsonaro, caso o pré-candidato do PSL seja eleito presidente da República, e que não disputará nenhum cargo nas eleições de outubro.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Mourão afirmou que está sentado no “banco de reservas aguardando o chamamento, se necessário” de Bolsonaro para um cargo executivo. “Não serei candidato a cargo eletivo. Caso exista a necessidade de uma composição com Bolsonaro, eu estarei a disposição para cargos do Executivo”, disse ele, antes de uma palestra para mais de 150 pessoas – a maioria militares –, em Curitiba, na quarta-feira (13).

Depois de uma série de declarações polêmicas em 2017, incluindo críticas ao presidente Michel Temer e menções a uma nova intervenção militar, Mourão acabou afastado do cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército. Logo depois, antecipou a sua aposentadoria da caserna e, em maio deste ano, se filiou ao PRTB, de Levy Fidelix.

Mourão afirma que, com a proximidade das eleições, “chegou o momento de nós (militares), por dentro, modificarmos a situação que o país está vivendo”. Ele reconhece que as Forças Armadas tiveram um papel discreto depois da Constituição de 1988 e afirma que a população, agora, tem buscado valores que estão intrínsecos aos militares. Esse valores seriam, segundo o general, ordem, progresso, justiça e honestidade.

Mais de 70 militares devem se candidatar nas eleições deste ano. Bolsonaro, capitão da reserva, disse à Gazeta do Povo, que deseja montar um ministério, se eleito, com, pelo menos, um terço de militares. O objetivo seria diminuir a corrupção.

Mourão avalia como positiva a ideia de aumentar o número de militares no governo, devido aos “valores da categoria”. “O meio que nós (militares) vivemos é um meio em que a gente presta um juramento no momento que ingressa na vida militar, onde ali está colocada a honestidade, a lealdade, o patriotismo e principalmente, o servir ao país.” Ele completou: “nós desejamos gestores comprometidos com a correção do gasto público e honestidade no emprego dos recursos públicos. Bolsonaro está buscando em alguns companheiros esses valores”.

O general da reserva também comentou a decisão do presidente Michel Temer de efetivar o general Joaquim da Silva e Luna no cargo de ministro da Defesa, anunciada na quarta-feira. “A pessoa para ser ministro da Defesa tem que ter conhecimento. No passado, tivemos ministros que tinham muito pouco conhecimento.”

Mourão, que em outros momentos já criticou a Justiça, afirmou que a instituição “está se esforçando para cumprir o seu papel”. Mas criticou o desempenho de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Com disputas internas muito graves, é aquela história: um prende, outro solta. Isso, no íntimo da população, não fica bem.”

Histórico de polêmicas

Em setembro do ano passado, o general Mourão, quando ainda era secretário de Economia e Finanças do Exército, defendeu a possibilidade de intervenção militar caso a crise enfrentada pelo Brasil não fosse resolvida pelas próprias instituições. A afirmação foi feita em uma palestra na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, um dia após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar pela segunda vez o presidente Michel Temer por obstrução de Justiça e participação em organização criminosa.

“Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”, afirmou o general na época. Ele também disse, na mesma ocasião: “os poderes terão que buscar uma solução, se não conseguirem, chegará a hora em que teremos que impor uma solução e essa imposição não será fácil, ela trará problemas”.

Em dezembro, também durante uma palestra em Brasília, Mourão fez duras críticas a Michel Temer. Ele disse, na época, que o presidente governa o país aos trancos e barrancos e mediante um balcão de negócios. Depois disso, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, decidiu retirar Mourão do posto de secretário e passá-lo para o cargo de adido na Secretaria-Geral do Exército. Em fevereiro deste ano, Mourão antecipou seu pedido de aposentadoria e, após 49 anos na ativa, encerrou sua trajetória nas Forças Armadas, indo para a reserva.

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